O aumento do desemprego entre
os jovens está a levar a um crescimento
da procura de cursos da
área de Agronomia, adiantou o
Presidente do Conselho Coordenador
dos Institutos Superiores
Politécnicos (CCISP), que participou
no I Congresso Nacional
das Escolas Superiores Agrárias
(CNESA), que decorreu quarta
e quinta-feira em Bragança.
Joaquim Mourato admitiu que
durante uns anos “estes cursos
tiveram uma quebra na procura,
mas nos últimos dois anos estamos
a ter sinais de uma quebra e
um abrandamento em algumas
áreas das Ciências Agrárias”. A
retoma na procura dá um sinal
de esperança aos responsáveis
das Escolas Superiores Agrárias
que acreditam que “a agricultura
e a pecuária vão melhorar e
surgirão muitos projetos inovadores
que darão lugar a empresas
e permitirão criar emprego”,
destacou o presidente do CCISP.
“Onde há emprego obviamente
há procura e o ensino superior
vai beneficiar desse crescimento”,
realçou.
Oito Agrárias no debate
O I Congresso juntou em Bragança
oito escolas superiores
agrárias do país e mais de 200
investigadores, o que confirma
a importância crescente da agricultura
e a vitalidade das instituições
de ensino superior que
driblaram a crise. Nos anos 80 e
90 houve uma quebra acentuadíssima
no setor da agricultura
e consequentemente a procura
caiu.
Os cursos de Agronomia não
captam muitos alunos do Concurso
Nacional de Acesso, todavia
atraem o público adulto, “que
completam as vagas disponíveis”,
reconheceu o responsável
do CCISP, que defendeu que as
escolas superiores agrárias deviam
disponibilizar cursos de
doutoramento.
Sobrinho Teixeira, presidente do
Instituto Politécnico de Bragança
(IPB) notou que os dados disponibilizados
pelo Instituto do
Emprego e Formação Profissional
indicam que os jovens licenciados
nas área da Agronomia
têm das mais baixas taxas de
desemprego, na ordem dos 3%.
“A agricultura revelou-se nestes
anos de crise uma reserva estratégica
nacional e uma das áreas
que mais exportou”, destacou.
O presidente do IPB considera
que é preciso fazer uma mudança
de paradigma, porque
os jovens quando saem do 12º
ano “dificilmente escolhem a
área agrícola porque têm a ideia
dos agricultores com mais de
60 anos e é uma vida que não
querem”. Acabam por mudar de
opinião “quando frequentam os
cursos de especialização tecnológica
e os cursos superiores profissionais,
que os levam a mudar
as escolhas e voltam-se para a
área agícola”.
“É preciso inteligência
para desenvolver
a agricultura”
O anterior secretário de Estado
da Alimentação e da Investigação
Agro-alimentar, Nuno
Vieira e Brito, que participou
no congresso, considera que o
momento atual “é crucial” para
a agricultura transmontana “por
se estar na fase apoios comunitários”,
pelo que sugere a definição
de estratégias de desenvolvimento
em áreas fundamentais
como o azeite, a transformação
de produtos locais à base de raças
autóctones, os vinhos, castanha
e frutos secos.
“Estes setores têm cada vez mais
atração dos mercados internacionais
e maior procura, além de
que é preciso aproveitar a ideia
da alimentação saudável”, sublinhou
Nuno Vieira e Brito, que
defende que além de criar escala
é preciso apostar “na inovação e
na transformação”. O setor creceu
nos últimos anos. “Há fundos,
agora é preciso inteligência
para desenvolver a agricultura e
o setor agro-alimentar, criando
pequenas empresas, produzir
bem e comercializar melhor”,
referiu.
Nuno Vieira e Brito acredita que
a agricultura pode absorver jovens
qualificados que se forma
em cursos de Agronomia.
Publicado em 'Mensageiro'.