07 novembro, 2008

IPB “exporta” cada vez mais licenciados

IPB no top cem, a nível europeu, das instituições com maior índice de mobilidade.
Todos os anos, recém licenciados do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) ingressam no mercado de trabalho estrangeiro, com maior incidência em cidades espanholas. A saída para fora acontece devido a programas como Sócrates/Erasmus, Leonardo da Vinci e parcerias que a instituição mantém com universidades estrangeiras. “Temos muitos alunos em intercâmbio através do programa Erasmus, tendo o IPB ficado no top cem, no 98º lugar, a nível europeu, das instituições com maior índice de mobilidade. Promovemos também o programa Leonardo da Vinci, conseguindo muitas bolsas para estágios remunerados e temos vindo a celebrar diversos protocolos em empresas através das nossas universidades estrangeiras, ou seja, dado o bom relacionamento entre instituições europeias, estas acabaram por nos facilitar empresas que podem receber alunos do IPB”, explicou Sobrinho Teixeira, presidente da instituição. Para o dirigente, aproximar cada vez mais a instituição, bem como os alunos, da Europa é uma prioridade, pelo que a participação nos vários programas disponíveis é imprescindível, como, por exemplo, o Erasmus: “quando o aluno vai para o estrangeiro abriu horizontes. O aspecto mais importante do Erasmus nem é tanto a questão académica. É o ganho de competências que se conseguiu ao frequentar uma instituição diferente e a aquisição de um espírito aberto. E depois também conseguem arranjar contactos e ganham espírito de iniciativa própria que permitirá melhores condições de empregabilidade”. Devido à conjuntura económica do país, cada vez mais alunos procuram saídas profissionais fora, uma busca que os cerca de mil licenciados que o IPB forma por ano abraçam, sendo constantemente incentivados pela instituição. “É óbvio que a região de Bragança não tem condições de empregabilidade para todos os alunos. Gostaríamos que muitos deles ficassem aqui e promovessem o desenvolvimento da região, mas temos que apostar no mercado internacional quando queremos empregar os nossos alunos. E estes cada vez querem sair mais. A instituição tem uma visão global do mundo e incentiva os alunos a sair, pretendendo que estes venham a ter uma visão mais alargada”, acrescentou Sobrinho Teixeira. Quanto à disponibilidade dos alunos, segundo o presidente, “existe um bichinho qualquer dentro do instituto, talvez por ser uma instituição que tem que se afirmar numa situação difícil em termos de geografia e sociologia nacional. Os próprios transmontanos estão habituados a trabalhar o dobro dos outros para conseguirem metade e, em parte, conseguimos incutir esse espírito de vestir a camisola dos nossos alunos, que, mesmo quando partem, continuam a ter uma ligação afectiva ao instituto e região e acabam por levar outros alunos com eles”.
A título de exemplo, na empresa Glokal Consulting, pertencente a um grupo de consultoras tecnológicas sedeada em Espanha, e que conta com uma equipa de mais de 250 profissionais, cerca de 40 dos seus trabalhadores de Madrid são ex-alunos do IPB, nomeadamente da área de Engenharia Informática, o que, para o presidente, “é muito gratificante e representa um certificado de qualidade para o IPB”. “Em Barcelona, numa empresa da área da auditoria de Engenharia Mecânica, temos três ex-alunos. Temos um na Alemanha, na Schneider. Outro na Suíça, um de Engenharia Química na República Checa, sendo chefe de produção. Temos um aluno em Toulouse e dois na Irlanda, na Airtricity. Algumas alunas em Valência e em Salamanca, na Suécia, e três da área da Saúde em França. Da área da Educação temos uma aluna em Estugarda, alguns no Canadá, muitos de Enfermagem em Espanha...e em muitos outros países”, exemplificou.
Prioridade imediata do IPB, neste momento, é elaborar um banco de dados sobre os alunos que todos os anos saem para empresas europeias, um trabalho que se justifica, segundo Sobrinho Teixeira, devido a alterações da Lei do Financiamento do Ensino Superior. “Não só iremos ser financiados pela qualidade de ensino e número de alunos, mas estou convicto que iremos ser financiados pela empregabilidade dos nossos formandos. Por isso, é necessário um banco de dados actualizado sobre essa empregabilidade, numa atitude pró-activa que permita ter informações sobre novas exigências”, referiu.

Emprego lá fora à primeira tentativa
“O primeiro curriculum que enviei para o estrangeiro foi para o laboratório do Hospital Clínico Universitário de Valência e, dois dias depois, fiz a entrevista via internet, com uma câmera Web. No dia seguinte fiquei a saber que era a candidata com maior pontuação e, mais tarde, contactaram-me para me transmitir que a minha admissão seria a um de Julho deste ano”, contou Patrícia Rodrigues, licenciada em Engenharia Biotecnológica, a trabalhar no Serviço de Hematologia e Oncologia Médica no Hospital de Valência, Espanha. Da experiência laboral lá fora, Patrícia tem uma opinião muito positiva, referindo que foi muito bem recebida, aprendeu coisas novas e conseguiu introduzir também novas ideias no laboratório onde trabalha. Como maior crítica ao país natal aponta a falta de respostas quando se procura emprego: “dos curricula que enviei para Espanha obtive sempre resposta de todos, mas, como fiquei logo colocada, enviei respostas a agradecer o interesse e a referir que já tinha emprego. Em Portugal enviam-se curricula e quase nunca se é contactado, o que é desmotivador”. E Espanha ganha também pela organização de serviços, onde, segundo Patrícia, se é bem atendido e é fornecida toda a informação necessária. No que diz respeito ao IPB, a engenheira considera que a formação ministrada é de qualidade, “adequada para o início de uma carreira. Tivemos uma formação muito abrangente, tomamos conhecimento de muitas áreas e isso permite, no final do curso, que cada um siga a área que mais o atrai a nível profissional. Tive as bases para começar e agora o resto vai depender de mim”. E a experiência positiva que viveu ao longo dos cinco anos no IPB deixam saudades, em parte colmatadas pelos contactos que vai mantendo com colegas e professores. Regressar a Portugal ainda não está nos planos de Patrícia Rodrigues. “No futuro dependerá das opções que haja. Se não há perspectivas, nem oportunidades de trabalho, não vou sair de um país onde as há. Penso que todos gostaríamos de regressar ao país natal, mas antes há que medir os prós e os contras”, concluiu.

IPB encaminhou oferta de trabalho
Susana Teixeira tem 25 anos e é licenciada em Engenharia Informática. Integra o grupo de cerca de 40 licenciados do IPB que trabalham na Glokal Consulting de Madrid, Espanha. Foi através de um email enviado pelos serviços do IPB aos alunos que Susana conseguiu ingressar no mercado de trabalho espanhol, desempenhando, actualmente, a função de programadora JAVA. Até agora a experiência tem sido muito positiva. Considera que em Espanha os salários são mais apelativos, bem como os horários de trabalho, “pagamento de horas extra superior, ambiente menos formal, mais benefícios, como seguros, saúde, formação dentro da própria área, subsídios por filhos, melhores subsídios de alimentação, subida de posto mais rápida, mais facilidade em mudar de emprego, mais ofertas de emprego, menos requisitos para contratação. No entanto, em Portugal valorizam mais a formação”, explicou. Para Susana Teixeira a formação adquirida ao longo do curso no IPB é de “boa qualidade”, assim como o ensino que a instituição promove. Continua a manter contacto com alunos e professores e regressar a Portugal é um dos objectivos, ainda que por algum tempo adiado.

De aluna a orientadora de colegas
Investigadora na Universidade de Salamanca, Rita Rodrigues, de 29 anos, licenciada em Engenharia Biotecnológica, teve como passaporte de saída a oferta de uma bolsa de doutoramento europeia “Marie Curie”, tendo sido co-orientadora de estágio de duas alunas do seu curso que realizaram o programa Erasmus em Salamanca. Com feedback positivo do seu percurso lá fora, Rita considera que existe um fosso a separar Portugal e Espanha: “as diferenças são enormes em termos salariais e oportunidades de trabalho, nomeadamente no que respeita à investigação. Espanha é consideravelmente um país mais atractivo em termos de qualidade de vida, e existe outra mentalidade e forma de viver”. Da passagem pelo IPB, a investigadora realça a “qualidade dos professores”, com quem mantém algum contacto, e do ensino, sublinhando ter tido um “óptima formação”. Quanto a um possível regresso a Portugal, Rita Rodrigues confessa que talvez um dia, “pois é onde tenho toda a minha família”. “Mas, por agora, não quero voltar a Portugal, pois estou bem em Espanha. Neste momento tenho marido e filho em Salamanca e nenhum elemento da família pretende sair daqui, sendo o meu filho espanhol” , concluiu.

Novos projectos de intercâmbio
O Brasil será a próxima aposta do IPB. “Iniciámos um programa de intercâmbio com universidades do Brasil, como Ceará, Alagoas, Baía, Florianopolis, São Paulo, e muitas outras. Este ano contamos receber 30 alunos brasileiros e enviar outros tantos para o Brasil”, adiantou Sobrinho Teixeira. Para além da possibilidade de intercâmbio, a ser iniciada em Março do próximo ano, a instituição perspectiva ainda que alunos brasileiros ingressem no IPB transferidos das suas universidades para frequentarem em Bragança licenciaturas. Outra proposta que será apresentada contemplará alunos do IPB interessados em frequentar doutoramentos em universidades brasileiras. O IPB tem estado ainda a apoiar projectos de criação de universidades em Angola e São Tomé e Príncipe, realizando protocolos que prevêem, para além do intercâmbio de alunos, que professores da instituição se desloquem a essas universidades por determinados períodos de tempo, com o objectivo de leccionar alguns conteúdos e fornecer formação aos docentes que integrarão o quadro de docência dessas instituições. A presença de alunos africanos no IPB tem sido regular, como acrescentou o presidente: “temos recebido muitos alunos africanos. De Cabo Verde já ultrapassa a centena, de Angola temos muitos a frequentar cursos de especialização tecnológica e, este ano, temos mais oito, de Moçambique”.

Publicado no jornal 'Mensageiro Notícias'.

2 comentários:

  1. Para ajuda na criacao do banco de dados sobre alunos neste momento em empresas europeias, podem contabilizar dois ex-alunos de Engenharia Informatica - Leonardo Maia e Miguel Policarpo - neste momento a trabalhar na Altran Technologies Netherlands, em Hoofddorp, Holanda.

    Cumprimentos,
    Leonardo Maia

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  2. Maia, obrigado pela informação!
    Será reencaminhada para o GIAPE - Gabinete de Imagem e Apoio ao Estudante.
    Se desejar, contacte o Gabinete para nos deixar o seu contacto actual.

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