As ervas e plantas que outrora trataram e alimentaram as isoladas gentes transmontanas têm potencial para se transformarem num remédio para a crise dos dias de hoje, defenderam, em Bragança, estudiosos e empresários.
No Nordeste Transmontano, existem centenas de espécies, muitas ainda rotuladas com o preconceito da mezinha, mas que podem sustentar projetos de autossuficiência familiar ou mesmo empresariais.
A ideia foi defendida num seminário, na Escola Superior Agrária de Bragança, parceira da Frauga, a Associação para o Desenvolvimento de Picote, no projeto "Cultibos, Yerbas i Saberes" (Cultivos, Ervas e Saberes), que nos últimos dois anos inventariou mais de 300 espécies, apenas no Planalto Mirandês.
O projeto tem como propósito recuperar e preservar este património natural e cultural, mas também mostra e incentivar as pessoas a criarem negócios nesta área, como disse à Lusa Jorge Lourenço, presidente da associação que vai tomar a iniciativa.
A Frauga prepara-se para abrir uma loja de produtos regionais para mostrar o potencial e riqueza desta região nesta área, um espaço que ficará integrado no Centro de Interpretação Ambiental e EcoMuseu Terra Mater, que mostra a diversidade natural das Terras de Miranda.
Entre hortas, cortinhas, bosques e no contacto com as populações, Margarida Telo Ramos, uma das responsáveis pela recolha e inventário das ervas, descobriu também "ensinamentos daqueles que viviam da agricultura e isolados e que podem "ser úteis num contexto como o de hoje em que há dificuldades económicas".
"Utilizavam alternativas que hoje em dia não permitem alimentar o mundo, mas podem sustentar pequenas zonas rurais e dar algumas oportunidades para inovar e fazer coisas diferentes", considerou, defendendo que este património "pode dar alguns projetos empresariais" e até "produtos com denominação de origem".
Da mesma opinião partilha o empresário Joaquim Morgado, da Ervital, uma empresa da zona Centro do país, que há 15 anos comercializa plantas aromáticas e medicinais, aproveitando e valorizando o potencial da Serra do Montemuro.
A empresa começou por identificar plantas que tradicionalmente tinham usos populares, como infusões ou mezinha e condimentos, e, neste momento, cultiva "uma panóplia imensa de produtos".
Segundo contou à Lusa, cultivam cerca de 200 espécies, 60 das quais são transformadas e comercializadas, essencialmente nas lojas de produtos biológicos do mercado nacional, mas também exportadas para países como Japão, Dinamarca, França e Alemanha.
O empresário garantiu que este negócio não se ressente com a crise, pois "há uma certa compensação porque as pessoas estão cada vez mais disponíveis para outro tipo de produtos e reconhecem neste tipo de produtos algumas vantagens".
As sementes de algumas das espécies recolhidas no Planalto Mirandês foram enviadas para o Banco Português de Germoplasma Vegetal, podendo parte das mesmas ser requisitada por agricultores locais que queiram dedicar-se à sua propagação.
Publicado em 'DN'.
No Nordeste Transmontano, existem centenas de espécies, muitas ainda rotuladas com o preconceito da mezinha, mas que podem sustentar projetos de autossuficiência familiar ou mesmo empresariais.
A ideia foi defendida num seminário, na Escola Superior Agrária de Bragança, parceira da Frauga, a Associação para o Desenvolvimento de Picote, no projeto "Cultibos, Yerbas i Saberes" (Cultivos, Ervas e Saberes), que nos últimos dois anos inventariou mais de 300 espécies, apenas no Planalto Mirandês.
O projeto tem como propósito recuperar e preservar este património natural e cultural, mas também mostra e incentivar as pessoas a criarem negócios nesta área, como disse à Lusa Jorge Lourenço, presidente da associação que vai tomar a iniciativa.
A Frauga prepara-se para abrir uma loja de produtos regionais para mostrar o potencial e riqueza desta região nesta área, um espaço que ficará integrado no Centro de Interpretação Ambiental e EcoMuseu Terra Mater, que mostra a diversidade natural das Terras de Miranda.
Entre hortas, cortinhas, bosques e no contacto com as populações, Margarida Telo Ramos, uma das responsáveis pela recolha e inventário das ervas, descobriu também "ensinamentos daqueles que viviam da agricultura e isolados e que podem "ser úteis num contexto como o de hoje em que há dificuldades económicas".
"Utilizavam alternativas que hoje em dia não permitem alimentar o mundo, mas podem sustentar pequenas zonas rurais e dar algumas oportunidades para inovar e fazer coisas diferentes", considerou, defendendo que este património "pode dar alguns projetos empresariais" e até "produtos com denominação de origem".
Da mesma opinião partilha o empresário Joaquim Morgado, da Ervital, uma empresa da zona Centro do país, que há 15 anos comercializa plantas aromáticas e medicinais, aproveitando e valorizando o potencial da Serra do Montemuro.
A empresa começou por identificar plantas que tradicionalmente tinham usos populares, como infusões ou mezinha e condimentos, e, neste momento, cultiva "uma panóplia imensa de produtos".
Segundo contou à Lusa, cultivam cerca de 200 espécies, 60 das quais são transformadas e comercializadas, essencialmente nas lojas de produtos biológicos do mercado nacional, mas também exportadas para países como Japão, Dinamarca, França e Alemanha.
O empresário garantiu que este negócio não se ressente com a crise, pois "há uma certa compensação porque as pessoas estão cada vez mais disponíveis para outro tipo de produtos e reconhecem neste tipo de produtos algumas vantagens".
As sementes de algumas das espécies recolhidas no Planalto Mirandês foram enviadas para o Banco Português de Germoplasma Vegetal, podendo parte das mesmas ser requisitada por agricultores locais que queiram dedicar-se à sua propagação.
Publicado em 'DN'.
Seminário explora Etnobotânica de Miranda do Douro
ResponderEliminarApresentar à população os resultados de dois anos de investigação na área da Etnobotânica da região de Miranda do Douro, foi o objectivo do Seminário de Etnobotânica e Recursos Vegetais, que decorreu hoje em Bragança. Esta iniciativa resulta da parceria entre a Frauga (Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote) e a Escola Superior Agrária. Na plateia estiveram 36 participantes, desde professores do ensino secundário, professores do ensino superior, estudantes, técnicos de vários organismos ligados à Natureza, proprietários de pequenas empresas, a antropólogos, e arqueólogos.O objectivo foi dar a conhecer o trabalho de dois anos para a conservação da biodiversidade da região mirandesa.Para o presidente da Frauga, Jorge Lourenço, este trabalho pretende incentivar o retomar do cultivo de algumas plantas medicinais e gastronómicas, que se foi perdendo ao longo do tempo.“Este seminário é o culminar de uma das acções que estava prevista no projecto aprovado pelo ON2, no âmbito do CREN, da gestão de espaços protegidos, e que tinha previsto na fase final do projecto, um seminário onde pudessem ser discutidas e abordadas as questões da Etnobotânica em toda a terra de Miranda. O objectivo é apresentar à comunidade os resultados que conseguimos recolher ao longo destes dois anos, e de alguma forma incentivar a população para alguns usos que se foram perdendo e retomá-los. Já o fizemos no âmbito do projecto com o cultivo do linho, do açafrão e também de alguns produtos que se foram perdendo ao longo dos anos”.Os participantes no seminário garantem que este tipo de iniciativas são sempre bem-vindas e permitem obter um maior conhecimento acerca do mundo vegetal.“Achei o tema bastante interessante e acho que é importante divulgar este tipo de conhecimento e este tipo de acções de sensibilização”. Carla Quaresma“O tema da Etnobotânica é um tema que me interessa particularmente para o meu trabalho, para a minha investigação, e acho que é um tema que devia interessar a todas as pessoas, porque diz respeito à vida quotidiana que as comunidades tinham. É um conhecimento que se está a perder e que pode vir a servir no futuro. Se não forem estas iniciativas para guardar esse saber, qualquer dia vamos precisar desses conhecimentos e não os temos”. João Tereso
O projecto que irá culminar na edição de um catálogo de espécies de Etnobotânica da terra de Miranda, e num livro de receitas de usos gastronómicos e medicinais, vai prolongar-se até 2013, através do apoio do fundo EDP para a biodiversidade.
em Rádio Brigantia
Ambiente: Antigas mezinhas podem virar um remédio para a crise
ResponderEliminarBragança, 08 jun (Lusa) -- As ervas e plantas que outrora trataram e alimentaram as isoladas gentes transmontanas têm potencial para se transformarem num remédio para a crise dos dias de hoje, defenderam, em Bragança, estudiosos e empresários.
No Nordeste Transmontano, existem centenas de espécies, muitas ainda rotuladas com o preconceito da mezinha, mas que podem sustentar projetos de autossuficiência familiar ou mesmo empresariais.
A ideia foi defendida num seminário, na Escola Superior Agrária de Bragança, parceira da Frauga, a Associação para o Desenvolvimento de Picote, no projeto "Cultibos, Yerbas i Saberes" (Cultivos, Ervas e Saberes), que nos últimos dois anos inventariou mais de 300 espécies, apenas no Planalto Mirandês.
Ler mais: http://visao.sapo.pt/ambiente-antigas-mezinhas-podem-virar-um-remedio-para-a-crise=f669120#ixzz1xTlhCtry
«Cultibos, Yerbas i Saberes»
ResponderEliminarAntigas mezinhas podem ser um remédio para a crise
As ervas e plantas que outrora trataram e alimentaram as isoladas gentes transmontanas têm potencial para se transformarem num remédio para a crise dos dias de hoje, defenderam, em Bragança, estudiosos e empresários.
No Nordeste Transmontano, existem centenas de espécies, muitas ainda rotuladas com o preconceito da mezinha, mas que podem sustentar projetos de autossuficiência familiar ou mesmo empresariais.
A ideia foi defendida num seminário, na Escola Superior Agrária de Bragança, parceira da Frauga, a Associação para o Desenvolvimento de Picote, no projeto \"Cultibos, Yerbas i Saberes\" (Cultivos, Ervas e Saberes), que nos últimos dois anos inventariou mais de 300 espécies, apenas no Planalto Mirandês.
O projeto tem como propósito recuperar e preservar este património natural e cultural, mas também mostra e incentivar as pessoas a criarem negócios nesta área, como disse à Lusa Jorge Lourenço, presidente da associação que vai tomar a iniciativa.
A Frauga prepara-se para abrir uma loja de produtos regionais para mostrar o potencial e riqueza desta região nesta área, um espaço que ficará integrado no Centro de Interpretação Ambiental e EcoMuseu Terra Mater, que mostra a diversidade natural das Terras de Miranda.
Entre hortas, cortinhas, bosques e no contacto com as populações, Margarida Telo Ramos, uma das responsáveis pela recolha e inventário das ervas, descobriu também \"ensinamentos daqueles que viviam da agricultura e isolados e que podem \"ser úteis num contexto como o de hoje em que há dificuldades económicas\".
\"Utilizavam alternativas que hoje em dia não permitem alimentar o mundo, mas podem sustentar pequenas zonas rurais e dar algumas oportunidades para inovar e fazer coisas diferentes\", considerou, defendendo que este património \"pode dar alguns projetos empresariais\" e até \"produtos com denominação de origem\".
Da mesma opinião partilha o empresário Joaquim Morgado, da Ervital, uma empresa da zona Centro do país, que há 15 anos comercializa plantas aromáticas e medicinais, aproveitando e valorizando o potencial da Serra do Montemuro.
A empresa começou por identificar plantas que tradicionalmente tinham usos populares, como infusões ou mezinha e condimentos, e, neste momento, cultiva \"uma panóplia imensa de produtos\".
Segundo contou à Lusa, cultivam cerca de 200 espécies, 60 das quais são transformadas e comercializadas, essencialmente nas lojas de produtos biológicos do mercado nacional, mas também exportadas para países como Japão, Dinamarca, França e Alemanha.
O empresário garantiu que este negócio não se ressente com a crise, pois \"há uma certa compensação porque as pessoas estão cada vez mais disponíveis para outro tipo de produtos e reconhecem neste tipo de produtos algumas vantagens\".
As sementes de algumas das espécies recolhidas no Planalto Mirandês foram enviadas para o Banco Português de Germoplasma Vegetal, podendo parte das mesmas ser requisitada por agricultores locais que queiram dedicar-se à sua propagação.
em http://www.diariodetrasosmontes.com/noticias/complecta.php3?id=19307