10 setembro, 2013

Politécnico de Bragança diz que políticas de acesso impedem qualificação de jovens


O presidente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Sobrinho Teixeira, atribui hoje a falta de procura de alguns cursos às políticas de acesso ao Ensino Superior, que considera estarem a impedir os jovens de se qualificarem.
O politécnico de Bragança consta entre as instituições de Ensino Superior com mais cursos (11) sem qualquer aluno colocado na primeira fase de acesso ao Ensino Superior, em que um total de 66 cursos por todo o país ficaram desertos, quase todos a funcionar em institutos politécnicos e na área das engenharias.
"Continuamos a analisar as instituições e o país tem de olhar é para as políticas a nível de acesso ao Ensino Superior", defendeu, considerando que a forma como o Ensino Superior está a ser encarado revela "falta de sentido de Estado".
O dirigente notou que as áreas de que Portugal mais precisa, como as engenharias, ficam desertas, o que atribui não a um problema da oferta, mas a "uma disfunção entre a aprendizagem e a avaliação que é feita da aprendizagem" dos jovens.
"Faria sentido analisar a avaliação que está a ser feita aos jovens", insistiu.
Sobrinho Teixeira lembrou que existem em Portugal "150 mil jovens em condições e acederem ao Ensino Superior, desses, 95 mil mostraram-se disponíveis para se candidatar e só 40 mil o puderam fazer".
"Há aqui um desperdício enorme", considerou.
Para o presidente do IPB, a actual situação "está a impedir os jovens de se qualificarem, de entrarem nas áreas de maior empregabilidade e a empurrá-los para cursos onde o desemprego é já assinalável".
Sobrinho Teixeira lembrou ainda que "Portugal tem uma das mais baixas frequências de Ensino Superior da Europa" e aquilo a que se assiste é "a uma redução de candidatos".
"O país vai pagar caro por isso", afirmou, defendendo que "esta herança será pior para a geração vindoura do que a dívida (pública)" e lamentando que "a única solução para os jovens seja a emigração, a fazerem os serviços mais desqualificados da União Europeia".
"Portugal devia apostar na qualificação que pode conseguir um aumento da produtividade e da competitividade e o que estamos a assistir é exactamente o contrário", declarou.
No caso do Politécnico de Bragança, o presidente da instituição garantiu que não perspectiva o encerramento de cursos e que a perda de 130 alunos nas entradas da primeira fase de acesso ao Ensino Superior, comparativamente ao último ano lectivo, "já foi ultrapassada no dobro por outros regimes", como os cursos tecnológicos.
O presidente do IPB acredita também na "capacidade de captação de estudantes estrangeiros" e de outros públicos, como os maiores de 23, para manter os sete mil alunos em mais de um centena de cursos espalhados por cinco escolas superiores em Bragança e Mirandela.

Publicado em 'SOL'.

1 comentário:

  1. 13 licenciaturas desertas no IPB
    13 cursos do Instituto Politécnico de Bragança não tiveram nenhum candidato na primeira fase de colocações do ensino superior. Na Escola Superior Agrária de Bragança há quatro cursos sem alunos e este ano a Escola Superior de Tecnologia e Gestão é a que tem mais cursos sem estudantes, cinco no total. Houve cursos de engenharia que ficaram desertos e outros tiveram um número reduzido de alunos.Perante esta situação, o presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, critica as regras de acesso às Engenharias e acusa o Ministério de estar a empurrar os alunos para cursos com baixa empregabilidade.“Não há neste momento nenhuma universidade, nem nenhum politécnico que tenha as vagas de engenharia preenchidas. E isso não é por falta de apetência dos jovens, mas sim porque a forma de acesso os impede de lá chegar. E o pior disso é que como a forma de acesso é altamente limitativa vão para cursos que exigem outra forma de acesso, mas têm uma empregabilidade muito mais baixa. Os jovens estão a gastar tempo, o País está a gastar dinheiro em formações que não vão ser tão úteis nem aos jovens, nem ao País”, afirma Sobrinho Teixeira. Nesta fase entraram apenas 417 estudantes nas quatro escolas do Politécnico, menos 130 do que no ano passado. Ainda assim, Sobrinho Teixeira lembra que o IPB tem outras formas de captar alunos.“O Politécnico de Bragança preparou-se para este cenário. Neste momento temos menos 130 alunos do que no ano passado. Só que a candidatura de alunos estrangeiros e de cursos de especialização tecnológica já totalizam um milhar de alunos”, constata o responsável. Para a segunda fase de acesso sobraram perto de 1400 vagas. O presidente do IPB acredita que vão ser facilmente preenchidas.“Nós precisamos de todas estas vagas, porque todos estes públicos irão utilizar essas vagas postas a concurso. Por isso que nós temos esse número de vagas elevado que sabemos que não vamos preencher, mas precisamos delas para alunos que através de outros sistemas de ensino ingressam no IPB”, realça Sobrinho Teixeira.

    A Escola onde ficaram mais vagas por preencher é a Tecnologia e Gestão em Bragança, com 455, seguindo-se a Escola Superior de Educação com 292 vagas sobrantes e a Agrária com 245. Na Escola Superior de Saúde ficaram, apenas, 134 vagas por preencher.

    em Brigantia

    ResponderEliminar