14 março, 2014

Estudantes Sírios vieram para “poder prosseguir os estudos”

Os três jovens vão concluir os seus cursos no IPB
São três os estudantes sírios que num primeiro momento vão continuar os cursos no Instituto Politécnico de Bragança (IPB), mas em princípio deverá vir um quarto, uma vez que a instituição se disponibilizou para receber um número superior.
Os jovens estão em Bragança desde o início da semana passada e fazem parte do grupo de 42 estudantes sírios que chegaram a Portugal no dia 1 de março, para continuar os estudos em universidades portuguesas e politécnicos, no âmbito da Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência, iniciativa do ex-Presidente da República Jorge Sampaio. A Plataforma Global Para os Estudantes da Síria tem parcerias com a Liga dos Estados Árabes, o Conselho Europeu, a União para o Mediterrâneo, o Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Refugiados e o Instituto para a Educação Internacional, dos Estados Unidos.
Os estudantes sírios foram obrigados a interromper os seus estudos na sequência da guerra civil naquele país, com os rebeldes em confronto com as forças do regime de Bashar al-Assad desde 2011.
Rami Araft, está já a frequentar o mestrado em Engenharia Química no IPB, e espera concluir nesta instituição a sua formação. “A cidade é um local agradável e seguro, mas ainda estou a estabelecer os primeiros contactos e a habituar-me”, afirmou. Estar longe de casa é uma experiência difícil, sobretudo para quem foi obrigado a deixa-la por causa da guerra. A sua família continua na Síria, apesar de estarem num sítio seguro, está preocupado e prefere não falar no assunto. “A situação lá continua muito má”, contou o jovem. Por agora quer concentrar- se nos estudos e aproveitar esta nova vida num país diferente, enquanto não pode regressar a casa.
Nour Abun é outro dos estudantes sítios que está no IPB. Conta que veio porque assim decidiu. “Esta é a única hipótese de continuar a vida, prosseguir os estudos e concluir a licenciatura. Na Síria é impossível ir à escola ou à universidade, porque as escolas não funcionam porque é muito perigoso”, recordou.
O terceiro jovem, Emad Sweed, não quis prestar declarações. Além das aulas dos respectivos cursos vão ainda frequentar a disciplina de português “para se adaptarem melhor e para enriquecerem o seu currículo”, justificou Sobrinho Teixeira, presidente do IPB.
Helena Barroco, assessora de Jorge Sampaio e coordenadora da operação, esteve em Bragança, para ver se os jovens se estão a adaptar a Trás-os-Montes, e explicou que os jovens foram distribuídos por várias instituições de ensino superior que se ofereceram para os receber. “De Bragança tivemos a generosa oferta de receber quatro estudantes, seleccionamos em função do perfil dos alunos”, contou.
A vinda dos estudantes para Portugal, Egipto, Líbano, Iraque, Turquia e Estados Unidos da América, começou com um concurso online, aberto durante 15 dias, e com mais de 2500 candidaturas. Destas foram seleccionadas 1600 completas e aptas a passar à segunda fase. “Depois de o prazo fechar, nos dias seguintes, recebemos mais de mil candidaturas. Foi uma selecção apertada, com base em critérios académicos e com base nos perfis de cada um, em que contou a experiência cívica, a situação familiar e o desejo de irem para um ou outro país”, explicou Helena Barroco.
O acordo é válido por um ano “para testar os resultados académicos”, mas pode ser renovado por mais dois anos.
O IPB disponibilizou-se para receber de cinco estudantes e em princípio virá mais um aluno para a instituição transmontana. “Aderimos porque temos obrigação de o fazer e temos condições para o fazer porque temos muitos estudantes estrangeiros e várias oferta formativa em inglês”, referiu Sobrinho Teixeira, que acrescentou “que durante muitos anos haverá uma geração de sírios que não terão hipótese de estudar”.
Com este programa procura-se que os estudantes depois regressem ao país. “Eles deixaram lá a família e querem voltar”, acrescentou o presidente do IPB. A boa capacidade de acolhimento da cidade de Bragança e o respeito pela diferença são outras razões apresentadas pelo responsável “podem sentir-me mais enquadrados no ambiente internacional do instituto”.

Publicado em 'Mensageiro de Bragança'.

1 comentário:

  1. Estudantes Sírios vão estudar no IPB
    O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) recebe alunos de uma nova nacionalidade, com a chegada de três estudantes sírios.
    Chegaram há poucos dias a Bragança e garantem que se estão a sentir em casa. “É muito bom estar aqui. É um sítio agradável e seguro. As pessoas são muito gentis e sinto-me em casa. É difícil estar longe de casa, mas as pessoas aqui são muito boas. Ainda não sei quanto tempo vou ficar, vai depender de como correrem os estudos, mas em princípio ficarei até ao fim da graduação”, refere Rami Arafat, que veio conclui o mestrado em Engenharia Química.
    O estudante acrescenta que a situação na Síria é muito má. “Todos os dias morrem pessoas, é muito mau mesmo. Quero agradecer ao Governo português por nos dar a oportunidade de viver este sonho. Sinto falta da família, mas ela está num lugar seguro e acho que ela tem orgulho em mim”.
    Nour Albuni, tem 20 anos e veio tirar a licenciatura em Engenharia Informática. Considera que esta é uma oportunidade imperdível.“É a única hipótese de ter um bom futuro, por isso agradecemos esta oportunidade de ouro para estudar, pois nunca ninguém nos deu esta oportunidade antes”. Emocionado diz que o seu país, que está neste momento em guerra não permite estudar. “Os pais têm medo de enviar os filhos parava escola porque nunca sabem se eles vão morrer ou não”, conta o jovem.
    Helena Barroco, assessora de Jorge Sampaio, esteve em Bragança e explica que estes jovens foram obrigados a interromper os estudos no seu país. “O sistema está paralisado, as escolas estão destruídas e as que não estão, não funcionam convenientemente”, explica a responsável.
    O presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, adianta que irá chegar mais um aluno em breve. Acredita que Bragança vai “ajudar estes jovens a sentirem-se enquadrados e bem recebidos".
    Os três jovens fazem parte do grupo de 42 estudantes sírios que chegou a Portugal para estudar.

    em Jornal Nordeste

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