27 julho, 2012

Visualização de células sanguíneas em microcanais

Ciênci@Bragança
O corpo humano possui aproximadamente cinco litros de sangue, sendo este um dos elementos fundamentais do organismo. Assim, para compreender melhor o seu comportamento e propriedades, têm sido efectuados vários estudos. Um dos grandes desafios atuais é conseguir obter a geometria (tamanho e posição relativa) dos vasos sanguíneos o mais próxima possível da realidade. Uma abordagem possível é a utilização de microcanais (canais com dimensões próximas a um fio de cabelo) em polidimetilsiloxano (PDMS), um silicone. Através desta técnica, conhecida por litografia suave, é possível construir geometrias semelhantes às dos vários tipos de artérias: arteriolas, capilares evénulas.
Para efetuar estes estudos, é necessário efetuar a colheita de sangue animal ou humano e proceder à separação de todos os seus constituintes através de várias centrifugações (processo pelo qual se consegue separar os glóbulos vermelhos do plasma e dos restantes elementos celulares), para se poder obter apenas os glóbulos vermelhos.
Em seguida, é necessário imprimir os micro canais com uma impressora de alta resolução e, com o auxílio de equipamentos existentes numa sala limpa (local com um ambiente controlado para fabricar produtos onde a contaminação por partículas presentes no ar pode interferir no resultado final), é possível obter um molde de uma geometria similar a uma arteríola. O molde é coberto com PDMS, o qual necessita de ir alguns minutos ao forno para se tornar rigido. O passo seguinte é retirar o molde do PDMS, e aderir o PDMS a uma lamela de vidro.
Com o microcanal e a amostra de sangue assim preparados, podemos passar para a última fase deste processo e observar o escoamento das células sanguíneas no interior do microcanal. Com o apoio de um microscópio e de uma câmara de alta velocidade é possível observar, gravar imagens e vídeos dos glóbulos vermelhos para serem estudados, posteriormente, com mais detalhe. Este tipo de estudos são muito importantes, pois permitem melhorar o conhecimento das células sanguíneas e o seu comportamento em microcanais. Possibilitam também o desenvolvimento de novas técnicas e métodos de análises clínicas, com aplicações quer na prevenção quer no tratamento de alguns tipos de doenças.
Publicado em 'Jornal Nordeste' de 24/07/2012.

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