14 janeiro, 2011

Agricultores transmontanos, um exemplo de envelhecimento activo?

Conclusão é de um estudo de uma investigadora do Politécnico de Bragança
Os agricultores transmontanos são um exemplo de envelhecimento activo e há muito tempo aplicam a fórmula com que se pretende salvar as reformas das gerações futuras, segundo as conclusões de um estudo divulgado hoje, em Bragança.

A autora, Sílvia Nobre, uma investigadora do Instituto Politécnico de Bragança, estudou meia centena de casais de agricultores idosos da Terra Fria Transmontana e concluiu que «o seu modo de vida já está em consonância com aquilo que agora se está a dizer que toda a sociedade» tem de fazer.

«Aquilo que se está a pedir agora é que as pessoas trabalhem até mais tarde, que as pessoas tenham reduções nas reformas e complementem os rendimentos. No caso dos agricultores, não se prevêem reduções nas reformas, mas elas já são tão baixas que, no fundo, já se pode considerar que eles estão a operar com uma sustentação mínima do ponto de vista do Estado», afirmou.
Publicado em 'TVI24'.


Actividade dos idosos agricultores - Estudo revela casos de sucesso em Trás-os-Montes

Exibido em 'LocalvisãoTV'.

2 comentários:

  1. Idosos têm salvado Trás-os-Montes da desertificação
    É graças aos idosos que a região transmontana não está ainda mais desertificada. A ideia é defendida por uma investigadora do Instituto Politécnico de Bragança que estudou as dinâmicas das actividades dos idosos agricultores em Trás-os-Montes.

    Analisou idosos ainda activos na agricultura em Trás-os-Montes em duas fileiras: criadores de vacas mirandesas e a florestação de terras agrícolas.

    Sílvia Nobre, docente da Escola Superior Agrária de Bragança, fala das conclusões a que chegou.

    “Eles trabalhavam bastante. Estavam abertos à inovação, a novas técnicas, sobretudo se lhes facilitassem o trabalho. Gostavam de ter património agrícola preservado para deixar aos descendentes. E à medida que deixavam de pagar Segurança Social e passavam a receber reformas, deixavam produções mais trabalhosas como a das vacas e passavam a concentrar-se em produções mais permanentes, como os castanheiros”, explicou Sílvia Nobre.

    Por isso, entende que os idosos podem ser o motor do desenvolvimento da região, até na criação de emprego.

    “São quem está no território e é uma forma de o território não estar desertificado e constituem-se como oferta de emprego para a população activa, pois há uma necessidade de serviços que fará sentido implementar”, referiu.

    Ainda assim, admite que este desempenho dos idosos na manutenção da actividade agrícola só acontece muito por causa dos subsídios que recebem.

    “Estes casos de sucesso só são possíveis porque tem havido um apoio do Estado que tem permitido alguma ajuda aos idosos que vivem isolados no meio rural”.

    As conclusões deste estudo foram apresentadas ontem durante uma conferência organizada pelo Núcleo de Investigação e Intervenção no Idoso, da Escola Superior de Saúde de Bragança.
    fonte: Rádio Brigantia

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  2. Bragança é exemplo de envelhecimento activo
    Marcado por uma população rural e cada vez mais envelhecida e pelas reformas mais baixas do continente, o Nordeste marca passo como exemplo de sustentabilidade.
    Sílvia Nobre, docente e investigadora do IPB, divulgou ontem na escola de saúde do instituto politécnico um estudo que abrangeu cerca de 50 agregados familiares das zonas rurais da Terra Fria.

    Uma das conclusões vem contrariar a ideia, por vezes difundida, de que muitos casais idosos se mantêm na actividade agrícola unicamente por gosto. Sílvia Nobre refere que os rendimentos com pensões e reformas são muitas vezes baixos e que a exploração agro-pecuária representa uma fatia importante do rendimento familiar. “Aquela ideia de que os agricultores fazem agricultura para perder dinheiro é mesmo mentira. Agora, a partir do momento em que não podem [mais], não podem. Há limitações físicas e eles todos dizem que, a prazo, vão deixar as vacas – porque aquilo é uma canseira e eles podem cada vez menos. Mas não dizem, a não ser que fiquem doentes, que vão parar. Enquanto puderem vão continuar”.

    Para a investigadora é necessário repensar os apoios dados a estes idosos até porque, para além de na generalidade auferirem pensões muito abaixo da média do resto do país, ao manterem-se activos estão também a aliviar o Estado de muitos potenciais encargos. “Se pensarmos que os idosos em meio rural deixarem de estar activos e vierem todos para a fila de espera para entrar nos lares em Bragança e Vinhais quero ver onde é que há lugar para essa gente toda – se calhar não há. Em termos do que isso custa ao Estado, não sei se será preferível [manterem-se activos]. A discussão [não se prende] só com o apoio social aos idosos, mas também com aquilo que todos nós queremos [para o país] – se queremos ter um território abandonado e uma vasta área territorial sem ninguém. Aqui é que está a discussão, [mas] claro que é um péssimo momento porque com as crises orçamentais e as restrições a ideia é logo de que não há dinheiro para nada, mas cabe-nos a todos pensar nisso”.

    O estudo de Sílvia Nobre debruçou-se sobre a actividade de cerca de 50 casais com mais de 55 anos da Terra Fria transmontana.
    Para a investigadora, estes reformados e pensionistas fazem já, sem o perceber, o que é apontado como o futuro do Estado Social, com uma cada vez menor participação do Estado nos rendimentos das pessoas e um prolongar da vida activa até uma idade mais avançada.
    fonte: RBA

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