Há 172 licenciaturas e mestrados integrados que registam taxas de desemprego
iguais ou superiores a 15,1%. Instituições pedem mais incentivos para as regiões do interior
Há 172 licenciaturas e mestrados integrados com taxas de desemprego superiores à média nacional. Os valores constam de um documento elaborado pela Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES) – a que o Económico teve acesso – que está a servir de base para a decisão das novas vagas a abrir nas universidades e politécnicos no próximo ano lectivo. No documento, são apresentados os números de diplomados de 919 cursos superiores entre 2006/2007 e 2011/2012, registados nos centros de emprego até 31 de Dezembro de 2013. Contas feitas, uma em cada cinco dessas formações apresenta níveis de desemprego iguais ou superiores aos 15,1% registados pelo Instituto Nacional de Estatística para o total do país no primeiro trimestre deste ano.
É a partir destes dados, fornecidos pelo IEFP, que a tutela actualiza o retrato da empregabilidade dos cursos superiores. No geral, a taxa de desemprego fica-se nos 8,3%, bem abaixo da média nacional. O ensino politécnico é o que apresenta piores resultados, com 9,2% de desemprego entre os alunos diplomados há mais de um ano, enquanto nas universidades esse valor cai para os 7,2%.
Os números da DGES destacam duas áreas de formação: os Serviços de Saúde Pública – onde se reúnem os cursos se Saúde Ambiental – com 17,8% de desemprego, e o Trabalho Social e Orientação – Animação e Intervenção Sociocultural, Serviço Social, Gerontologia – com 15,1%. Em sentido oposto, sobressaem Medicina, com desemprego virtualmente inexistente (há um registado entre 1697 diplomados) e a Engenharia e Técnicas Afins, com 0,3%.
Entre instituições, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) ocupa o primeiro lugar na tabela, com 15,7% de diplomados no desemprego. Em segundo surge o Instituto Politécnico de Bragança, com 13,4%.
Números que não surpreendem os responsáveis destas duas instituições e que, sublinha o reitor da UTAD, Fontaínhas Fernandes, tornam evidente que “temos um país a duas velocidades”.
Para o reitor, este indicador é resultado da “quebra demográfica assustadora” que se sente no interior do país a que se soma “a falta de investimento e de incentivos para abrir empresas”. Fontainhas Fernandes diz mesmo não ter dúvidas de que, caso não sejam tomadas medidas, “estes números vão-se agravar”. E refere que as universidades estão disponíveis para trabalhar com o Governo em soluções que evitem a desertificação do interior, defendendo, desde já, a criação de um programa de empreendedorismo “para fixar alunos no interior” que complemente o programa de bolsas + Superior para os alunos que escolham estudar nestas regiões e que vai arrancar no próximo ano. Outra solução sugerida passa por incentivos fiscais e uma majoração de fundos comunitários para quem quer abrir empresas no interior. Porque “é vital captar emprego”, alerta o reitor.
Também o presidente do Politécnico de Bragança, Sobrinho Teixeira, assume que este “é um campeonato que ninguém gosta de ganhar”, e diz que este indicador é resultado do investimento e da centralização das políticas do Governo na região de Lisboa. “O emprego qualificado está muito concentrado em Lisboa. E as políticas adoptadas resultam num definhamento do Norte”. O presidente do politécnico diz ainda temer que os estudantes associem estes dados à qualidade das instituições e frisa: “O que estes dados reflectem é a situação económica de cada região. Não é um indicador de qualidade”.
Publicado em 'Diário Económico' de 14/05/2014.
Há 172 licenciaturas e mestrados integrados com taxas de desemprego superiores à média nacional. Os valores constam de um documento elaborado pela Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES) – a que o Económico teve acesso – que está a servir de base para a decisão das novas vagas a abrir nas universidades e politécnicos no próximo ano lectivo. No documento, são apresentados os números de diplomados de 919 cursos superiores entre 2006/2007 e 2011/2012, registados nos centros de emprego até 31 de Dezembro de 2013. Contas feitas, uma em cada cinco dessas formações apresenta níveis de desemprego iguais ou superiores aos 15,1% registados pelo Instituto Nacional de Estatística para o total do país no primeiro trimestre deste ano.
É a partir destes dados, fornecidos pelo IEFP, que a tutela actualiza o retrato da empregabilidade dos cursos superiores. No geral, a taxa de desemprego fica-se nos 8,3%, bem abaixo da média nacional. O ensino politécnico é o que apresenta piores resultados, com 9,2% de desemprego entre os alunos diplomados há mais de um ano, enquanto nas universidades esse valor cai para os 7,2%.
Os números da DGES destacam duas áreas de formação: os Serviços de Saúde Pública – onde se reúnem os cursos se Saúde Ambiental – com 17,8% de desemprego, e o Trabalho Social e Orientação – Animação e Intervenção Sociocultural, Serviço Social, Gerontologia – com 15,1%. Em sentido oposto, sobressaem Medicina, com desemprego virtualmente inexistente (há um registado entre 1697 diplomados) e a Engenharia e Técnicas Afins, com 0,3%.
Entre instituições, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) ocupa o primeiro lugar na tabela, com 15,7% de diplomados no desemprego. Em segundo surge o Instituto Politécnico de Bragança, com 13,4%.
Números que não surpreendem os responsáveis destas duas instituições e que, sublinha o reitor da UTAD, Fontaínhas Fernandes, tornam evidente que “temos um país a duas velocidades”.
Para o reitor, este indicador é resultado da “quebra demográfica assustadora” que se sente no interior do país a que se soma “a falta de investimento e de incentivos para abrir empresas”. Fontainhas Fernandes diz mesmo não ter dúvidas de que, caso não sejam tomadas medidas, “estes números vão-se agravar”. E refere que as universidades estão disponíveis para trabalhar com o Governo em soluções que evitem a desertificação do interior, defendendo, desde já, a criação de um programa de empreendedorismo “para fixar alunos no interior” que complemente o programa de bolsas + Superior para os alunos que escolham estudar nestas regiões e que vai arrancar no próximo ano. Outra solução sugerida passa por incentivos fiscais e uma majoração de fundos comunitários para quem quer abrir empresas no interior. Porque “é vital captar emprego”, alerta o reitor.
Também o presidente do Politécnico de Bragança, Sobrinho Teixeira, assume que este “é um campeonato que ninguém gosta de ganhar”, e diz que este indicador é resultado do investimento e da centralização das políticas do Governo na região de Lisboa. “O emprego qualificado está muito concentrado em Lisboa. E as políticas adoptadas resultam num definhamento do Norte”. O presidente do politécnico diz ainda temer que os estudantes associem estes dados à qualidade das instituições e frisa: “O que estes dados reflectem é a situação económica de cada região. Não é um indicador de qualidade”.
Publicado em 'Diário Económico' de 14/05/2014.
Sem comentários:
Enviar um comentário