23 outubro, 2014

Estudantes alemãs vieram rezar ao IPB


 Pegar na mochila e partir, durante um mês, a aprofundar a Fé. Foi isso que três estudantes alemãs fizeram durante o mês de outubro. Deixaram as suas casas, no Norte, e vieram ao Nordeste Transmontano recolher experiência de vida e aprender os desafios de viver em comunidade.
Até ao dia 30 conjugam a meditação com a oração, três vezes por dia, no Instituto Politécnico de Bragança, para alémd e prestarem algum serviço social junto de algumas instituições, sob a supervisão do Pe. Calado Rodrigues, capelão do IPB. “Tem sido muito bom”, garantem Margarita, de 21 anos, Anna, de 18 e Lisa, também de 18.
Apesar da dificuldade com a língua, comunicar não tem sido um problema. “Entre inglês, francês ou por gestos”, explicam, com um sorriso tímido.
As três estão a participar numa ação promovida por Taizé, uma comunidade ecuménica localizada em França, que acolhe jovens e adultos das várias confissões cristãs no mesmo espaço, de partilha. “É uma forma diferente de viver a Fé, com respeito pelos outros”, garantem.
O Pe. Calado Rodrigues explica que este “foi um desafio que a comunidade de Taizé lhe fez. “Estão num ritmo de preparação do centenário do nascimento do fundador, do aparecimento do fundador da comunidade, e estão a colocar em diversos pontos do globo pequenas comunidades temporárias. A ideia é terem uma experiência de vida comunitária, depois uma experiência de oração (rezam três vezes ao dia). E depois uma experiência de solidariedade. Aqui o trabalho está a ser um bocado dificultado pela questão da língua mas elas conseguem ultrapassar isso e comunicar com os idosos e com as crianças das IPSS”, frisa. Para além disso, têm, também, uma experiência de contactos com os estudantes do IPB, das escolas, para divulgar a comunidade, o seu objetivo e espírito, “que é sobretudo marcado pelo espírito ecuménico, com um bom relacionamento entre as diferentes igrejas cristãs”, sublinha o sacerdote. O grande objetivo é “motivar as pessoas a participar, de 9 a 16 de agosto, nessas comemorações”. “Estamos a organizar um grupo de aqui. Estarão milhares de jovens de todo o mundo”, acredita.
Esta experiência acaba por ser o ponto de partida para um outro projeto que o IPB pretende implementar, e que passa pela criação de um espaço intercultural e interreligioso, situado à entrada da Escola Superior Agrária, em Bragança. “Primeiro pensámos em criar um espaço para oração ecuménica. Mas chegou-se à conclusão que IPB tem-se internacionalizado muito, e há estudantes vindos de diversas latitudes religiosas e culturais, e sentiu-se necessidade de criar um espaço de reflexão intercultural e interreligiosa”, explicou o campelão do politécnico de Bragança.
“Pretende-se, ao mesmo tempo, acompanhar esse espaço de reflexão com o espaço de oração interreligiosa. Vai funcionar sem qualquer símbolo religioso específico. Depois, conforme a oração, colocamos os nossos símbolos, se sentirmos necessidade deles, e retiramo- los no fim”, acrescentou.
O local já foi visitado pelo presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, e pelo bispo diocesano.
Para D. José Cordeiro, esta é “uma ideia e um projeto excelentes”. “Permite o cultivo dos valores espirituais mas, sobretudo, os valores da tolerância, do diálogo inter-religioso e mesmo do ecumenismo. Com tantas línguas e tantas culturas no Politécnico, um espaço religioso e agora de modo especial, iniciado com o modelo de Taizé, creio que é um bom começo e uma boa continuidade do serviço que a capelania do politécnico pode prestar e tem essa missão de congregar todas as culturas e todas as línguas na mesma linguagem da verdade, da vida, do amor, da tolerância, do respeito dos valores universais, que são valores cristãos e valores humanos, e para nós são valores novos, concretizados aqui. Temos a experiência de ser um povo missionário e de emigrantes mas temos agora a experiência de ser um povo de missão e um povo que acolhe multiculturas e Bragança está a ser uma cidade multicultural. E o aspeto religioso e cultural é fundamental para o acolhimento na diversidade das línguas e das culturas”, frisou o prelado.
Para as jovens, a experiência tem sido gratificante. Ficaram mesmo “agradavelmente surpreendidas” com a ideia, pois na Alemanha não á habitual haver algo semelhante. Mas, para o presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, é uma questão “preventiva”. “Este ano tivemos candidaturas dos PALOP mas de muitos outros países africanos, América, Europa mas também do Oriente, como Bangladesh, Índia, Irão. Bragança tem dado sempre um exemplo de uma grande capacidade de acomodação que existe, de pessoas de diferentes pensamentos, raças ou religiões, conseguirem aqui encontrar harmonia e acomodação.
A nossa perspetiva é ter uma atitude preventiva e afirmativa desta situação, de maneia a que possamos fazer disto uma cultura de tolerância pela diferença”, concluiu

Publicado em 'Mensageiro de Bragança'.

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