20 março, 2014

Alunos da Esact apresentam documentário sobre o CAICA

Filme foi ponto de partida para um seminário sobre as memórias do complexo do Cachão
Dois alunos da ESACT (Escola Superior de Administração, Comunicação e Turismo de Mirandela) apresentaram, na passada quinta-feira, um filme/documentário “CAICA-Memórias Sociais do Nordeste Transmontano”.
Na década de 60, surge nas políticas do regime a necessidade de modernizar a agricultura e a indústria nacional. Trás-os-Montes, uma região esquecida até então, foi inserida num plano de fomento com caraterísticas agrárias. Nesse programa governativo, destaca-se o nome de Camilo de Mendonça, um transmontano, nascido em Vilarelhos, concelho de Alfandega da Fé. Com a ajuda do Estado Novo, planeou o CAICA (Complexo Agro-Industrial do Cachão), juntamente com uma série de projetos complementares e de apoio. O recinto industrial foi considerado um dos maiores centros de transformação de produtos agrícolas a nível europeu, transformando 80 por cento do que era produzido na região.
É este o enredo do documentário realizado por Ricardo Paulo e produzido por António Gomes, dois alunos da Esact. A película, que demorou um ano a ser concluída, “revisita as histórias passadas com testemunhos de pessoas que viveram por dentro o auge do Complexo Agro-Industrial, questiona o presente incerto desse projeto megalómano, desafiando a pensar sobre o futuro”, explica o realizador deste documentário que evoluiu para uma tertúlia aberta, moderada por Manuela Carneiro, docente da escola e jornalista da SIC.
O investigador e historiador Albano Viseu, que fez uma tese de doutoramento sobre o CAICA, trouxe a visão romântica do projeto, mas não tem dúvidas que a região “precisava de um novo impulso que podia ir buscar muitos exemplos à forma como o CAICA também nasceu”. Para Albano Viseu, o principal entrave ao desenvolvimento do complexo, foi “a falta de cultura associativista” na altura, mas que atualmente, o historiador deixa entender que “ainda acontece”.
O próprio diretor regional de agricultura do Norte está convencido que uma super-estrutura como foi o CAICA pode surgir nos tempos atuais. Manuel Cardoso revela que até “existem instrumentos de apoio que podem ser disponibilizados para movimentos associados ao setor empresarial ou cooperativo”.
Atualmente o complexo pertence às câmaras de Mirandela e Vila Flor. O autarca mirandelense, António Branco, apesar de admitir que a realidade atual do complexo do Cachão “é muito diferente”, diz que a prioridade passa por “tentar fixar empresas naquela estrutura apoiando as que lá se encontram e tentando cativar a iniciativa privada, para além da necessária reestruturação do espaço que só será possível através de uma candidatura ao novo quadro comunitário”, concluiu.
A visão romântica e a realidade atual do complexo do Cachão, um projeto pensado por Camilo de Mendonça em 1962, que chegou a ter cerca de mil trabalhadores, mas que foi decaindo até ser declarada a insolvência e entregue às câmaras em 1992.

Publicado em 'Mensageiro de Bragança'.

1 comentário:

  1. A visão romântica do Complexo do Cachão
    A Escola Superior de Administração e Comunicação e Turismo (ESACT) de Mirandela promoveu um seminário denominado “Memórias do Cachão” que pretendeu reviver memórias, questionar o presente e o futuro do Complexo Agro-industrial do Cachão (CAICA), que já foi um dos maiores motores industriais da região.
    O seminário teve início com a projecção do documentário “CAICA – Memórias Sociais do Nordeste Transmontano”, da autoria de dois alunos da ESACT.
    “Quando iniciámos a pesquisa, eu falei um pouco com a minha mãe e trocámos algumas impressões sobre as memórias que tínhamos do Complexo e nasceu uma sede de saber mais sobre ele”, refere o realizador do documentário, Ricardo Paulo.
    Criado na década de 60, pelas mãos do engenheiro agrónomo Camilo Mendonça com o apoio do Estado Novo e de Salazar, o Complexo chegou a empregar milhares de pessoas. Tudo que se produzia em Trás-os-Montes podia ser enviado para o Cachão, onde seria transformado, desde castanha, hortícolas, vinho e frutícolas, entre muitos outros.
    O presidente da Câmara Municipal de Mirandela, que é accionistas da empresa que gere o Complexo, juntamente com a Câmara de Vila Flor, considera que o CAICA ainda é uma área industrial com elevado potencial. “Tem tratamento de afluentes, tem água em quantidade, tem infra-estruturas de energia, fibra óptica, tem terrenos, espaço e é uma zona classificada no PDM de Mirandela”, enumera António Branco, acrescentado que o importante é captar empresas que queiram regenerar o Complexo e criar postos de trabalho.

    em Jornal Nordeste

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