19 dezembro, 2007

IPB vai produzir energias renováveis

RBA


O Instituto Politécnico de Bragança vai avançar com um projecto inédito em termos de produção de energias renováveis. Um parque de demonstração de energias renováveis. No imediato, até ao fim de Janeiro, deve ficar pronto um espaço com placas fotovoltaicas. Um investimento de cerca de 25 mil euros, suportado pelo IPB.

Este equipamento, a instalar no campus, vai produzir cerca de 3KW de energia, que vão ser vendidos à EDP, prevendo-se que daí possa advir um rendimento de 25 mil euros para o politécnico, nos próximos seis anos. Dinheiro que deverá amortizar o investimento e que cumpre um dos objectivos para o qual o parque vai ser criado. O equipamento também vai servir para a investigação e apoio à comunidade escolar exterior. Paulo Leitão, vice-presidente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Bragança adianta que para além da energia fotovoltaica, no parque, também vão ser implantadas torres eólicas e também vão apostar na criação de biomassa e bio-combustíveis. A energia éolica só deverá começar a ser explorada lá para Setembro de 2008. Deverão ser produzidos por esse meio 2 KW de electricidade. Também está em estudo a instalação de uma mini-hídrica no Fervença, na parte em que o rio atravessa o campus universitário.

Publicado em 'RBA' Qua, 19 de Dezembro de 2007 - 11:45:36

04 dezembro, 2007

Projecto inovador reutiliza desperdícios para produzir combustível

Poda de oliveira transforma-se em etanol

A região transmontana tem potencial para dinamizar um projecto na área dos biocombustíveis, que passa pelo aproveitamento da poda da oliveira para a obtenção de etanol.
O projecto propõe a reutilização da biomassa, que se obtém das oliveiras quando se cortam as ramas menos produtivas, para a produção de etanol, um combustível também chamado álcool etílico, que se obtém da fermentação de açucares, encontrado em bebidas como a cerveja, vinho e aguardente. Em alguns países e muito usado como combustível de motores de explosão, constituindo um mercado em ascensão por se tratar de um combustível obtido de maneira renovável sustentada na utilização de biomassa de origem agrícola renovável. A ideia está ainda na fase de comprovação cientifica, apesar de já haver empresas interessadas em aplicá-lo do outro lado da fronteira.
Trata-se de um projecto que está a ser desenvolvido por Eulogio Castro, professor da Universidade de Jaen, localizada na Andaluzia (Espanha), que explicou ao INFORMATIVO o conceito chave: “em vez de queimar directamente no campo a rama da oliveira, que é a prática comum em Espanha e em Portugal, queremos transformá-la num produto de interesse, neste caso, em etanol”. Este e outros projectos relacionados com a produção de biocombustíveis estiveram em debate num workshop sobre o tema que teve lugar na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTiG), nos dias 28 e 29, no âmbito da rede ibero-americana de instituições a que pertence o Instituto Politécnico de Bragança. O projecto está ainda em fase de Iaboratório, mas dentro de pouco tempo poder ter uma planta de demonstração. “Agora estamos a determinar as condições óptimas nas quais se deve levar a cabo esse processo”, adiantou Eulogio Castro.
Actualmente são necessários nove quilos de biomassa de olival para obter um litro de etanol, “isto utilizando só a parte sólida”, explicou. No entanto, há fortes possibilidades de se poder aumentar o rendimento e baixar as necessidades de matéria-prima para cada litro de etanol, fazendo, também, o aproveitamento do açúcar e dos conteúdos dos líquidos.
A nível económico, na área industrial, está por decidir se o projecto tem viabilidade, “pois há bastantes aspectos a melhorar e a precisar”. Todavia este projecto tem uma vantagem muito grande relativamente a outros tipos de biomassa, pois a biomassa existe, trata-se de uma biomassa residual disponível em grandes quantidades, que se gera cada ano e que não tem para já outra aplicação e que e necessário eliminar.
O investigador está convicto que este novo processo de obtenção de etanol pode ser uma boa oportunidade, tanto mais que só na província de Jaen há 500 mil hectares de olival. “Se tivermos em conta que em termos médios cada hectare gera duas ou três toneladas de biomassa, a quantidade disponível é enorme”, explicou.
Na região de Bragança, nomeadamente na Terra Quente e Douro Superior, a oliveira é uma das principais culturas.
A área dos biocombustíveis tem de ser vista de forma “global”, referiu Teresa Barreiro, responsável pela organização do workshop. “Muitas vezes para valorizar um processo de produção de biocombustíveis, também, precisamos de ter em atenção os produtos secundários que saem desse processo”, acrescentou.
A investigadora considera que o caso da região de Jaen é “particular”, por se tratar de uma das maiores áreas de cultivo de oliveira da Europa, “têm uma grande quantidade de resíduos que não é comparável ao que existe no distrito de Bragança”, disse. No entanto, defende que o conceito de biocombustível não pode ser visto somente num conceito de produção a grande escala, “faz sentido, por exemplo, haver uma comunidade agrícola que gera uma determinada quantidade de resíduos e eles próprios utilizam esses resíduos para produzirem biodiesel”, explicou.
Teresa Barreiro deu ainda conta de que há muito interesse em recuperar óleos alimentares para biodiesel, que pode ser utilizado nas pequenas comunidades que o produzem. “Num sentido mais alargado, produzir para vendermos, será mais difícil, mesmo no contexto português”, frisou.
Neste momento já há empresas interessadas em colocar em marcha a produção de etanol a partir de resíduos de oliveira, com convénios de utilização já estabelecidos com a Universidade de Jaen, nomeadamente uma que se dedicada à obtenção de açúcar a partir da beterraba (remolacha) e que agora se está a voltar para o biocombustível. O workshop foi proposto pelo IPB, na medida em que a instituição está integrada numa rede ibero-americana e juntou vários especialistas de países como Espanha, Cuba, Argentina e Chile. “A divulgação ocorreu em Portugal e Espanha, temos participantes de todo o país, muitos alunos de mestrado”, explicou a docente responsável pela organização do evento. No instituto brigantino também se faz investigação na área dos biocombustíveis. Teresa Barreiro está a trabalhar num projecto de valorização dos produtos secundários, nomeadamente na produção de materiais poliméricos (plásticos e borrachas) a partir de resíduos gerados.
G. L.
Publicado no semanário 'INFORMATIVO' Segunda, 3 de Dezembro de 2007