19 dezembro, 2007

IPB vai produzir energias renováveis

RBA


O Instituto Politécnico de Bragança vai avançar com um projecto inédito em termos de produção de energias renováveis. Um parque de demonstração de energias renováveis. No imediato, até ao fim de Janeiro, deve ficar pronto um espaço com placas fotovoltaicas. Um investimento de cerca de 25 mil euros, suportado pelo IPB.

Este equipamento, a instalar no campus, vai produzir cerca de 3KW de energia, que vão ser vendidos à EDP, prevendo-se que daí possa advir um rendimento de 25 mil euros para o politécnico, nos próximos seis anos. Dinheiro que deverá amortizar o investimento e que cumpre um dos objectivos para o qual o parque vai ser criado. O equipamento também vai servir para a investigação e apoio à comunidade escolar exterior. Paulo Leitão, vice-presidente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Bragança adianta que para além da energia fotovoltaica, no parque, também vão ser implantadas torres eólicas e também vão apostar na criação de biomassa e bio-combustíveis. A energia éolica só deverá começar a ser explorada lá para Setembro de 2008. Deverão ser produzidos por esse meio 2 KW de electricidade. Também está em estudo a instalação de uma mini-hídrica no Fervença, na parte em que o rio atravessa o campus universitário.

Publicado em 'RBA' Qua, 19 de Dezembro de 2007 - 11:45:36

04 dezembro, 2007

Projecto inovador reutiliza desperdícios para produzir combustível

Poda de oliveira transforma-se em etanol

A região transmontana tem potencial para dinamizar um projecto na área dos biocombustíveis, que passa pelo aproveitamento da poda da oliveira para a obtenção de etanol.
O projecto propõe a reutilização da biomassa, que se obtém das oliveiras quando se cortam as ramas menos produtivas, para a produção de etanol, um combustível também chamado álcool etílico, que se obtém da fermentação de açucares, encontrado em bebidas como a cerveja, vinho e aguardente. Em alguns países e muito usado como combustível de motores de explosão, constituindo um mercado em ascensão por se tratar de um combustível obtido de maneira renovável sustentada na utilização de biomassa de origem agrícola renovável. A ideia está ainda na fase de comprovação cientifica, apesar de já haver empresas interessadas em aplicá-lo do outro lado da fronteira.
Trata-se de um projecto que está a ser desenvolvido por Eulogio Castro, professor da Universidade de Jaen, localizada na Andaluzia (Espanha), que explicou ao INFORMATIVO o conceito chave: “em vez de queimar directamente no campo a rama da oliveira, que é a prática comum em Espanha e em Portugal, queremos transformá-la num produto de interesse, neste caso, em etanol”. Este e outros projectos relacionados com a produção de biocombustíveis estiveram em debate num workshop sobre o tema que teve lugar na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTiG), nos dias 28 e 29, no âmbito da rede ibero-americana de instituições a que pertence o Instituto Politécnico de Bragança. O projecto está ainda em fase de Iaboratório, mas dentro de pouco tempo poder ter uma planta de demonstração. “Agora estamos a determinar as condições óptimas nas quais se deve levar a cabo esse processo”, adiantou Eulogio Castro.
Actualmente são necessários nove quilos de biomassa de olival para obter um litro de etanol, “isto utilizando só a parte sólida”, explicou. No entanto, há fortes possibilidades de se poder aumentar o rendimento e baixar as necessidades de matéria-prima para cada litro de etanol, fazendo, também, o aproveitamento do açúcar e dos conteúdos dos líquidos.
A nível económico, na área industrial, está por decidir se o projecto tem viabilidade, “pois há bastantes aspectos a melhorar e a precisar”. Todavia este projecto tem uma vantagem muito grande relativamente a outros tipos de biomassa, pois a biomassa existe, trata-se de uma biomassa residual disponível em grandes quantidades, que se gera cada ano e que não tem para já outra aplicação e que e necessário eliminar.
O investigador está convicto que este novo processo de obtenção de etanol pode ser uma boa oportunidade, tanto mais que só na província de Jaen há 500 mil hectares de olival. “Se tivermos em conta que em termos médios cada hectare gera duas ou três toneladas de biomassa, a quantidade disponível é enorme”, explicou.
Na região de Bragança, nomeadamente na Terra Quente e Douro Superior, a oliveira é uma das principais culturas.
A área dos biocombustíveis tem de ser vista de forma “global”, referiu Teresa Barreiro, responsável pela organização do workshop. “Muitas vezes para valorizar um processo de produção de biocombustíveis, também, precisamos de ter em atenção os produtos secundários que saem desse processo”, acrescentou.
A investigadora considera que o caso da região de Jaen é “particular”, por se tratar de uma das maiores áreas de cultivo de oliveira da Europa, “têm uma grande quantidade de resíduos que não é comparável ao que existe no distrito de Bragança”, disse. No entanto, defende que o conceito de biocombustível não pode ser visto somente num conceito de produção a grande escala, “faz sentido, por exemplo, haver uma comunidade agrícola que gera uma determinada quantidade de resíduos e eles próprios utilizam esses resíduos para produzirem biodiesel”, explicou.
Teresa Barreiro deu ainda conta de que há muito interesse em recuperar óleos alimentares para biodiesel, que pode ser utilizado nas pequenas comunidades que o produzem. “Num sentido mais alargado, produzir para vendermos, será mais difícil, mesmo no contexto português”, frisou.
Neste momento já há empresas interessadas em colocar em marcha a produção de etanol a partir de resíduos de oliveira, com convénios de utilização já estabelecidos com a Universidade de Jaen, nomeadamente uma que se dedicada à obtenção de açúcar a partir da beterraba (remolacha) e que agora se está a voltar para o biocombustível. O workshop foi proposto pelo IPB, na medida em que a instituição está integrada numa rede ibero-americana e juntou vários especialistas de países como Espanha, Cuba, Argentina e Chile. “A divulgação ocorreu em Portugal e Espanha, temos participantes de todo o país, muitos alunos de mestrado”, explicou a docente responsável pela organização do evento. No instituto brigantino também se faz investigação na área dos biocombustíveis. Teresa Barreiro está a trabalhar num projecto de valorização dos produtos secundários, nomeadamente na produção de materiais poliméricos (plásticos e borrachas) a partir de resíduos gerados.
G. L.
Publicado no semanário 'INFORMATIVO' Segunda, 3 de Dezembro de 2007

15 novembro, 2007

20 março, 2007

ESTIG com novo presidente

Sandra Canteiro
Equipa pretende captar novos alunos e aposta na implementação de horários em regime pós–laboral

Albano Alves é o novo presidente da Escola Superior de Tecnologia e de Gestão de Bragança (ESTIG). A nova equipa directiva, que tomou posse na passada quarta-feira, é ainda constituída pelos vice-presidentes, Paulo Leitão e Maria João Pereira.
Eleita por um período de três anos, a nova direcção pretende seguir uma política de continuidade. “Vamos prosseguir com o trabalho feito até agora, mas com desafios que há um ano atrás não tínhamos”, referiu Albano Alves.
O responsável pretende criar novos cursos de mestrados, de modo a atrair mais alunos para o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e manter os que já são ministrados pela instituição. “Queremos garantir que os estudantes possam continuar na escola após a licenciatura”, avançou o responsável.
A nova direcção vai apostar, também, na implementação de aulas em horários pós–laborais, de modo a impedir que alunos abandonem o curso. “Queremos dar a oportunidade aos que vêm de fora e aos trabalhadores–estudantes. Assim, conseguimos recrutar novos alunos”, adiantou o presidente da ESTIG.
Para Albano Alves, parte dos casos de abandono escolar deve-se à falta de disponibilidade dos estudantes para frequentar as disciplinas. “Se puderem ter aulas compatíveis com os seus horários, será uma forma de garantir o sucesso escolar e a permanência no IPB até final dos cursos”, salientou o responsável.

Nova direcção defende uma coordenação maior entre as diferentes escolas do IPB
Albano Alves aposta numa coordenação entre as diversas escolas do instituto. “É necessário potenciar o IPB como um todo e aproveitar todas a mais-valias que temos”, defendeu o presidente da ESTIG.
Na óptica do responsável, só através da coordenação de estratégias é possível “assegurar resultados mais ambiciosos, que não são possíveis se uma escola for considerada de forma autónoma”.
Nos próximos três anos, Albano Alves espera que a relação da instituição com a comunidade exterior se aprofunde. “Queremos desenvolver novos projectos e promover o desenvolvimento da região”, realçou.
Recorde-se que a ESTIG foi presidida, nos últimos seis anos, por José Adriano que liderou a equipa directiva durante dois mandatos.

Publicado no jornal 'Jornal Nordeste' de hoje.

15 março, 2007

À noite na… escola

Aida Sofia Lima
Instituto Politécnico funciona 24 horas

Muitas das instituições de ensino superior do país funcionam com um horário de meio dia, isto é, abrem as portas às oito da manhã e encerram às oito da noite. O Instituto Politécnico de Bragança é um dos casos de excepção Disponibiliza as suas instalações, todos os dias da semana, incluindo fins-de-semana, 24 horas por dia.
“Nós aqui tentamos tirar o máximo proveito do facto de o Instituto Politécnico ter vigilância permanente. Temos sempre um vigilante de serviço em cada uma das escolas. Isso permite, para além do serviço base de ronda, de verificação de avarias, a possibilidade de professores e alunos trabalharem fora de horas nas instalações”, explicou Conceição Martins, presidente do Conselho Executivo da Escola Superior de Educação de Bragança (ESE).
Economicamente, este tipo de utilização incessante dos espaços tem custos mais elevados. “O facto de termos vigilância 24 horas tem mais custos. Aquilo que nós sabemos de outras instituições, que já tiveram este tipo de vigilância e que, por razões orçamentais, optaram por fazer novos contratos, é que tiveram redução nos gastos. Apesar de isso ser tema de discussão no instituto, essa será a última medida a tomar do ponto de vista financeiro, porque sentimos que a nossa política é uma mais valia para o trabalho dos professores e alunos”, sublinhou Conceição Martins.

Quem entra na ESE à noite depara-se com meia dúzia de alunos espalhados pelos sofás da entrada, com computadores portáteis no colo. Estão a usufruir do sistema wireless que a escola disponibiliza no seu espaço, permitindo um acesso pleno e gratuito à internet. Contudo, para quem não possui os novos equipamentos tecnológicos, existem salas de informática, onde os alunos poderão navegar sem limites.
Para além da procura da internet, muitos dos estudantes frequentam a escola fora de horas para trabalhar em grupo, estudar, pesquisar na biblioteca, ensaiar, praticar desporto, executar trabalhos artísticos, entre outras actividades. A única regra é entrar na escola até por volta da meia-noite, sem horário de saída obrigatório.
Não só os alunos se dirigem à noite ao estabelecimento de ensino. Muitos docentes aproveitam o espaço fora do horário lectivo para se reunirem, trabalharem e receberem alunos.
Ana Paula Sismeiro, professora de Psicologia, é uma das presenças nocturnas habituais. “Já fiquei muitas noites a trabalhar na escola até de madrugada, ou entrar de madrugada, uma vez que é necessário fazer determinados serviços. Os trabalhos são diversos. Por exemplo, no ano passado atendia alunos até à uma da manhã. Mas também já tive reuniões de departamento até às cinco horas da madrugada”. Apesar de o trabalho realizado ser superior ao número de horas previstas, os professores encaram com naturalidade a situação. “o facto de a escola estar aberta 24 horas é uma mais valia, porque o trabalho tem que ser feito e, se a escola fechasse, impunha-se uma grande dificuldade logística. A escola aberta é um recurso muito importante”, explica Ana Paula.
Também a docente de Português, Dina Rodrigues, partilha da opinião da colega. Assim, explica-nos as vantagens de uma escola sempre aberta: “nós trabalhamos muito aqui. Não é problema jantar às 22h ou nem jantar. O facto de não fechar não nos condiciona com timings e cortes e o nosso trabalho flúi continuadamente. Também quando preciso de um documento sei que posso vir buscá-lo a qualquer hora e não interromper o trabalho para o dia seguinte”. E acrescenta que, no caso das deslocações em trabalho, seja reuniões ou estágios, poder ir buscar o carro de serviço a qualquer hora é uma grande vantagem. Também existe a possibilidade de repor aulas e de realizar exames que exigem uma logística nem sempre disponível durante o período de aulas.

Para as aulas de Português leccionadas aos alunos Erasmus, é imprescindível que a escola esteja aberta à noite, uma vez que, como referiu Dina Rodrigues, “seria impensável estes alunos terem aulas durante o dia. Pois estas são dirigidas aos alunos de todo o politécnico, de cursos variados das três escolas, com horários de aulas muito distintos”.
“Ninguém vê a ocupação nocturna como um sacrifício, mas sim como uma vantagem, porque nos resolve muitos problemas pontuais. Quer para professores, quer para alunos, seria dramático se impusessem o fecho da escola. Teria que existir uma reorganização, o que criaria alguns problemas”, sublinhou a docente.
São diversas as actividades desenvolvidas pelos alunos que aceitam a escola como sua. Por exemplo, na área da Educação Física existe uma utilização regular do ginásio. “Temos um protocolo com a Associação de Estudantes que promove desportos como Capoeira, Kickboxing, Karaté. Mas também existem outras modalidades promovidas pela escola, como aulas de Step, musculação, ou promovidas pela Associação de Funcionários do Politécnico, no caso das danças de salão”, enumerou Conceição Martins. Para além do desporto, em algumas épocas, decorrem aulas em regime nocturno e em horário pós-laboral funciona o Centro de Línguas.
Para a presidente da ESE, a escola é particular, uma vez que, como explica, “tendo muitas áreas do saber, desde música, expressão dramática, artes, educação física, informática, história, estas componentes acabam por ter aqui espaços onde todos podem rentabilizar o seu trabalho”.

Os utilizadores da escola
Salomé Rodrigues
Educação de Infância
“Utilizo os espaços da escola à noite para pesquisas na internet, fazer trabalhos individuais e de grupo, pesquisar na biblioteca. Por exemplo, na semana passada estive na escola das 20h às 4h, para preparar coisas para o meu estágio.
É importante manterem a escola aberta, porque, se não fosse assim, eu não poderia vir trabalhar à noite, não poderia usar a internet e durante o dia com aulas seria muito complicado”.

Diana Gonçalves
Educação de Infância
“Utilizo a escola à noite quando preciso de vir à internet ou para fazer trabalhos de grupo. Considero importante a escola disponibilizar as suas instalações, até porque há pessoas que não têm condições em casa e assim podem trabalhar”.

Olema Pires
Responsável da reprografia
“Por vezes funcionamos num horário alargado. Não sempre, porque não há dinheiro para pagar aos funcionários, mas tenho a certeza que, se estivesse todos os dias até à meia-noite, até à meia-noite teria alunos para atender. Muitas vezes venho à noite orientar o meu serviço para o dia seguinte, porque durante o dia há muito movimento.
Há sempre muita gente na escola à noite e eu acho muito bem que tenham o horário alargado, porque a escola é para servir os alunos, e para mim até deveria existir aulas no horário nocturno para os trabalhadores estudantes, porque eles têm muitas dificuldades.
Aos fins-de-semana também venho muitas vezes, até para ajudar os alunos”.

Paulo Rodrigues
Vigilante da escola
“Há muito movimento na escola durante a noite. Estão sempre cá professores e alunos. Os alunos vêm para a internet, fazer trabalhos, vão para a serigrafia, para a sala de cerâmica, desporto…
Até agora nunca houve problema nenhum. Estou aqui há nove anos e nunca se passou nada de anormal, até porque os alunos estão aqui para trabalhar e sabem que a escola é deles e que têm que a estimar.
A altura dos exames é a mais movimentada, também quando têm trabalhos. Diariamente há sempre alunos, até ao fim-de-semana. Talvez o dia mais fraco é a sexta-feira e sábado”.

Catarina Pipa
Professores de 1º ciclo
“Entrei na escola a esta hora para requisitar material, pois amanhã tenho estágio e o material só ficou disponível agora.
Utilizo a escola à noite para a internet, trabalhos de grupo. Acho que as entradas na escola deviam ser toda a noite, e o horário da biblioteca ser mais alargado, pois como finalista passo pouco tempo na escola durante o dia e à noite é a melhor altura para trabalhar e requisitar materiais na escola”.

Maria Almeida
Português / História
“Vim agora à noite para a escola para estudar e consultar livros na biblioteca. A escola aberta permite-nos ter acesso a livros, fazer trabalhos de grupo, conviver com os colegas, internet.
Para mim é habitual estar na escola diariamente até à meia-noite”.

Natalino Andrade
Engenharia Biomédica
“Entrei a esta hora na escola para usar os computadores, porque aqui é mais calmo e tem um ambiente acolhedor para o estudo.
Venho com alguma frequência, principalmente ao fim-de-semana, para os computadores ou estudar.
Normalmente fico cerca de três horas na escola, durante a noite.
Acho que é muito importante a escola ter estes espaços abertos à noite, porque nós, durante o dia, temos aulas e só à noite é que temos mais tempo livre para estudar. Acho louvável a iniciativa de deixar a escola aberta à noite, porque contribui para um melhor aproveitamento dos alunos”.

Bragança
Animação e Prod. Artística
“Muitas vezes venho para a escola à noite, para a internet, para organizar trabalhos com os colegas, estudar.
Considero importante a escola estar aberta, mas acho que o horário de entrada ainda devia ser mais prolongado, cerca de mais três horas.
O meu curso é mais prático e o horário nocturno é o mais apropriado para nós, porque de dia é difícil. Temos muitos trabalhos artísticos e à noite podemos dar melhor continuidade”.

Luís Miguel
Engenharia Mecânica
“Entrei agora na escola porque vou praticar Kickboxing e essa modalidade existe aqui, num horário nocturno. Duas vezes por semana, a partir das 21h30 até, por volta, das 23h30.
Aqui há muitos alunos, por exemplo na internet, ou trabalhos de grupo. Utilizo a minha escola também para essas actividades, à noite.
Acho importante a escola ter um horário alargado e se o horário de entrada fosse mais alargado, melhor. Por exemplo, quando queremos alguma informação imediata, seria mais fácil”.

Manuel Matos
Funcionário da escola
“As instalações desportivas têm grande ocupação, fundamentalmente fora do horário lectivo. Das 18h30 às 23h30, na parte de musculação, aeróbica, Step, depois no pavilhão o Kickboxing e a capoeira.
Há muitos alunos e também temos a associação dos funcionários do IPB, com danças de salão”.

Publicado no jornal 'Mensageiro de Bragança' de hoje.

13 março, 2007

Aposta na investigação aplicada à comunidade

Glória Lopes
O presidente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Sobrinho Teixeira, quer que os politécnicos do Norte se constituam como um nicho de competitividade na região e país.
Para o efeito, defende o incremento das ligações com a Associação dos Politécnicos do Norte, que integra várias instituições, nomeadamente o politécnico de Bragança, Porto, Viana do Castelo e Cavado/Ave, no sentido de essa associação passar a ser uma base para a competitividade, através da cooperação a vários níveis.

Na forja está a criação de projectos em comum: um sistema de mestrados, ministrados pelas quatro instituições; centros de investigação, com uma vertente mais aplicada; e ainda um sistema de prestação de serviços comum. “A região é grande, e pequena, para os desafios que se colocam ao IPB, e ao trazermos investigadores e prestadores de serviços para a região podemos ajudar ao seu desenvolvimento” referiu o presidente.

A cooperação entre instituições de ensino pode constituir-se também como uma boa oportunidade para o intercâmbio de docentes.
O intercâmbio com outros politécnicos é uma das estratégias da instituição brigantina, que vai de encontro ao defendido pelos técnicos da Associação Europeia de Universidades (EUA) que na passada sexta-feira, 9, apresentaram, em Bragança, o relatório da avaliação institucional realizada ao IPB, mas que envolve mais nove instituições europeias de ensino superior. A EUA representa 750 universidades de 45 países da Europa. A avaliação feita ao IPB obedeceu à análise de vários parâmetros: plano estratégico, esforço interno da instituição, fraquezas e forças, elaboração de um relatório interno por parte da própria instituição de ensino, e obrigou a duas visitas ao local.

De acordo com o relatório final, a instituição de Bragança, no ranking qualitativo, está nos primeiros lugares, senão mesmo no primeiro. O grande posto a desfavor é o facto de o IPB se localizar numa região empobrecida, mas ao mesmo tempo isso transformou-se em força e num factor positivo, “porque representa um grande sucesso a nível nacional”.

Entre os melhores
As conclusões da avaliação são francamente positivas para a instituição. O presidente admite que não estava à espera, e que ficou “confortado” por se tratar de uma apreciação positiva e feita por uma equipa de avaliação externa, “que não foi sujeita a qualquer tipo de pressão”, frisou.
O relatório distingue o IPB em relação aos demais, não faz avaliações negativas, mas aponta sugestões para delinear uma estratégia a seguir, “algumas das quais foram equacionadas no último conselho geral” adiantou Sobrinho Teixeira.
Os técnicos da EUA sugerem uma maior coordenação e centralidade dentro da instituição, que integra cinco escolas (Escola Superior de Educação, Escola Superior de Saúde, Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Escola Superior Agrária e Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Mirandela). Sobrinho Teixeira contrapõe que é preciso “moderação na centralidade”, e defende uma maior coordenação, por exemplo ao nível da promoção conjunta e global do IPB, ao invés do que acontece actualmente, com promoções individuais por escola. “Leva a um grande despêndio de recursos e a uma menor eficácia no retorno, e até algum desgaste da própria imagem institucional”. No entanto, não defende uma concentração de decisões. “A riqueza da instituição esteve sempre na diversidade de opiniões”.
A questão da promoção do IPB está a ser equacionado, vai-se proceder à revisão dos estatutos, para criar dois lugares junto à presidência para centralizar a questão da publicidade e do marketing e para fazer uma maior aposta na área do empreendedorismo.

Dentro da estratégica que se vai seguir, surge uma parte menos visível, “mas que será uma das mais dolorosas e mais estratégicas”, Sobrinho Teixeira referia-se à coordenação da investigação. “Não é mais possível continuar a ter 120 doutores a fazer investigação sem que isso tenho um retorno na colectividade, poderá ser doloroso, mas alguns terão adaptar as investigações a uma vertente mais útil para a comunidade”. A aposta deverá ser seis ou sete áreas de investigação com vista ao desenvolvimento da região, com uma maior ligação às empresas. Uma das apostas será no ramo Agrário, “porque temos a melhor escola do país, o que ficou evidente no número de mestrados atribuídos ao IPB” referiu aquele responsável. A Escola Superior Agrária de Bragança viu aprovados recentemente três novos mestrados na área das Ciências Agrárias, “as restantes escolas do país não tiveram direito a nenhum”, salientou. Prevê-se ainda a criação de centros de investigação nesta área com ligação aos produtores regionais.

Outra inovação está relacionada com a criação de um Centro de Estudos do Idoso. “Poderá ser uma boa oportunidade para as Escolas de Educação e Saúde, com os diversos cursos, uma vez que este é uma nicho que não está coberto no país e que o IPB devia aproveitar” explicou.
Apesar de a região não dispor de um tecido industrial, o politécnico brigantino pode ter um papel determinante, criando linhas de investigação aplicada em determinadas áreas de desenvolvimento industrial, “ao dar essas competências aos seus alunos, pode ser um indutor de nichos”. A investigação na área das energias alternativas, será um aspecto a desenvolver, uma vez que a região tem condições propícias: muito vento em diversos concelhos, na Terra Quente tem muitas quantidades de horas de sol, e muita área para a produção de biomassa. Neste âmbito está a ser delineado um mestrado comum com a Universidade de Salamanca.
Quanto ao pólo do IPB em Mirandela, Sobrinho Teixeira prometeu que a presidência vai ter uma “medida pro-activa para distinguir Mirandela” e trabalhar para que até 2010, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão instalada naquela cidade esteja dotada com as infra-estruturas necessárias. Os aspectos relacionadas com aquela instituição, eram os que suscitavam uma maior ao receio ao presidente, uma vez que temia uma “avaliação menos positiva sobre a importância e continuidade” da escola.

Publicado no jornal 'O Informativo' de hoje.

12 março, 2007

European University Association dá nota positiva ao IPB

Brigantia

O instituto Politécnico de Bragança passou com distinção na avaliação feita por uma equipa da European University Association. Dez instituições portuguesas sujeitaram-se a esta avaliação externa que não tinha por objectivo classificar num ranking nacional cada uma das instituições mas tão só apontar caminhos para o desenvolvimento no futuro.

Aquela equipa considerou o IPB “perfeitamente preparado” para enfrentar os desafios e sugeriu apenas que o politécnico continue a apostar nas parcerias externas e ao mesmo tempo aumente a cooperação entre as cinco escolas do instituto.

A ideia desta avaliação é criar um suporte para traçar o caminho para responder aos novos desafios, desde logo a equipa sugeriu que o IPB por se encontrar numa zona desertificada e com baixo poder económico deve ganhar escala e força reivindicativa criando parcerias com outras instituições. Parcerias que devem ser desenvolvidas essencialmente na criação de novos cursos de mestrado. Sobrinho Teixeira, presidente do instituto, concorda que esta filosofia e adianta que já existem projectos no âmbito da associação dos politécnicos do Norte do país. “Vamos dar um grande incremento a essa associação, será uma base de competitividade com as universidades, vamos criar um sistema de mestrados em comum, um sistema de centros de investigação com uma vertente mais aplicada e um sistema também de prestação de serviços comum”, adiantou aquele responsável.

A nível interno a equipa de avaliação defendeu uma maior cooperação entre as cinco escolas do politécnico, criando um espírito de grupo que faça o grupo trabalhar com objectivos comuns. “Nomeadamente na área da promoção cada escola tem trabalhado individualmente, vamos trabalhar esse aspecto, alias pretendo criar dois lugares de pré-presidência, um deles para trabalhar nessa área”.

Outro aspecto e quiçá dos mais importantes tem a ver com a vertente de investigação, a equipa de avaliação considera que este é um campo que tem de ser redefinido, o presidente do IPB também concorda e adianta que pretende criar linhas claras de investigação, e dá três exemplos: o primeiro necessariamente ligado às ciências agrárias; em segundo lugar propõe a criação de um centro de investigação do idoso; e, por fim, a criação de um centro de investigação na área das energias renováveis.

Em 'Brigantia' de hoje.

IPB entre os melhores politécnicos


O Instituto Politécnico de Bragança vai reformular a investigação, participando num centro especializado para essa actividade, que vai concentrar cinco ou seis áreas de estudo.
Um dos projectos a ser levado a cabo pela Associação dos Politécnicos do Norte do País pode reforçar a competitividade face às universidades.
RBA

Esta foi uma das sugestões deixadas ao IPB, pela equipa de avaliadores da Associação Europeia das Universidades, que esteve na região durante alguns dias.
Estes especialistas que avaliaram dez instituições do ensino superior em Portugal deixaram vários elogios ao Instituto Politécnico de Bragança, considerando mesmo tratar-se de um dos melhores Politécnicos do país.
A avaliação levou mesmo o presidente do IPB a considerar que se tratou de um momento histórico para a instituição.
Contudo, no âmbito das conclusões foram também deixadas algumas ideias para melhorar a actividade do politécnico.
Entre elas, dada a situação geográfica e a necessidade da instituição se virar mais para o exterior, a comissão entende que o IPB deve incrementar a sua participação como membro de um agrupamento de Politécnicos.
A associação que congrega este tipo instituições no Norte do país vai reforçar essa acção.
Os avaliadores consideram que a gestão do IPB é muito positiva, mas deve ser mais centralizadora.
Sobrinho Teixeira, presidente do Instituto Politécnico de Bragança concorda parcialmente e por isso vai propor a criação de duas pró-presidências.
Uma para área do Markting e outra para gerir o sector da investigação.
Ficou expressa a necessidade de haver uma estratégia para a investigação, concentrando-a em cinco ou seis áreas.
Sobrinho Teixeira diz que não é possível manter 120 doutores a fazer estudos indivíduais.
Entende que a Escola Agrária deve aplicar conhecimentos para o sector agrícola, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão na promoção de empresas, por exemplo na área das energias renováveis e a Educação deve criar um Centro de Estudo do Idoso.
Sobrinho Teixeira também ficou surpreendido positivamente com a avaliação feita à Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Mirandela, tendo sido reconhecido o esforço em manter uma instituição considerada fundamental para a região.
O presidente do IPB revela por isso que vai ser feito um esforço no sentido de dotar a escola de mais recursos, reforçando ainda o corpo docente com mais doutoramentos, tendo em vista a validação de cursos que vai ocorrer em 2010.

Em 'RBA' de hoje.

Politécnico entre os melhores do país em relatório europeu

Glória Lopes

O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) está entre os melhores do país. De acordo com o relatório final da Associação Europeia de Universidades (EUA), que procedeu a uma avaliação à instituição, no ranking qualitativo, está nos primeiros lugares.

O grande ponto a desfavor é o facto de o IPB se localizar numa região empobrecida. Essa aparente desvantagem transformou-se em força e num factor positivo, "porque representamos um grande sucesso a nível nacional", referiu o presidente do Instituto, Sobrinho Teixeira.

Para reforçar ainda mais a posição da instituição que lidera, o presidente quer que os politécnicos do Norte se transformem num nicho de competitividade na região e no país.

Para conseguir esse objectivo, defende o desenvolvimento das ligações com a Associação dos Politécnicos do Norte, que integra mais três instituições (os politécnicos do Porto, Viana do Castelo e Cavado/Ave), através da cooperação a vários níveis.

Na mira, está a criação de vários projectos comuns um sistema de mestrados, ministrados pelas quatro instituições; centros de investigação aplicada e, ainda, um sistema de prestação de serviços comum.

Intercâmbio

"A região é grande e pequena, para os desafios que se colocam ao IPB, e ao trazermos investigadores e prestadores de serviços para a região podemos ajudar ao seu desenvolvimento", referiu o presidente.

O intercâmbio com outros politécnicos é uma das estratégias da instituição brigantina, que vai de encontro ao defendido pelos técnicos da EUA, cujo relatório da avaliação institucional realizada ao IPB foi apresentado ontem. Mais nove instituições europeias de Ensino Superior foram sujeitas a avaliação semelhante. A EUA representa 750 universidades de 45 países da Europa.

As conclusões da avaliação são francamente positivas para a instituição, que actualmente tem seis mil alunos e 120 professores com grau de doutoramento.

O presidente admite que não estava à espera e que ficou "confortado", por se tratar de uma apreciação positiva, feita por uma equipa de avaliação externa, "que não foi sujeita a qualquer tipo de pressão". O relatório distingui o IPB em relação aos demais. Não faz avaliações negativas, mas aponta sugestões para delinear uma estratégia para melhores resultados.

Coordenação

Os técnicos sugerem uma maior coordenação e centralidade dentro da instituição, que integra cinco escolas (Escola Superior de Educação, Escola Superior de Saúde, Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Escola Superior Agrária e Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Mirandela).

Sobrinho Teixeira contrapõe que é preciso "moderação na centralidade" e defende uma maior coordenação ao nível da promoção global do IPB, ao invés do que acontece actualmente, com promoções individuais por escola.

Dentro da estratégia, vai fazer-se a coordenação da investigação. "Não é mais possível continuar a ter 120 doutores a fazer investigação sem que isso tenha um retorno na colectividade, poderá ser doloroso, mas alguns terão adaptar as investigações a uma vertente mais útil para a comunidade".

A aposta deverá ser seis ou sete áreas de investigação com vista ao desenvolvimento da região e uma maior ligação às empresas.

Uma das apostas será no ramo agrário. A Escola Superior Agrária de Bragança viu aprovados recentemente três novos mestrados. As restantes escolas do país não tiveram direito a nenhum.

Outra inovação está relacionada com a criação de um Centro de Estudos do Idoso. "Poderá ser uma boa oportunidade para as escolas de Educação e Saúde, com os diversos cursos, uma vez que este é uma nicho que não está coberto no país e que o IPB devia aproveitar", explicou Sobrinho Teixeira.

Publicado no jornal 'JN' de hoje.

31 janeiro, 2007

Ministro aprovou primeiros mestrados nos politécnicos

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, assinou ontem o despacho de criação do primeiro conjunto de mestrados para o ensino politécnico. Nesta primeira leva (haverá ainda mais duas fases), foram aprovados 21 mestrados, distribuídos pelos 15 politécnicos do país, tendo o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) conseguido um quarto dessas formações.
O anúncio foi feito ontem, em Bragança, pelo director-geral do Ensino Superior, António Mourão Dias. "Posso avançar que, neste conjunto de 21 mestrados aprovados, o Instituto Politécnico de Bragança ficou com cinco", disse.
O IPB apresentou 32 candidaturas para a criação de mestrados. Muitas dessas candidaturas, na área de formação de professores, e devido à criação de nova legislação, foram retiradas; outras acabaram por resultar em fusões, apresentando no final o IPB um conjunto de 13 candidaturas. "Temos nesta altura oito pendentes. Esperamos que sejam ainda aprovadas", disse Sobrinho Teixeira, presidente da instituição.
A.F.

Publicado no jornal 'Público' de hoje.

13 janeiro, 2007

Politécnicos criticam demora do ministério na aprovação de mestrados


Quase 90 propostas, muitas já com parecer favorável, esperam por uma decisão final

O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) criticou ontem a demora na aprovação das propostas de mestrado entregues há quase dez meses ao Ministério do Ensino Superior, considerando "incompreensível e inaceitável" a ausência de decisão do ministro.
Em declarações à Lusa, o presidente do CCISP, Luciano Almeida afirmou que os institutos politécnicos entregaram à tutela 84 propostas de mestrado até ao final de Março do ano passado, continuando a aguardar o despacho de aprovação, que deveria ter sido emitido em Setembro, para que os cursos pudessem ter arrancado este ano lectivo.
Muitas das propostas foram enviadas já com o parecer favorável da Direcção-Geral do Ensino Superior, mas ainda assim não houve até agora qualquer decisão do ministro, adiantou o presidente do CCISP, que em Dezembro questionou Mariano Gago sobre a demora na aprovação dos mestrados, num ofício que também não obteve resposta.
"Estamos perante um veto político de gaveta porque já passaram todos os prazos legais e razoáveis para a aprovação dos mestrados. Pretende-se obter por omissão o mesmo resultado de um despacho de indeferimento, que seria ilegal, uma vez que as propostas cumprem todos os requisitos", acusou.
Segundo o responsável, a demora na aprovação pode trazer consequências muito negativas para os alunos, sobretudo nos casos em que o mestrado é um requisito obrigatório para o exercício da profissão, à luz das novas regras do Processo de Bolonha, como acontece com as licenciaturas em Engenharia.
A Lusa contactou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) mas não obteve resposta.
Também a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) criticou ontem o ministério, em comunicado. "As instituições não podem planear convenientemente o seu trabalho por não saberem se os mestrados que propuseram vão ou não ser aprovados, o que causa uma enorme instabilidade no corpo docente, podendo mesmo levar à rescisão de contratos de professores", explicou João Cunha e Serra, responsável da Fenprof para o ensino superior.
Lusa

Publicado no jornal 'Público' de hoje.

Bragança ganha alunos e perde docentes

De 2005 para 2006, o número de estudantes matriculado no Instituto Politécnico de Bragança praticamente dobrou: “Fomos talvez o politécnico que mais cresceu a nível nacional, passámos de 1050 alunos pra 2000”, contou ao DN José Sobrinho Teixeira, presidente da instituição. Mesmo assim, admitiu, “irá haver uma quebra” ao nível do pessoal docente.
A explicação, diz, assemta no facto de o acréscimo de alunos não se traduzir de imediato em mais verbas: “Quando o plafond foi atribuído, as instituições ainda não sabiam quantos alunos teriam”, explica. “Só para o ano é que o aumento terá reflexos”. Por outro lado, os efeitos da “redução do Orçamento de Estado” são imediatos e houve “um esforço” da instituição par racionalizar meios: “O esforço que o país está a fazer tem que ser transversal às instituições de Ensino Superior.
O Politécnico de Bragança é citado pela Fenprof como uma instituição que não deverá renovar os contratos a termo de 50 docentes. No entanto, Sobrinho Teixeira rejeita definir estes casos como despedimentos, explicando que se tratam de contratos, muitos deles envolvendo docentes formados na instituição, que “já eram feitos com o pressuposto de terem uma determinada duração”
O Presidente do Politécnico de Bragança admitiu no entanto que, entre estes casos e outros, relacionados com a “procura reduzida de alguns cursos pelos alunos”, existe o objectivo de fazer uma redução de pessoal. No entanto, assumiu como compromisso “não autorizar nenhum contrato novo sem que se esgotem os recursos existentes“|

Publicado no jornal 'Diário de Notícias' de hoje.

Desemprego ameaca dois mil docentes do ensino superior


A redução das verbas do Orçamento de estado e o aumento de 1.5% nos salários terão deixado as instituições com um buraco de 7.5% nos valores para salários. A Fenprof diz que isto pode levar à saída de 1875 professores, na maioria contratados, além e à dispensa de funcionários. Reitores acusam os cortes e procuram soluções para reduzir despesas de funcionamento

Pedro Sousa Tavares e Paula Ferreira


Cerca de dois mil docentes do superior, sobretudo contratados a prazo, correm o risco de cair no desemprego devido às carências orçamentais das universidades e politécnicos. A estimativa é feita pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof), com base nos cortes de pessoal que as instituições teriam de fazer para conseguirem pagar salários sem recorrer a receitas própria. Um elevado número de funcionários, não contabilizado pelo sindicato, enfrenta também tempos incertos.

O cálculo, diz ao DN João Cunha e Serra, responsável da Fenprof para o ensino superior, considera a quebra de verbas do Orçamento de Estado e o aumento de 1,5% nos ordenados da Administração Pública, que, somados, deixam as instituições com um buraco "da ordem dos 7,5%" para preencher nos vencimentos.

"Como não têm este reforço, embora exista ainda a previsão de em alguns casos poderem ser recebidas verbas para os cursos de especialização tecnológica, as instituições, se não quiserem lançar mão das receitas próprias, terão que reduzir na mesma proporção os gastos em salários, isto é, em 7,5%", explica.

Num universo de 25500 docentes no ensino superior público, esta redução afectaria "1875 professores, 1125 no sector universitário e 750 no politécnico". Os principais visados seriam os que têm vínculos precários, a terminar em 2007: "Como há no universitário cerca de quatro mil docentes convidados [a prazo] e no politécnico cerca de sete mil em idênticas condições, não é impossível conseguir atingir aquelas metas".

A Fenprof "não aceita que estas negras previsões matemáticas possam alguma vez concretizar-se", mas avisa que há instituições a "fazer mecanicamente estas contas e a prever o despedimento de professores ao nível da centena, por exemplo as universidades do Minho e do Algarve".

Lopes da Silva, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), admite como "provável" a dispensa de docentes e não docentes. Mas recusa adiantar números: "É um assunto que está agora a ser equacionado por cada instituição e é cedo para fazer previsões.", diz. "Não pode haver medidas precipitadas e elas têm de ser humanamente correctas", avisa.

"Défice de funcionários"

Lopes da Silva salienta mesmo que esta situação pode colocar em perigo a qualidade do ensino. É que a dispensa de docentes não surge numa altura em que há excesso de profissionais. Pelo contrário: de acordo com os indicadores que permitem calcular o rácio de professores necessários face ao número de alunos, as universidades têm um défice de funcionários que ronda os 13 a 15%.

"Não quer dizer que, numa determinada área ou escola, não haja indicadores superiores, mas no global não há docentes a mais".

Uma das abordagens sem discussão passa pela mobilidade na docência, entre escolas ou faculdades e mesmo entre instituições. Lopes da Silva propõe ainda "uma redistribuição orçamental que não prejudique o défice público". Uma solução que passa por "quantificar o trabalho científico que é feito pelos docentes" com um financiamento suplementar vindo do orçamento disponível para a Ciência.

Reforços nos Politécnicos

Luciano Almeida, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, não partilha estas preocupações. E considera mesmo que a tendência é de crescimento: "O que tivemos neste ano lectivo e no anterior foi um aumento dos docentes no superior".

Este responsável admite que poderá "verificar-se a necessidade de não renovar alguns contratos, essencialmente devido a cursos que tenham sido extintos [por terem menos de 20 alunos]". Porém, considera que "o reforço de 14%" nos estudantes inscritos nos politécnicos, associado a novas ofertas como os cursos de especialização tecnológica - "que serão financiados para além do orçamento de Estado" - , deverá mesmo "implicar reforços" para o sector. Um optimismo a confirmar no terreno. Com Elsa Costa e Silva
Publicado no jornal 'Diário de Notícias' de hoje.

08 janeiro, 2007

Reitores defendem financiamento universitário com base na qualidade


Reunião de dois dias nos Açores

08.01.2007 - 13h50   Lusa


O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, Lopes da Silva, defendeu hoje a aplicação de uma fórmula de financiamento das instituições de ensino superior que tenha por base parâmetros de qualidade.
Em declarações aos jornalistas, a anteceder uma reunião de dois dias do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, que hoje se iniciou na cidade da Horta, Lopes da Silva adiantou que essa fórmula deve também ter em conta as especificidades de algumas universidades.

"Continuamos a considerar que a existência de uma fórmula é fundamental, mas essa fórmula deve ser afecta a parâmetros e indicadores de qualidade, e também de especificidades de algumas universidades, como é o caso da dos Açores", afirmou Lopes da Silva.

O mesmo responsável adiantou que as verbas destinadas às universidades portuguesas não devem ser distribuídas de forma igual e exemplificou com o caso da tripolaridade (divisão por três ilhas) da Universidade dos Açores, que tem custos que devem ser co-financiados pelo Estado.

"Autonomia das universidades deve ser reforçada de uma forma definitiva"

O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas defendeu ainda que a "autonomia das universidades deve ser reforçada de uma forma definitiva", acompanhada também de um "assumir de maiores responsabilidades".

O financiamento das universidades portuguesas será um dos temas principais da reunião dos reitores, integrada nas comemorações dos 31 anos da Universidade dos Açores, que vão decorrer hoje e amanhã na ilha do Faial.

A sessão solene comemorativa do aniversário terá lugar amanhã, no Faial, e será presidida pelo reitor da Universidade dos Açores, Avelino de Meneses.

A anteceder as comemorações dos 31 anos da Universidade dos Açores, o Departamento de Oceanografia e Pescas vai inaugurar, na antiga Fábrica da Baleia de Porto Pim, a base do Centro de Interpretação Marinha Virtual - CIMV3000.

O centro permite uma viagem virtual aos ecossistemas costeiros e oceânicos dos Açores, guiada pelo robô RV 3000 e realizada através de um veículo de exploração subaquática, o CIMV 3000.

Publicado no jornal 'Público' de hoje.

Ensino superior cresceu nas instituições menos procuradas e com médias mais baixas


ESTUDO SOBRE O PERÍODO 1994-2002

Isabel Leiria

Quase metade dos pólos abertos depois de 1994 não consegue hoje preencher 50 por cento das vagas então criadas

Durante um período de quase 20 anos, entre 1994 e 2002, o ensino superior português viu o número de lugares, de alunos inscritos e de docentes aumentar como nunca. O problema é que a expansão não foi sinónimo de maior qualidade, já que aconteceu sobretudo em instituições e cursos com notas mínimas de entrada mais baixas, vagas sobrantes, menores níveis de empregabilidade e níveis de produção científica inferiores.
Seguramente que não era este o objectivo de quem tomou as decisões relativamente ao alargamento da rede, mas foi isto que aconteceu, concluiu Manuel Caldeira Cabral, professor do departamento de Economia da Universidade do Minho, autor do estudo Expansão do sistema de ensino superior nas últimas duas décadas. 
Cruzando os dados relativos à evolução das vagas, alunos inscritos, corpo docente e investigação científica entre 1994 e 2002, Manuel Caldeira Cabral questiona um modelo de crescimento que privilegiou a expansão de unidades, preferencialmente do politécnico, situadas no interior, em cidades mais pequenas e de forma muito dispersa. E diz que a utilização do ensino superior como instrumento de política regional, por vontade dos governos centrais ou como cedência a pressões de autarcas e representantes locais, causou desperdícios e revelou-se muito limitada.
Por exemplo, entre 1994 e 2002, as vagas nos politécnicos públicos fora dos grandes centros urbanos quase duplicaram e o número de docentes foi multiplicado por duas vezes e meia. Mas "o número de estudantes colocados na 1.ª fase do concurso de acesso de 2006 é muito próximo das vagas que estes institutos ofereciam em 1994". 
Ou seja, "os investimentos em infra-estruturas e contratações de pessoal que [a proliferação de cursos] implicou revelou-se uma má estratégia de afectação dos recursos públicos - para além de não ir ao encontro da vontade revelada pelos candidatos, não contribuiu para aumentar a qualidade ou produção científica nem conseguiu dar um contributo duradouro para objectivos de desenvolvimento regional, visto não estar a conseguir atrair alunos para ocupar a capacidade instalada". Isto quando outras instituições tinham falta de meios.


"Má aplicação de fundos"


A partir do momento em que o número de candidatos deixou de ser claramente superior ao de vagas, comprovou-se que muitos dos cursos dos institutos politécnicos eram segundas escolhas, continua o professor da Universidade do Minho. "A forte diminuição de candidatos verificada exactamente nas unidades onde mais se expandiu a oferta demonstra bem os limites de opções políticas que ignoram a evolução demográfica e as preferências há muito reveladas." 
Um dado revelador do desfasamento entre a oferta e a procura traduz-se no facto de quase metade dos pólos de ensino superior criados depois de 1994 não conseguirem hoje preencher sequer 50 por cento das vagas aí criadas, sublinha Manuel Caldeira Cabral no seu estudo (http://www2.eeg.uminho.pt/economia/heredia/index.asp). Ou ainda na constatação de que 19 das 23 unidades que não ocuparam metade das vagas na 1.ª fase do concurso de 2006 estão fora dos grandes centros urbanos, em cidades como Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Tomar, Santarém ou Beja. 
Um dos exemplos mais flagrantes (citado no estudo) aconteceu na Escola Superior de Tecnologia e de Gestão de Bragança que, com um aumento de vagas superior a 300 por cento [mais 580 lugares], entre 1994 e 2002, apenas conseguiu preencher 17 por cento do total de lugares na 1.ª fase do concurso de 2005. 
O crescimento foi "de tal modo enviesado" em favor do privado e do politécnico, continua Manuel Caldeira Cabral, que no final dos anos 90 estas instituições tinham já mais de 50 por cento dos alunos do ensino superior português, contra cerca de 25 por cento no final dos anos 80. "Isto aconteceu apesar de as escolhas dos candidatos revelarem uma clara preferência pelo ensino universitário e pelo público." 
O mais grave, conclui o investigador, é que a quebra de candidatos não decorre de circunstâncias aleatórias, mas da conjugação de factores demográficos, sectoriais (cursos com cada vez menos procura) e institucionais (preferência pelo ensino universitário) conhecidos em 1994. 
Mas a "má aplicação de fundos" não se expressa apenas no desajustamento entre a oferta e a procura por parte dos alunos. O problema é também de qualidade do sistema, diz Manuel Caldeira Cabral. Que se reflecte, por exemplo, "na forte persistência das notas mínimas de entrada, sugerindo que os cursos com maior expansão de vagas foram também os que inicialmente apresentavam médias mais baixas". 
Ou seja, conclui, foram canalizados "importantes investimentos e recursos humanos que se revelaram pouco atractivos para os melhores alunos".

Publicado no jornal 'Público' de hoje.

03 janeiro, 2007

Cursos sem saída vão estar nos dados do desemprego

Filomena Naves e Pedro Sousa Tavares Leonardo Negrão

Muda quase tudo. Ou pelo menos é essa a intenção. Contra as acusações de inércia da oposição política, Mariano Gago garante que está em curso uma reforma que passa pela especialização das instituições, pelas parcerias internacionais, pela alteração radical dos modelos de funcionamento e de gestão das universidades e por uma maior responsabilização em relação ao sucesso escolar dos alunos. A começar já este ano.

O ministro do Ensino Superior garante que "a posição política do Governo" é de que "as propinas não aumentarão" até ao fim da legislatura. "Ao contrário do que pensa grande parte da sociedade portuguesa, não temos estudantes a mais no ensino superior. Isso é falso. Temos estudantes a menos e precisamos de muitos mais. E sabemos que a verdadeira batalha social começa aqui, na atracção de mais alunos", explica Mariano Gago. Para o ministro, "apesar da vantagem para o orçamento das instituições, seria ilógico um aumento de propinas" quando existe este objectivo.

De referir que este compromisso significa apenas que o Governo não aumentará o valor máximo que pode ser pedido (excepto acertos de inflação), que se situa hoje nos 920,17 euros anuais nas universidades e nos 850 euros nos politécnicos. Actualmente, a esmagadora maioria das universidades já cobra a propina máxima, mas nos politécnicos a média ainda se situa nos 750 euros, cem euros abaixo do tecto para o sector.

Em todo o caso, não deixa de ser uma boa notícia para os estudantes. Sobretudo, tendo em conta que, entre 2001 e 2004, as propinas aumentaram cerca de 21% ao ano nas instituições públicas.

O ministro assume também a aposta no reforço da acção social escolar, "para melhorar as condições de acesso dos estudantes com mais dificuldades económicas" e a consolidação de um sistema de "empréstimos reembolsáveis em função do rendimento e que não estejam indexados a uma garantia real". Um sistema que está em negociação com a banca para vigorar já no próximo ano lectivo. Mariano Gago assume que "não foi possível" concretizar esse sistema já este ano lectivo devido à "experiência limitada" que havia nesta matéria: Existem de facto bancos que oferecem empréstimos sem garantias, mas estão limitados aos estudantes com um percurso escolar absolutamente excepcional". No entanto, o ministro considera já existirem condições para se anunciar "com alguma segurança" um sistema que não se resuma "ao 1% dos melhores estudantes".

Que benefícios podemos esperar do novo modelo de cursos definido pelo Processo de Bolonha?

Criar cursos mais curtos, com primeiros e segundos ciclos, teve por objectivo aumentar a empregabilidade e diminuir o insucesso escolar. Muitos estudantes com dificuldades económicas e escolares não terminavam os cursos mais longos. Aliás, nem sequer abordavam esses cursos.

Há quem diga que falta apostar em formações mais qualificantes...

Essa crítica aplica-se a algumas instituições, mas é injusta em relação a outras que têm enorme preocupação com o mercado de trabalho, que têm cursos com enorme qualidade e a preocupação com o trabalho do aluno orientado.
Há quem diga que falta apostar em formações mais qualificantes...

As instituições vão ser obrigadas a acompanhar a inserção profissional dos seus licenciados. Será uma regra bem aceite?

Algumas universidades já estão a seguir e a divulgar de forma sistemática o percurso dos seus licenciados. Mas isso não chega. É preciso fazê-lo de forma organizada e com transparência. E há uma maneira indirecta de o ajudar a fazer: dando informação pública da totalidade dos dados que se encontram nos centros de emprego, relativamente a licenciados no desemprego, com informação sobre os cursos a que correspondem os perfis das pessoas desempregadas.

Identificando cursos e instituições com piores desempenhos?

Sim. É preciso dizer que hoje ser licenciado em Portugal é um passaporte para o emprego, ao contrário do que as pessoas julgam. A taxa de desemprego de licenciados é muito mais baixa e sobretudo o tempo médio para obter emprego é muito mais baixo. Dar informação sobre as áreas e cursos com maiores dificuldades de empregabilidade é útil para as instituições e para os estudantes.

Quando é que esses dados vão ser divulgados?

Isso foi já acordado com o Ministério do Trabalho. Actualmente temos informação por área, mas não por curso e instituição. A alteração do modelo de inquirição vai acontecer já no princípio do ano e, em Junho ou Julho, teremos um panorama realista da situação.

Mas não estão já identificados os casos mais sensíveis, como os licenciados em educação?

Em termos de áreas, o sector da educação corresponde de facto a 31% dos licenciados no desemprego, mas depois há as artes e humanidades com 12%, e uma área que abrange muitas profissões, as ciências sociais, comércio e direito, com 28%.

Defende a redução da oferta excessiva de certos cursos. Isto está a ser conseguido?

Havia uma forma inteligente de o fazer, com a associação entre instituições e a concentração de recursos. Como isso não aconteceu, o Estado introduziu mecanismos de redução de desperdício, para eliminar a prazo o financiamento público nos casos em que o número de estudantes é tão baixo que não o justifica. Mas este é um processo muito lento e é precisa uma regulação externa.

A futura entidade reguladora do sector vai desempenhar esse papel?

Uma das suas principais missões será a orientação da oferta formativa. Fechará cursos inevitavelmente, acelerando e racionalizando um processo que já está em curso.

Falou-se também na fusão entre duas grandes universidades de Lisboa. Que fundamento há nisso?

Nenhum. Racionalizar a oferta educativa significa apenas, em alguns casos, reduzir o número de cursos iguais que se encontram dispersos por inúmeras instituições, de forma a que haja mais pessoal docente qualificado em contacto com os estudantes desses cursos. Isso vai exigir alguma especialização por parte das instituições.

Publicado no jornal 'Diário de Notícias' de hoje.