13 dezembro, 2009

Pólos de ensino superior de Bragança e Zamora apostam na cooperação nas áreas agro-alimentar e energias renováveis

As instituições de ensino superior instaladas no interior do país são centros dinamizadores das regiões e pólos de atracão para muitos alunos de outras regiões do litoral fazerem formação. Desta situação é exemplo o Instituto Politécnico de Bragança. Mas o Politécnico de Bragança está também empenhado em áreas de investigação e de cooperação com universidades e escolas superiores da região, do outro lado de Espanha. Neste caso o trabalho de cooperação com a Escola Politécnica Superior de Zamora é assumido como natural, onde há vários projectos em desenvolvimento.

O Instituto Politécnico de Bragança é uma das instituições de ensino superior que no interior do país tem vindo contribuir para a qualificação dos recursos humanos locais e é cada vez mais um pólo de atracão de alunos.

Para Luís Manuel Santos Pais, Vice-presidente do Instituto Politécnico de Bragança, o aumento do número de alunos deve-se a vários factores.

«O instituto tem aumentado sempre a cada ano o número de alunos e também porque dispersou um pouco a oferta formativa, em resultado do próprio Processo de Bolonha e da legislação recente a nível nacional, nomeadamente, com a criação e o número de alunos nos cursos de especialização tecnológica e em particular também com a oferta de cursos de mestrado que foi possibilitada aos Institutos Politécnicos a partir do novo Decreto-Lei», afirma Luís Manuel Santos Pais, Vice-Presidente do Inst. Politécnico de Bragança.

O Instituto de ensino superior tem actualmente mais de 6700 alunos, na maioria oriundos de fora da região de Trás-os-Montes.

Um número que é significativo e é consequência de uma estratégia de divulgação.

«A melhor forma de captar alunos é através dos antigos alunos e, tem sido, digamos essa mensagem de qualidade, que temos conseguido passar para os alunos que cursam no Instituto Politécnico de Bragança que nos trazem mais alunos. Só para ter uma ideia, os alunos da cidade de Bragança a viver em Bragança e a estudar no Instituto Politécnico não chegam a 5%. A percentagem de alunos do distrito de Bragança que frequentam o Instituto Politécnico de Bragança, em todos os alunos, é cerca de 25%. Em toda a região de Trás-os-Montes não chega a 50% e, portanto, mais de 50% dos nossos alunos vêm de regiões de Litoral, obviamente por questões demográficas», explica Luís Manuel Santos Pais, Vice-Presidente do Inst. Politécnico de Bragança.

Alunos que ocupam as diversas escolas que fazem parte do Politécnico, em cursos que são apostas fortes de uma politica de formação.

«Neste momento o Instituto tem 5 Escolas, as 2 mais antigas é a Escola Superior Agrária e a Escola Superior de Educação. Portanto, temos todos os cursos da área das Ciências Agrárias. Mas, não só limitado às Ciências Agrárias, mas outros cursos na área da Segurança Alimentar, da Biotecnologia do Ambiente, tudo isso na área da Escola Superior Agrária.
A Escola Superior de Educação, obviamente, é uma escola forte, na área da formação de professores, bastante apostada na área de ensino básico.
Para além de oferecer outros cursos na área do Desporto, da Educação Social, nessas áreas.
Depois, a Escola de Tecnologia de Bragança, aposta obviamente nas áreas das tecnologias e das engenharias. Na área da Informática e na área da Economia e Gestão. Temos todas essas áreas.
A Escola de Mirandela, que surgiu no inicio como um pólo desta escola, da Escola de Tecnologia, enveredou obviamente, por uma diferenciação da escola inicial, e, está a apostar num projecto que nós esperamos bastantes resultados no futuro. Na área do Design e também na área do Turismo, para além, de uma outra área, que continuou, que foi a área da Administração.
Finalmente, temos a Escola de Saúde, que era já uma escola antiga, era uma escola antiga de enfermagem, que desde 2001 foi incluída no Instituto Politécnico de Bragança e que em 2003 se transformou em Escola de Saúde. E, portanto, antes oferecia apenas o curso de enfermagem e hoje em dia oferece cursos na área das Tecnologias da Saúde, nomeadamente em Farmácia, em Dietéticas, Ontologia, portanto nessas áreas», refere Luís Manuel Santos Pais, Vice-Presidente do Inst. Politécnico de Bragança.

Para além do ensino, a investigação científica é fundamental numa instituição de ensino superior, que conta já com um corpo docente de mais 120 Doutorados.

«Temos vários núcleos de investigação científica. Neste momento temos o que não é comum no Ensino Superior Politécnico. Propriamente temos 2 unidades de investigação reconhecidas e financiadas pela própria FCT.
Temos, um grupo maior na Escola Superior Agrária, que é o CIMO – Centro de Investigação de Montanha, com cerca de quarenta e tal, cinquenta investigadores doutorados, todos eles, docentes da Escola Superior Agrária. E, depois, temos um grupo mais pequeno, que é um pólo de um laboratório associado, que é o laboratório de Processo e Reacção na área da Engenharia Química. Depois temos obviamente outros investigadores, docentes doutorados que estão incluídos em outras áreas de investigação espalhadas pelas outras universidades do país», adianta Luís Manuel Santos Pais, Vice-Presidente do Inst. Politécnico de Bragança.

As energias renováveis são uma destas áreas, para as quais o Politécnico possui recursos multidisciplinares e qualificados. Mas há uma outra área que pretende explorar proximamente.

«Uma outra área que gostávamos muito de desenvolver e vamos apostar no futuro é a área da gerontologia, ligado a todos os aspectos não só de saúde mas também de lazer e de turismo», afirma Luís Manuel Santos Pais, Vice-Presidente do Inst. Politécnico de Bragança.

Mas, o responsável do Instituto Politécnico coloca algumas condicionantes às actividades de investigação prioritárias.

«Em termos de linhas prioritárias de investigação, se queremos defini-las, a nossa ideia é de que tem que haver uma justificação regional para além de uma justificação em termos da capacidade da instituição. Não vale a pena estarmos a fazer uma linha de investigação onde seremos bons cientificamente mas, por outro lado, falha-nos o enquadramento regional», explica Luís Manuel Santos Pais, Vice-Presidente do Inst. Politécnico de Bragança.

Com o objectivo deste enquadramento, nasce a ideia de criar na região um Parque Tecnológico dedicado às ciências agro-alimentares, envolvendo vários parceiros locais.

«Estamos a falar da Câmara Municipal de Bragança e de Vila Real e do Instituto Politécnico de Bragança e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Estes quatro parceiros agruparam-se para propor a criação de um Centro Tecnológico que terá duas principais valências: uma, na área agro-alimentar e uma outra nas energias renováveis», refere Luís Manuel Santos Pais, Vice-Presidente do Inst. Politécnico de Bragança.

Áreas de potencial colaboração transfronteiriça dado que a ideia de um centro agro-alimentar na região Bragança – Zamora é justificável, como releva Margarita Morán Martin, Directora da Escola Politécnica Superior de Zamora.

«Eu creio que esta zona, especialmente agrícola e ganadeira, penso que o seu futuro pode estar ligado à possibilidade de criar centros capazes de dar formação e investigação no sector agro-alimentar e eu creio que a Escola Politécnica poderia impulsionar esse tipo de centro para esta zona e a isso que nos vamos dedicar nos próximos anos», adianta Margarita Morán Martin, Directora da Escola Politécnica Superior de Zamora.

Um centro de investigação agro-alimentar pode ser catalisador para a fixação de especialistas e, desta forma, dinamizar as capacidades da região.

Esta parece ser a convicção da responsável de Zamora.

«Mas depois temos a sensação de não estar a chegar adequadamente aos possíveis alunos que podem estar interessados nisso, que poderia ser parte do futuro da nossa região e se queremos fixar população nesta região temos que ir para coisas que nesta região sejam pioneiras ou importantes», afirma Margarita Morán Martin, Directora da Escola Politécnica Superior de Zamora.

As energias renováveis e a eficiência energética têm também, envolvido a cooperação entre as instituições de ensino de Bragança e Zamora.

«Foi um projecto que contou a três, contou com a colaboração de docentes e alunos do Instituto Politécnico de Bragança, da Escola Politécnica de Zamora e, nesse caso, da Universidade de Auffenberg, na Alemanha, e, o tema foi as energias renováveis. Também nessa área, em seguimento, nós neste momento temos já a funcionar um mestrado em energias renováveis e eficiência energética e teremos a colaboração pontual em termos de seminários de docentes da Politécnica de Zamora e de outras instituições», explica Luís Manuel Santos Pais, Vice-Presidente do Inst. Politécnico de Bragança.

Do lado de Zamora, a formação em energias renováveis está em permanente avaliação.

«Estamos a fazer todos os possíveis para ver como este curso próprio da Universidade de Salamanca e que se ensina aqui na Politécnica de Zamora, se pode converter num curso de pós-graduação, oficial, com reconhecimento em todo o território espanhol e que possa dar lugar a investigação no âmbito das energias renováveis e da eficiência energética, que estão ligados a alguns cursos que nós partilhamos com o Politécnico de Bragança», refere Margarita Morán Martin, Directora da Escola Politécnica Superior de Zamora.

Para Zamora um centro em energias renováveis é um objectivo, mas até agora está ainda dependente da vontade politica do Governo.

«A possibilidade de criar um Centro Tecnológico de Energias Renováveis é algo a estabelecer, é uma coisa de que andamos atrás, mas que até agora não conseguimos agarrar», explica Margarita Morán Martin, Directora da Escola Politécnica Superior de Zamora.

No caso de Bragança, o centro tecnológico agro-alimentar já deu o primeiro passo com a apresentação de candidatura.

«Em termos de oportunidade agora de criação, há uma candidatura daquelas quatro entidades, das duas câmaras e das duas Instituições de ensino superior de Trás-os-Montes para a criação de um Centro Tecnológico nessa área», refere Manuel Santos Pais, Vice-Presidente do Inst. Politécnico de Bragança.

A colaboração de Bragança com instituições espanholas é quase natural.

«Obviamente por proximidade geográfica nós costumamos dizer que existe aqui um losango de influências de Ensino Superior nesta região, cujos vértices são Bragança digamos a Oeste. Temos Leon a Norte, temos Valladolid a Leste. Temos Salamanca a Sul. No meio está a Escola Politécnica de Zamora que pertence também à Universidade Salamanca. Portanto, há aqui, um losango de influência e os projectos de colaboração com todas estas instituições tem sido bastante fortes ao longo destes anos», adianta Manuel Santos Pais, Vice-Presidente do Inst. Politécnico de Bragança.

A região transfronteiriça de Bragança-Zamora caracteriza-se por um baixo índice de tecido industrial, sendo por isso um local de baixa fixação de diplomados com formação superior.

Uma situação que leva as escolas a agir, para auxiliar os alunos na procura de locais de trabalho.

«Temos visto, pela transferência do conhecimento, que temos boa formação e, portanto, temos que levar isto para a frente. Como vamos fazê-lo? Vamos contactar com Universidades europeias, também com a zona de Espanha onde há mais tecido industrial, com Valladolid, com Toulouse, com Universidades da Polónia, Lituânia e da Eslovénia e com elas vamos fazer uma base de dados dos nossos licenciados, uma formação, uma plataforma virtual de cursos onde estão disponíveis os currículos que existem para que possam contratar nessas zonas os nossos licenciados», afirma José Peres Iglesias, Prof. da Escola Politécnica Superior de Zamora.

Na mesma linha vai o Politécnico de Bragança, ao pretenderem criar uma rede europeia para o emprego.

«O que nós decidimos, foi fazer, constituir uma rede, ir procurar outros parceiros da Europa, com os quais já temos algumas parcerias, alguns relacionamentos no passado, que possam aportar valor a este projecto, nomeadamente universidades que estejam instaladas em regiões industrializadas.
Nós procuramos no caso Toulouse, toda a gente sabe que Toulouse é uma região muito industrializada, por causa da indústria da Aeronáutica.
Catovit, na Polónia, também é uma região bastante industrializada. Vamos procurar parceiros, que, estejam nessas regiões e que queiram aderir a essa rede.
Então qual é o objectivo da rede. É pegar na nossa plataforma de emprego e replicar nessas regiões. E ao estarmos a fazer isso, no fundo estamos a criar as bases para o mercado europeu de emprego qualificado.
Esse é um dos objectivos, o outro tem a ver com a questão do empreendedorismo», explica José Adriano, Pró-presidente do Inst. Politécnico de Bragança e adianta «Para dinamizar e apoiar os alunos naquilo que eu chamo um pouco a prestação do serviço incubador e o serviço incubador, não é somente dar um espaço com equipamento, o telefone e acesso à internet, é também dar serviços de consultadoria».

E há já alguma experiência com empresas que nascendo no Politécnico de Bragança, estão a afirmar-se no mercado.

«Temos uma empresa na área da gestão de recursos florestais, apoio à gestão de recursos florestais, na área da Escola Agrária. Temos outra empresa na área da eficiência energética. Temos outra empresa na área dos serviços da internet e temos agora outra empresa na área da prestação de serviços a idosos - geontodologia», refere José Adriano, Pró-presidente do Inst. Politécnico de Bragança.

Quer o Politécnico de Bragança como a Escola Superior de Zamora possuem vários desafios pela frente e se alguns parecem estar vencidos como sejam a qualidade da formação e a adaptabilidade a novas exigências do saber, o contributo para dinamização do desenvolvimento económico da região, a partir destes pólos de ensino, ainda parece ter muitos passos a dar.

Uma maior cooperação entre as instituições poderá ser também criadora de sinergias, para o surgimento de parques industriais baseados em novas tecnologias.
Publicado em 'TV Ciência'.

Sem comentários:

Enviar um comentário