DGAV já fez 30 largadas mas serão precisas muitas mais
A chegada em força da vespa da galha do castanheiro ao Nordeste Transmontano será inevitável e ainda ninguém sabe quem terá de custear a compra do parasitóide que é a única arma eficaz para combater esta praga.
Numas jornadas sobre frutos secos, que decorreram na última sexta-feira no Instituto Politécnico de Bragança, foi traçado o retrato da situação atual, com uma rápida expansão das áreas infetadas, havendo já notícia da infeção de alguns castanheiros mais antigos.
Entretanto, a Direção Regional de Agricultura do Norte, a Direção Geral de Veterinária, em conjugação com a Ref Cast, IPB e UTAD, procederam já a 30 largadas de parasitóides, uma outra vespa, desenvolvida em laboratório, que se alimenta da praga que afeta a galha do castanheiro, como medida para tentar conter o avanço e perceber de que forma será possível fazer o combate nas próximas campanhas. Mas ainda ninguém sabe quem vai custear as futuras largadas. “Temos um plano de ação de controlo, acionado no ano passado assim que tivemos o primeiro foco. As largadas têm de ser feitas de forma muito coordenada. Não vale a pena fazer largadas quando as vespas já estão desenvolvidas e já saíram das galhas. É preciso fazer um acompanhamento com cuidado do desenvolvimento da biologia da vespa, para haver uma sincronia perfeita entre a largada e o ciclo biológico da vespa”, explicou Paula Carvalho, da Direção Geral de Veterinária. “Há ali um ponto crítico que é onde o parasitóide tem eficácia. É importante que esse trabalho continue a ser coordenado pelos serviços de agricultura, com os apoios dos agricultores, como é óbvio, mas tem de haver um plano, uma monitorização cuidada, uma planificação dessas largadas, porque há regras para se fazerem e se poder acompanhar o efeito da própria largada”, frisou, admitindo que ainda não foi avaliado o pagamento.
“Ainda não avaliámos isso. As largadas que foram feitas sob controlo foram custeadas pela DGAV, com participação do IPB. Dividimos os custos das largadas. É algo que teremos que avaliar na próxima campanha”, disse.
Diretor Regional aponta dedo aos produtores
Apesar de ter sido responsável pela queda de produção de 60 a 80 por cento em países como Itália, as autoridades portuguesas estão mais otimistas, mesmo considerando que será inevitável que a produção seja afetada. “Já estamos agora mais preparados para lidar com a vespa do que estava a Itália ou a França”, frisou Manuel Cardoso, Diretor Regional de Agricultura do Norte, que não tem dúvidas sobre o factor decisivo para a rápida disseminação da vespa este ano.
“Foi a incúria dos produtores, que andaram a plantar por todo o norte plantas infetadas”, sublinhou Manuel Cardoso. “Se tissesse havido responsabilidades cívicas pelos viveiristas e produtores, não tinha acontecido assim”, frisou.
Por outro lado, Paula Carvalho admite que pouco haveria a fazer para impedir a entrada das plantas infetadas sem a colaboração dos produtores, pois as fronteiras “são abertas”.
“Apesar de termos vindo a alertar desde sempre para a necessidade de compra de material controlado, devidamente etiquetado, com controlo fitossanitário, é muito difícil fazer esse controlo na prática porque é muito fácil a deslocação desse material e de pessoas. Muitas vezes até os preços são convidativos. A circulação de plantas a nível europeu é livre. Há regras comunitárias para a produção de plantas. Se vierem com a documentação obrigatória, não podemos fazer qualquer entrave à movimentação”, disse.
Mas não são só más notícias para os produtores de frutos secos. Manuel Cardoso considera que há muitas oportunidades, sobretudo em áreas de amendoal e nogueira. “Nos próximos 50 anos, vai ser preciso aumentar muito a capacidade de produção de alimentos para fazer face ao aumento da população”, destacou. No entanto, o Diretor Regional alerta para a necessidade de haver mais investimentos na região sobretudo na transformação, “para que não continuemos a dar tiros nos pés e a ver a riqueza sair quase toda da região”.
Mas adverte que é preciso criar sustentabilidade. “Uma coisa é um bom negócio num dado momento e outra é ser um negócio sustentável durante 20 ou 30 anos”, frisou. Já o presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, destacou a atividade do IPB nesta matéria.
DGAV autorizou tratamento ao cancro
Entretanto, foi anunciado que a DGAV autorizou a utilização de um tratamento hipovirulento para tratar o cancro dos castanheiros na região.
Publicado em 'Mensageiro'.
A chegada em força da vespa da galha do castanheiro ao Nordeste Transmontano será inevitável e ainda ninguém sabe quem terá de custear a compra do parasitóide que é a única arma eficaz para combater esta praga.
Numas jornadas sobre frutos secos, que decorreram na última sexta-feira no Instituto Politécnico de Bragança, foi traçado o retrato da situação atual, com uma rápida expansão das áreas infetadas, havendo já notícia da infeção de alguns castanheiros mais antigos.
Entretanto, a Direção Regional de Agricultura do Norte, a Direção Geral de Veterinária, em conjugação com a Ref Cast, IPB e UTAD, procederam já a 30 largadas de parasitóides, uma outra vespa, desenvolvida em laboratório, que se alimenta da praga que afeta a galha do castanheiro, como medida para tentar conter o avanço e perceber de que forma será possível fazer o combate nas próximas campanhas. Mas ainda ninguém sabe quem vai custear as futuras largadas. “Temos um plano de ação de controlo, acionado no ano passado assim que tivemos o primeiro foco. As largadas têm de ser feitas de forma muito coordenada. Não vale a pena fazer largadas quando as vespas já estão desenvolvidas e já saíram das galhas. É preciso fazer um acompanhamento com cuidado do desenvolvimento da biologia da vespa, para haver uma sincronia perfeita entre a largada e o ciclo biológico da vespa”, explicou Paula Carvalho, da Direção Geral de Veterinária. “Há ali um ponto crítico que é onde o parasitóide tem eficácia. É importante que esse trabalho continue a ser coordenado pelos serviços de agricultura, com os apoios dos agricultores, como é óbvio, mas tem de haver um plano, uma monitorização cuidada, uma planificação dessas largadas, porque há regras para se fazerem e se poder acompanhar o efeito da própria largada”, frisou, admitindo que ainda não foi avaliado o pagamento.
“Ainda não avaliámos isso. As largadas que foram feitas sob controlo foram custeadas pela DGAV, com participação do IPB. Dividimos os custos das largadas. É algo que teremos que avaliar na próxima campanha”, disse.
Diretor Regional aponta dedo aos produtores
Apesar de ter sido responsável pela queda de produção de 60 a 80 por cento em países como Itália, as autoridades portuguesas estão mais otimistas, mesmo considerando que será inevitável que a produção seja afetada. “Já estamos agora mais preparados para lidar com a vespa do que estava a Itália ou a França”, frisou Manuel Cardoso, Diretor Regional de Agricultura do Norte, que não tem dúvidas sobre o factor decisivo para a rápida disseminação da vespa este ano.
“Foi a incúria dos produtores, que andaram a plantar por todo o norte plantas infetadas”, sublinhou Manuel Cardoso. “Se tissesse havido responsabilidades cívicas pelos viveiristas e produtores, não tinha acontecido assim”, frisou.
Por outro lado, Paula Carvalho admite que pouco haveria a fazer para impedir a entrada das plantas infetadas sem a colaboração dos produtores, pois as fronteiras “são abertas”.
“Apesar de termos vindo a alertar desde sempre para a necessidade de compra de material controlado, devidamente etiquetado, com controlo fitossanitário, é muito difícil fazer esse controlo na prática porque é muito fácil a deslocação desse material e de pessoas. Muitas vezes até os preços são convidativos. A circulação de plantas a nível europeu é livre. Há regras comunitárias para a produção de plantas. Se vierem com a documentação obrigatória, não podemos fazer qualquer entrave à movimentação”, disse.
Mas não são só más notícias para os produtores de frutos secos. Manuel Cardoso considera que há muitas oportunidades, sobretudo em áreas de amendoal e nogueira. “Nos próximos 50 anos, vai ser preciso aumentar muito a capacidade de produção de alimentos para fazer face ao aumento da população”, destacou. No entanto, o Diretor Regional alerta para a necessidade de haver mais investimentos na região sobretudo na transformação, “para que não continuemos a dar tiros nos pés e a ver a riqueza sair quase toda da região”.
Mas adverte que é preciso criar sustentabilidade. “Uma coisa é um bom negócio num dado momento e outra é ser um negócio sustentável durante 20 ou 30 anos”, frisou. Já o presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, destacou a atividade do IPB nesta matéria.
DGAV autorizou tratamento ao cancro
Entretanto, foi anunciado que a DGAV autorizou a utilização de um tratamento hipovirulento para tratar o cancro dos castanheiros na região.
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