Muitas vezes no nosso país, confunde-se o interior com periferia e atraso no desenvolvimento. Não há nada mais errado do que este pensamento.
Venha conhecer o que de melhor se faz no (tão rico) interior de Portugal e deixe-se deslumbrar.
Sobrinho Teixeira é o rosto que apresenta o Instituto
Politécnico de Bragança, revelando ao
mundo aquilo que de melhor se faz no interior
do país. Foi também com o presidente do IPB
que o País Positivo entrou à conversa, descobrindo
uma instituição de cariz ímpar e de
qualidade internacional.
De acordo com o nosso entrevistado, o IPB é
uma instituição de referência nacional a diversos
níveis. "Todo o trabalho que tem sido desenvolvido
no IPB em diversas áreas, nomeadamente
na área da investigação - uma das
nossas bandeiras e que permitiu um programa
de afirmação e de doutoramentos que nos permitiu
ter o corpo docente mais qualificado de
todo o sistema politécnico - fez com que existissem
repercussões ao nível do relacionamento
da região com o instituto. Hoje, não representamos
uma instituição que recebe alunos,
que os retém durante algum tempo e que depois
os deixa sair da região. O IPB, com toda a
sua capacidade implementada, é uma instituição
com capacidade de intervenção, um agente
essencial ao desenvolvimento da região e,
de facto, tem uma envolvência a todos os níveis
com o tecido regional, seja económico,
social ou cultural". Assim, o IPB é um parceiro
ativo da própria CIM de Terras de Trás os Montes
e procura ser proactivo, nomeadamente no
que diz respeito ao próximo quadro comunitário
de apoio que, na opinião do entrevistado
apresenta algum risco para a região. Como é
sabido, "os anteriores quadros comunitários
eram muito voltados para a infraestruturação e,
como tal, o fluxo financeiro era assegurado
pela intervenção ativa dos nossos autarcas"
Hoje, a situação não é a mesma e a inovação,
a criação e desenvolvimento de empresas são
o toco deste novo quadro. Assim sendo, e tendo
em conta a debilidade do tecido económico
da região, incorre-se no risco de aumentar a
distorção existente entre interior e litoral norte.
Desta forma, "o IPB tem que ser um elemento
ativo, com capacidade de intervenção política,
fazendo sentir que é necessário assegurar um
volume financeiro para a região de Trás os
Montes que contribua para coesão nacional e
inter-regional. Não podemos chegar ao final
deste novo quadro de apoio com a sensação
que contribuímos para um desenvolvimento
da região norte mas sem ter, efetivamente, ganho
alguma coisa com isso. Estou em crer que
tal não vai acontecer, mas é necessário que todos
os agentes tenham a capacidade de fazer
fluir esses fundos para situações que gerem riqueza
e emprego". Para tal, o IPB tem vindo a
trabalhar no sentido de dotar o tecido empresarial
das ferramentas necessárias para fazer
face ao futuro. Por exemplo, a região de Trás os
Montes tem um setor primário bastante desenvolvido, mas a profissionalização do setor leva
a que se precise cada vez menos de agricultores
e, isso, "traduz-se numa mais baixa densidade
demográfica da região que só poderá ser
invertida com a criação de outras empresas,
apostando, por exemplo, no turismo, mas sobretudo
na indústria", advoga.
A INTERNACIONALIZAÇÃO
O IPB é também um instituto conhecido pela sua
capacidade de internacionalização, vertida na
população de estrangeiros superior a mil alunos,
com cerca de 50 países representados. Além da
qualidade de vida que aqui se sente, o tacto de o
IPB ter uma oferta deformação em língua inglesa
- existem já três cursos de licenciatura em inglês
que irão ser duplicados no próximo ano (no próximo
ano funcionarão 7 cursos de licenciatura e
3 cursos de mestrado em inglês) - permite que
este seja um aporte económico, cultural e social
para a região. Mas estes números não são fictícios
e espelham-se nos rankings nacionais e internacionais:
"Existem rankings específicos em
investigação, sobretudo na avaliação da qualidade
da investigação produzida em função da dimensão
da instituição, e, aqui, o IPB está em primeiro
lugar a nível nacional em quatro desses
itens e no ranking da União Europeia o IPB é o
primeiro politécnico a nível nacional, estando no
top dez das instituições universitárias e politécnicas
portuguesas, ocupando o 7° lugar. Tudo isto,
de facto, faz com que hoje o instituto seja um
agente de desenvolvimento mas também um
agente de motivação, dinamizando o orgulho da
região, mostrando aquilo que a região pode fazer,
mostrando que, os transmontanos, quando
têm as mesmas condições, são capazes de fazer
tão bem ou melhor do que os outros", afirma Sobrinho
Teixeira.
FUTURO
A investigação, no seio do IPB, é uma área consolidada,
assim como a qualidade do corpo docente. Assim, o futuro promete o aumento da internacionalização,
quer através do aumento da
oferta formativa em língua inglesa e da oferta do
português para estrangeiros, já que existe uma
grande procura de oferta formativa de português.
Além disso, "iremos trabalhar ativamente nas
empresas para responder ao momento económico
da região. Estamos também apostados em introduzir
inovação curricular no sentido de pôr os
alunos dos cursos de licenciatura a resolver problemas
para as empresas, dando uma matriz aos
nossos alunos de maior ligação empresarial e,
portanto, um tipo de ensino que vai aumentar a
empregabilidade dos seus formandos". No fundo,
o IPB irá continuar, no futuro, a lutar por se
manter nos lugares cimeiros, elevando a instituição
e o orgulho da região.
UM RUMO BEM TRAÇADO
Luís Pires é o rosto que apresenta a EsACT - Escola
Superior de Comunicação, Administração
e Turismo do Instituto Politécnico de Bragança,
uma instituição que começa agora um novo
caminho rumo ao sucesso.
Em entrevista ao País Positivo, Luís Pires, diretor
da EsACT, faz-nos uma breve apresentação
da instituição e mostra qual o caminho desta
escola que aposta na inovação e tecnologia
para fazer face aos desafios futuros.
Criada em 1995 como polo da Escola Superior
de Tecnologia e Gestão de Bragança, a EsACT
oferecia em Mirandela os cursos de Informática
de Gestão e Contabilidade e Administração. No
entanto, em 1999 como consequência da evolução
legislativa, a Escola ganhou autonomia, tendo
continuado com os dois cursos anteriores e
introduzido o curso de Planeamento e Gestão
em Turismo, distanciando-se, nesse processo
evolutivo, daquilo que era oferecido em Bragança
e traçando um caminho muito próprio e bem
definido. Assim, em consequência de uma estratégia
pensada, o Turismo passou a ser um dos
principais focos da Escola de Mirandela, enquanto
uma das etapas fundamentais de um caminho
ainda não totalmente trilhado e, "foram-se consolidando
as valências que identificassem e distinguissem
a EsACT, no seio do IPB, associadas a
uma imagem corporativa sólida, reconhecível
conotada com a cultura de excelência da Instituição,
em muito baseada em práticas de gestão
sustentada dos recursos. Desde logo pensamos
que a escola deveria dedicar-se a três áreas, distintas
mas complementares, a Comunicação, a
Administração e o Turismo". E, aos poucos, a escola
foi-se afirmando nestes três domínios. Assim,
e na área da comunicação, para além das
Licenciaturas em Tecnologias da Comunicação,
Marketing e Multimédia a EsACT passou a oferecer,
de forma arrojada e inovadora um curso de
licenciatura em Design de Jogos Digitais que, ao
contrário do que se possa pensar e face à realidade
regional, foi desde logo um sucesso. E enganem-se aqueles que pensam que esta é uma área
orientada apenas para o entretenimento ou brincadeira. "O design de jogos digitais é uma
área bastante complexa e, ao contrário de outras
formações existentes, mais ligadas às engenharias,
esta é uma formação muito mais ligada às
artes, exigente, propícia à exploração dos jogos
digitais enquanto comentário social, arte, ferramenta
educacional, ou forma de entretenimento
da sociedade global em que vivemos. Mas para
nós isso não chega e, nesse sentido, temos lançado alguns desafios aos docentes e alunos com o
intuito de aplicar os conhecimentos adquiridos
no curso em resposta a outro tipo de necessidades,
por exemplo na área da saúde, criando aplicações
que permitam testar e analisar comportamentos
e desempenhos ou no limite como ferramentas
didáticas ou educativas. Imaginem, como
exemplo, um jogo digital que ajude um paciente
em período de reabilitação física a melhorar ou
medir a evolução do seu desempenho... um jogo
que incuta por exemplo em públicos infantis
uma consciência ambiental, etc "
Par além de tudo isto, na área da multimédia e
das tecnologias da comunicação, a EsACT tem
trilhado um percurso de sucesso, realizando reportagens
de temas sociais putativamente fraturantes
para a região que, para além do tema em
si e da perspectiva técnica com que são abordados,
evidenciam a capacidade técnica existente e
mostram a importância do multimédia como ferramenta
de desenvolvimento da região. Esta capacidade
de produção técnica e comunicacional,
potenciada via marketing, forma uma poção
que a região e o pais não podem desperdiçar.
A área da administração é ex-libris da instituição,
com muitos alunos e muita procura. Ao nível da
licenciatura, a EsACT oferece dois cursos: Gestão
e Administração Pública e Solicitadoria. Apesar
do sucesso consolidado das duas áreas, o primeiro
teve uma ligeira quebra na procura devido aos
problemas de contexto do país, nomeadamente
os que ocorreram na função pública, relacionados
com a redução de efetivos e de salários, frustrando
expectativas. No entanto, e apesar disso,
"sentimos necessidade de criar o Mestrado em
Administração Autárquica. Os nossos alunos e
ex-alunos de Gestão e Administração Pública e
de Solicitadoria começaram a procurar-nos no
sentido de aprofundar os seus conhecimentos, de
se especializar, de prosseguir estudos, e a verdade
é que estas pessoas acabavam por ir tirar o
Mestrado a outros locais e não era isso que queríamos.
Neste sentido, juntámos as vontades dos
alunos e da própria escola e acabámos por criar
este mestrado que dá resposta às necessidades,
uma vez que temos também um corpo docente
consolidado e de grande qualidade. Além disso,
a sociedade atual orienta-se cada vez mais para
paradigmas de funcionamento agregado, em
rede e, portanto, o nosso mestrado também pretende
atribuir uma importância significativa a
este novo paradigma, fornecendo novas capacidades,
uma evolução funcional aos atores da
própria legião, que mostraram, também eles, interesse
na formação. Foi pois com muito agrado
que vimos o mestrado aprovado por 6 anos, também
uma prova de que a estrutura curricular faz
sentido e se apresenta como uma mais-valia para
a região e para o país".
EMPREENDEDORISMO
Luís Pires considera que o empreendedorismo é
essencial para esta região, nomeadamente para a
fixação dos alunos e contributo para a inflexão
de fluxos migratórios. Hoje, existem já empresas
de relevo nacional que surgiram precisamente de
oficinas de empreendedorismo. "A verdade é
que muitas vezes as ideias existem, mas nem
sempre sabemos como começar. Que passos
dar? Como fazer? O que é um plano de negócios? Portanto, as oficinas de empreendedorismo
são muito importantes na medida em que apoiam
todos estes passos e, muitas vezes, mostra que o
caminho que se tinha idealizado não é o melhor
e, ai, consegue-se, em ambiente controlado, corrigir
a trajetória, ou por vezes reconhecer que é
melhor começar de novo. Felizmente, percebemos
que as coisas começam a mudar e que a
vontade de investimento e de criação do próprio
emprego é muita, e não podemos apenas pensar
no nosso país, deixar de olhar para o vizinho do
lado, desleixando um mercado de 40 milhões de
putativos consumidores, devemos ser capazes de
criar estruturas e empresas que dêem resposta a
esse mercado global".
AS NOVAS INSTALAÇÕES
A prioridade da EsACT foi, há uns anos, a capacitação
em termos de docência. Hoje, a
consolidação do corpo docente é já uma realidade
e, portanto, seguiu-se o segundo desafio:
As instalações. Até hoje, a EsACT funciona em
instalações provisórias cedidas pela autarquia
de Mirandela e que, apesar de serem o necessário
para formar os alunos com qualidade,
não dão seguimento às necessidades e vontades
de crescimento estabelecidas para a instituição.
Neste sentido, "muito lutamos para
conseguir umas instalações condignas e aproveito
para deixar uma palavra de apreço à Câmara
Municipal de Mirandela que como parceira
do IPB esteve sempre presente para a
concretização de um edifício de grande qualidade
e que irá dar resposta às nossas necessidades
já no próximo ano letivo".
Este edifício, feito de raiz, possui salas de reunião,
espaço dedicado à produção audiovisual,
onde se incluem estúdios, laboratórios de pós produção, multimédia, salas de visionamento,
um auditório de média capacidade, uma biblioteca
de topo e um espaço que servirá de fomento
a novos projetos. Ou seja. "temos o hardware e o
software, agora necessitamos criar projetos e a
ideia é dar corpo ao Centro de Recursos para a
Promoção do Turismo e Marketing Territorial, implementando,
numa base comunicacional, estratégias
que possibilitem o desenvolvimento e a
valorização regional. É certo que aqui existem
produtos únicos, de qualidade, indissociáveis e
burilados por uma cultura ancestral, mas que
permanecerão economicamente diminuídos se
não forem revelados ao mundo".
A aposta e potenciação do centro de competências
possibilita a criação de uma rede essencial
ao desenvolvimento da região na medida em que
conseguimos "quebrar barreiras. Quem tiver dificuldades
saberá, à partida, que nos poderá procurar
para, em parceria, resolver os seus problemas.
Portanto, o primeiro passo é criar alguns
produtos que dissipem qualquer tipo de dúvida
que possa existir face às competências e qualidade
da capacidade instalada. O Centro permitirá
consolidar, dentro da região e não só, a certeza
de um conceito de credibilidade e capacidade
para se fazer coisas, para responder a desafios, e
a partir dai, crescer e alavancar a região e o tecido
empresarial".
Assim, e tendo em conta as novas instalações e
os projetos pensados, a EsACT poderá ser um elemento
essencial para a dinamização e desenvolvimento
da região e do próprio IPB. "Feitas as
contas, penso que o saldo será claramente positivo
e o futuro apresentar-se-á bastante promissor",
finaliza o nosso interlocutor, Luís Pires.
Bragança: Um exemplo de Sucesso
Bragança não é apenas a capital do distrito. É, também, um concelho voltado para o futuro, apostado em tirar o máximo partido de todas as potencialidades existentes. Um concelho que vide para a qualidade de vida dos cidadãos e que aposta em atrair cada vez mais pessoas.
Bragança é uma cidade com uma qualidade de
vida acima da média, mas o seu edil, Hernâni
Dias, afirma que falta ainda população suficiente
para usufruir desta qualidade. "Somos um concelho
com excelente qualidade de vida, reconhecido
por estudos externos. Somos detentores de
equipamentos culturais, com programações culturais
atrativas, uma gastronomia de excelência,
na qual pontuam pratos de caça e o famoso butelo
com casulas, boas condições de mobilidade
interna e acessibilidades externas, bons níveis de
segurança, um clima agradável e uma paisagem
única, com especial destaque para o parque Natural
de Montesinho, um património histórico
muito rico, com um Castelo bem preservados e a
Domus Municipalis, exemplar único na Península
Ibérica, um sistema de ensino de elevada qualidade,
desde o ensino básico ao superior, com o
Instituto Politécnico de Bragança a ocupar o top
10 europeu". Assim, é de todo essencial que se
consiga atrair para este concelho a população
necessária para continuar a fazer de Bragança
um player de relego a nível nacional e, mesmo,
europeu.
ENSINO SUPERIOR EM BRAGANÇA
Questionado sobre a importância do Ensino Superior
em Bragança, Hernâni Dias afirma que a
presença do Instituto Politécnico de Bragança no
concelho é de extrema importância. "Sendo uma
instituição com cerca de sete mil alunos, o impacto
é enorme, tanto a nível económico, como
a outros níveis, nomeadamente turísticos, dada a
diversidade da origem dos alunos que frequentam
o Instituto, que funcionam como verdadeiros
embaixadores da Cidade". Posicionado nos lugares
cimeiros dos rankings de classificação nacional
e europeus é, também, uma mais-valia para a
cidade, para a região e para a própria autarquia,
traduzindo-se essa importância nas parcerias estabelecidas
entre o IPB, a comunidade local e a
autarquia". Existem, efetivamente, alguns projetos
comuns entre a autarquia e o IPB, como é o
caso do Brigantia Ecopark, um Parque de Ciência
e Tecnologia que está neste momento em fase final
de construção e que está vocacionado para
recebei empresas de base tecnológica com baixo
impacto ambiental. O investimento de cerca de
nove milhões de euros foi abraçado pelas duas
entidades e servirá como motor de desenvolvimento
de toda a região.
No fundo, e como facilmente podemos perceber,
o IPB é um dinamizador da economia local,
quer pelos alunos que atrai, quer pelas
parcerias que cria com o tecido empresarial e
pelo apoio que dá aos pequenos produtores,
através da transferência de conhecimento.
Mas nem só o tecido empresarial é alimentado
pelo ensino superior. Por forma a "dinamizarmos
o centro histórico de Bragança, construímos residências universitárias, que, através de protocolo
cedemos ao IPB, para acolher alunos dos PALOP.
Assim, temos já dois edifícios transformados em
residências e estamos, neste momento, a construir
uma terceira. Reconhecemos, nesta e em
outras parcerias, a importância do Politécnico de
Bragança e iremos continuar a trabalhar para preservar esta cooperação entre ambas as entidades
porque a consideramos benéfica e essencial para
o desenvolvimento do concelho e da região".
Ainda assim, existem desafios e o grande passo
agora é conseguir captar e, sobretudo, fixai jovens
em Bragança. As perspetivas são boas:
"Estamos com alguns projetos em mãos que
poderão resultar na concretização deste grande
objetivo, criando variados postos de trabalho
e, muitos deles, com necessidade de mão-de-obra qualificada, o que acaba por ser uma
mais-valia para o concelho e para o IPB, que
poderá organizar a sua formação em função
daquilo que a região realmente necessita".
A grande oportunidade para a região surge agora,
com o novo quadro comunitário que, na sua
maioria, é voltado para a inovação, o empreendedorismo
e a capacitação de empresas, estando
o edil solenemente convencido que esta será a
grande oportunidade para Bragança. "Este quadro
comunitário, juntamente com as medidas de
incentivo ao investimento levadas a cabo pela
autarquia - disponibilizando espaços em Zona
Industrial a 4 euros o metro quadrado, podendo
este valor baixar para apenas 1 euro, se criados
20 postos de trabalho, que serão essenciais para
trazer investimento para Bragança. Estamos localizados
num ponto geoestratégico fulcral e as
empresas começam já a encarar isso como fator
diferenciador e de competitividade. O caminho
é, sem dúvida, o do crescimento e de desenvolvimento",
afirma Hernâni Dias. Uma oportunidade
única para que Bragança se volte cada vez
mais para o futuro e se assuma no panorama nacional.
Mirandela: Futuro sustentável
Mirandela é a princesa do Tua, caraterizada por uma paisagem e produtos ímpares que tem vindo, nos últimos anos, a apostar no desenvolvimento e no futuro. Em entrevista ao País Positivo, António Branco, falou-nos das estratégias planeadas e das principais apostas da autarquia.
Mirandela é concelho da região interior norte
caracterizada pela sua paisagem e produtos
endógenos. Uma cidade singular que se liga,
em muita medida, com o no Tua e se marca
pela centralidade.
Sendo um concelho bastante atrativo, consegue
captar um largo número de visitantes de
uma forma continua e, neste sentido, tem vindo
a implementar um conjunto de iniciativas
que permitem dar resposta a estas necessidades.
Em discurso direto, António Branco fala sobre
o futuro deste concelho com uma identidade
única.
Mirandela é um concelho que, ao longo dos anos, se tem desenvolvido e crescido, sustentadamente...
Nesta regigão já não falamos em crescer. Na região do interior não diminuir já é crescer e é verdade qeu temos perdido alguma população nas zonas rurais, mas a cidade tem conseguido manter o seu crescimento. Temos sentido uma grande renovação do ponto de vista do tecido empresarial, social e cultural e, principalmente no campo desportivo. Neste sentido, Mirandela é uma cidade que pauta por um conjunto de ofertas que, na região, são também exemplares. E que proporcionam aos habitantes uma qualidade de vida invejável.
Mirandela é também um concelho que aposta forte na educação. Qual é o impacto do ensino superior em Mirandela?
O ensino superior é uma estratégia que tem vindo a ser desenvolvida ao longo dos anos, que assentou, numa primeira fase, não só numa instituição de ensino público, mas também numa instituição de ensino particular. E estas instituições fixaram-se em Mirandela porque tentamos captar para o concelho um conjunto de valências que dotassem o concelho de massa crítica e desenvolvimento, inovação e um conjunto de suportes ao tecido empresarial local. Sentimos que isso acontecia em Bragança, através da presença do IPB, e portanto era essencial que Mirandela possuísse um polo que, de alguma forma, pudesse dinamizar o tecido empresarial, mas que tivesse também um identidade própria. Felizmente, hoje, isso já acontece e conseguimos ter, aqui, cerca de mil alunos o que representa um salto qualitativo muito grande.
E sendo que Mirandela se assume como ponto turístico de referência, ter no concelho um centro de investigação de comunicação e turismo é algo notável.
Diria mesmo fundamental. Acredito que tornar o polo do IPB em Mirandela voltado para as áreas da comunicação, administração e turismo foi essencial para o sucesso do mesmo. Se mão tem existido esta orientação no passado, incorríamos no risco de duplicarmos custo e ofertas, não apostando na especialização que é essencial. Com a construção das novas instalações da EsACT poderemos esperar ainda mais já que novas valências vão ser desenvolvidas. Se hoje, com as instalações débeis que a escola possui consegue-se já fazer tanto, oferecendo formação em áreas como o marketing, a multimédia e a administração pública - de salientar que inclusive a escola conseguiu já a aprovação do Mestrado em Administração Pública - imagine-se o que poderá fazer com instalações condignas e equipamentos de topo. Esta qualidade que caracteriza a escola significa que está, neste momento, capaz e dar mais um salto, lidando de perto com a sociedade civil, com o tecido empresarial e social, e ser uma escola que não se fecha, tendo uma influência local bastante importante. Mas não nos podemos esquecer que o ensino superior é um projeto consertado. Uma cidade como Mirandela, para se conseguir desenvolver do ponto de vista urbanístico e do seu tecido empresarial, necessita de ensino superior e, portanto, esta foi uma aposta que fizemos no dia em que optamos construir as instalações em Mirandela. Não nos arrependemos desta decisão e continuamos a considerar que este é o melhor investimento que podíamos ter feito para o desenvolvimento sustentado do concelho.
E esta é também uma forma de criar uma rede de conhecimento e desenvolvimento?
Existiu sempre uma ligação muito forte entre o concelho, e a própria região, e o IPB. Hoje, não olhamos para o ensino superior como apenas uma instituição de formação de jovens, mas sim como um parceiro essencial para os projetos de desenvolvimento local e regional. Aliás, dentro da própria comunidade intermunicipal, o IPB é encarado como o principal parceiro para as áreas de marketing, industrialização e inovação. Ao mesmo tempo que capacitamos esta instituição, estamos também a criar postos de trabalho, a fixar população e a garantir que o tecido empresarial fica mais qualificado e competitivo. E é precisamente este ponto que é fulcral para nós. Hoje, temos uma qualidade ao nível da administração pública invejável e isso deve-se à atuação da EsACT, mas também verificamos que empresas que outrora pouca noção tinham de marketing começam também a apostar na imagem e na promoção. Também podemos dizer que grande parte dos técnicos de turismo da Câmara Municipal de Mirandela foram formados na EsACT e, portanto, esta escola é, sem dúvida, o ceículo de qualificação, técnica e humana, da própria região. Ainda assim, estamos também a desenvolver a ligação da escola com o ensino profissional. Temos três escolas de ensino profissional que estão também orientadas para alimentar o ensino superior em Mirandela. Ou seja, a ideia passa por ter uma estratégia integrada de formação e qualificação de jovens que permita, por um lado, terem saídas profissionais na região e, por outro, captar jovens.
E é importante perceber que, aqui, existem verdadeiras oportunidades...
Por vezes somo confundidos com uma região do interior, isolada, mas hoje em dia a realidade é bem diferente. As pessoas que contrariam a tendência e abdicam do litoral pelo interior percebem que aqui existe a mesma oferta, as mesma oportunidades, mas uma qualidade superior. Neste momento, o nosso grande desafio é garantir maior empregabilidade. Neste sentido, a autarquia criou um gabinete de apoio às empresas e ao empreendedor, sendo o IPB um dos grandes parceiros, que garante que os jovens que acabem a sua formação e pretendam investir no concelho tenham apoio na componente mais técnica e em temos de acolhimento.
O futuro está assente em estratégias bem definidas?
Sim, agora é necessário aproveitar as oportunidades que surgem e não estarmos à espera que alguém faça as coisas por nós. Reforço, mais uma vez, a ligação entre a autarquia , a EsACT e o IPB e é esta ligação e este trabalho conjunto que permite ultrapassar problemas e superar desafios. Assim, é de extrema importância que se limem arestas e se afinem estratégias conjuntas para que possamos alavancar Mirandela e toda a região de Trás-os-Montes.
Publicado em 'País Positivo' nº 80.