IV Congresso do Ensino Superior Politécnico começa hoje no Porto, numa altura em que se acumulam as dificuldades de gestão decorrentes dos cortes orçamentais e da aplicação da Lei dos Compromissos
O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) gerou um impacto económico, directo e indirecto, de 113 milhões de euros nos concelhos de Bragança e Mirandela, induziu a criação de 3380 empregos e por cada euro que gastou neste instituto o Estado teve um retorno de 2,33 euros. Estas são algumas das principais conclusões de um estudo sobre o impacto económico do IPB, que será hoje apresentado, no Porto, durante o IV Congresso do Ensino Superior Politécnico.
O lema do congresso é precisamente a importância dos politécnicos no desenvolvimento das regiões. Em declarações ao PÚBLICO, João Sobrinho Teixeira, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), não tem dúvidas em afirmar que as conclusões do estudo podem ser replicadas noutras regiões do país e que "a relação custo-benefício para o país tenderá a relevar a importância que o sistema politécnico tem para a coesão territorial".
Os politécnicos estão presentes praticamente em todo o país - em 41 concelhos e todos os distritos - e têm "um impacto assinalável no desenvolvimento económico, social e cultural e na afirmação das regiões, nomeadamente do interior", salienta o também presidente do IPB, que destaca ainda o contributo para a "democraticidade do acesso ao ensino superior".
"Se hoje não tivéssemos a rede que temos, muitos dos jovens destas regiões nunca teriam a oportunidade de se qualificar", acrescenta.
Contra as fusões
"Este congresso surge numa altura particularmente difícil para estas instituições devido à crise, aos cortes orçamentais e à Lei dos Compromissos, que lhes complica ainda mais a gestão de funcionamento." O sistema politécnico neste momento representa quase 40% dos alunos do ensino superior público, mas corresponde a "apenas 30% dos custos do Estado", frisa Sobrinho Teixeira. Avança ainda com outro número para reforçar a importância dos politécnicos e os seus encargos reduzidos para o Estado. "Os orçamentos dos sete politécnicos do interior - Bragança, Guarda, Viseu, Castelo Branco, Tomar, Portalegre e Beja - representam apenas 9,1% do orçamento do ensino superior público."
Frontalmente contra a necessidade de fusões entre politécnicos, o presidente do CCSIP não contesta, porém, a necessidade de racionalizar a rede de cursos e de se avançar para consórcios entre institutos. "Não há ensino superior a mais, mas um dos desafios que se colocam, quer dentro do sistema politécnico, quer em ligação com o sistema universitário, é encontrar uma forma de reorganização que permita qualificar mais portugueses sem aumentar o esforço financeiro para o país", diz.
Integrar politécnicos em universidades "não faz sentido nenhum em Portugal nem em lado nenhum da Europa", pois "há uma complementaridade entre os dois sistemas", responde, quando questionado sobre a ideia já defendida por várias pessoas.
Apesar de todas as dificuldades, Sobrinho Teixeira acredita que o sistema politécnico continua a ter "um grande futuro". Além das características de ligação às regiões, este ensino está "muito directamente ligado à empregabilidade e consegue fazer a qualificação dos seus diplomados a um custo reduzido face à qualidade do ensino ministrado, que se situa em termos de esforço nacional abaixo dos 2800 euros por aluno".
Por outro lado, a rede de institutos politécnicos tem hoje "um corpo docente altamente qualificado, que dentro de pouco tempo ultrapassará os 3 mil doutorados", revela o responsável do CCSIP.
"Este potencial deve ser aproveitado e há condições para serem criados centros de investigação aplicada, cuja vocação e financiamento seriam determinados pela capacidade de realização de projectos", defende Sobrinho Teixeira.
A capacidade de afirmação internacional é outra das questões destacadas pelo presidente do CCSIP. "Apesar de jovem no contexto nacional, é um sistema qualificado, maduro e afirmativo no contexto internacional", afirma Sobrinho Teixeira, que também não tem dúvidas de que devia "fazer parte da diplomacia económica como sector exportador de serviços".
O último dia do congresso vai ficar marcado, aliás, pela assinatura de dois protocolos: um com a associação dos institutos federais brasileiros e outro com o secretário da Educação do Estado de Pernambuco.
Publicado em 'Público'.
O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) gerou um impacto económico, directo e indirecto, de 113 milhões de euros nos concelhos de Bragança e Mirandela, induziu a criação de 3380 empregos e por cada euro que gastou neste instituto o Estado teve um retorno de 2,33 euros. Estas são algumas das principais conclusões de um estudo sobre o impacto económico do IPB, que será hoje apresentado, no Porto, durante o IV Congresso do Ensino Superior Politécnico.
O lema do congresso é precisamente a importância dos politécnicos no desenvolvimento das regiões. Em declarações ao PÚBLICO, João Sobrinho Teixeira, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), não tem dúvidas em afirmar que as conclusões do estudo podem ser replicadas noutras regiões do país e que "a relação custo-benefício para o país tenderá a relevar a importância que o sistema politécnico tem para a coesão territorial".
Os politécnicos estão presentes praticamente em todo o país - em 41 concelhos e todos os distritos - e têm "um impacto assinalável no desenvolvimento económico, social e cultural e na afirmação das regiões, nomeadamente do interior", salienta o também presidente do IPB, que destaca ainda o contributo para a "democraticidade do acesso ao ensino superior".
"Se hoje não tivéssemos a rede que temos, muitos dos jovens destas regiões nunca teriam a oportunidade de se qualificar", acrescenta.
Contra as fusões
"Este congresso surge numa altura particularmente difícil para estas instituições devido à crise, aos cortes orçamentais e à Lei dos Compromissos, que lhes complica ainda mais a gestão de funcionamento." O sistema politécnico neste momento representa quase 40% dos alunos do ensino superior público, mas corresponde a "apenas 30% dos custos do Estado", frisa Sobrinho Teixeira. Avança ainda com outro número para reforçar a importância dos politécnicos e os seus encargos reduzidos para o Estado. "Os orçamentos dos sete politécnicos do interior - Bragança, Guarda, Viseu, Castelo Branco, Tomar, Portalegre e Beja - representam apenas 9,1% do orçamento do ensino superior público."
Frontalmente contra a necessidade de fusões entre politécnicos, o presidente do CCSIP não contesta, porém, a necessidade de racionalizar a rede de cursos e de se avançar para consórcios entre institutos. "Não há ensino superior a mais, mas um dos desafios que se colocam, quer dentro do sistema politécnico, quer em ligação com o sistema universitário, é encontrar uma forma de reorganização que permita qualificar mais portugueses sem aumentar o esforço financeiro para o país", diz.
Integrar politécnicos em universidades "não faz sentido nenhum em Portugal nem em lado nenhum da Europa", pois "há uma complementaridade entre os dois sistemas", responde, quando questionado sobre a ideia já defendida por várias pessoas.
Apesar de todas as dificuldades, Sobrinho Teixeira acredita que o sistema politécnico continua a ter "um grande futuro". Além das características de ligação às regiões, este ensino está "muito directamente ligado à empregabilidade e consegue fazer a qualificação dos seus diplomados a um custo reduzido face à qualidade do ensino ministrado, que se situa em termos de esforço nacional abaixo dos 2800 euros por aluno".
Por outro lado, a rede de institutos politécnicos tem hoje "um corpo docente altamente qualificado, que dentro de pouco tempo ultrapassará os 3 mil doutorados", revela o responsável do CCSIP.
"Este potencial deve ser aproveitado e há condições para serem criados centros de investigação aplicada, cuja vocação e financiamento seriam determinados pela capacidade de realização de projectos", defende Sobrinho Teixeira.
A capacidade de afirmação internacional é outra das questões destacadas pelo presidente do CCSIP. "Apesar de jovem no contexto nacional, é um sistema qualificado, maduro e afirmativo no contexto internacional", afirma Sobrinho Teixeira, que também não tem dúvidas de que devia "fazer parte da diplomacia económica como sector exportador de serviços".
O último dia do congresso vai ficar marcado, aliás, pela assinatura de dois protocolos: um com a associação dos institutos federais brasileiros e outro com o secretário da Educação do Estado de Pernambuco.
Publicado em 'Público'.
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