03 fevereiro, 2014

Associação Académica de Bragança contra o fim das praxes


O presidente da Associação Académica do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) é contra o fim das praxes e defende a sua manutenção. Ricardo Pinto disse ao Mensageiro que em Bragança “nunca houve problemas, pois as praxes são acolhedoras e integradoras, destinando-se a receber bem os estudantes”.
Na sequência dos acontecimentos na praia do Meco, no distrito de Setúbal, onde seis jovens morreram afogados por terem sido arrastados por uma onda, alegadamente durante uma praxe académica, suscitou-se uma discussão em torno desta tradição, com as vozes discordantes a subir de tom. Todavia, Ricardo Pinto garante que no IPB não tem existindo problemas, nem reclamações de abusos. “O que demonstra que as escolas que integram o instituto seguem os códigos de praxes e os regulamentos. Os códigos existem em todo o país, agora se são cumpridos ou não, isso é outra coisa”, sublinhou.
Nos últimos anos, em Bragança, os estudantes têm promovido diversas iniciativas solidárias no âmbito das praxes, nomeadamente a recolha de bens alimentares para dar a instituições de solidariedade social. A Escola Superior Agrária desenvolve a praxe solidária há vários anos, mas a própria Associação Académica também promove esse tipo de iniciativa, nomeadamente recolha de alimentos e o desfile de Pais-Natal. “Este ano letivo, inclusivamente, no primeiro dia de aulas oferecemos o almoço aos alunos caloiros e seus acompanhantes. Fazemos questão de receber bem os alunos”, referiu Ricardo Pinto.
No distrito o caso mais mediático relacionado com os abusos nas praxes aconteceu no Instituto Jean Piaget, em Macedo de Cavaleiros, onde, em 2002, Ana Damião, uma caloira natural de Chaves, reclamou dos comportamentos abusivos dos colegas e denunciou por escrito a situação a Mariano Gago, ministro da Ciência e do Ensino Superior à época.
A jovem avançou com uma queixa-crime para tribunal. Em 2008 a instituição de ensino foi condenada a pagar 38 mil euros à aluna pelo Tribunal da Relação do Porto, no processo em que a jovem exigia o reconhecimento de responsabilidade por parte da escola. Mas o Tribunal de Macedo de Cavaleiros decidiu a favor do Instituto Piaget no processo em que a aluna pedia uma indemnização de 65 mil euros.
Sobrinho Teixeira, presidente do IPB, garante que a instituição tem feito “um grande esforço” para que não existam excessos. “As praxes têm algo que é bom: o facto de integrarem os jovens. No IPB isso é importante, pois 60% de jovens são de fora do distrito e 92% são de fora da cidade. Para os mais de 6 mil alunos deslocados das famílias, a integração, uma relação de amizade e de afeto é importante”.
Ainda assim, admite que “há situações de extremos, situações que têm de ser evitadas, punidas e regulamentadas”. Mas defende que as regras se criem com “bom senso”. “O bom senso é ter coragem para fazer duas coisas, nomeadamente conter as praxes, dentro do que é o efeito positivo das praxes, que é a integração, e não cairmos num extremismo de julgar que tudo isso é uma situação mal feita e que portanto deve ser abolida”, acrescentou

Publicado em 'MDB'.

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