09 maio, 2013

Portugueses combatem "superbactéria" com cogumelos

Investigadores portugueses encontraram nos cogumelos uma forma de combater a "superbactéria" responsável por grande parte das infeções hospitalares em todo o mundo
Investigadores portugueses encontraram nas propriedades antimicrobianas dos cogumelos uma forma de combater a MRSA, uma "superbactéria" responsável por grande parte das infeções hospitalares em todo o mundo. Este micróbio é resistente à penicilina e a todos os antibióticos do mesmo grupo.
O estudo desenvolvido entre a Universidade Católica do Porto e o Politécnico de Bragança utiliza os extratos de diferentes tipos de cogumelos para encontrar uma forma de tratamento eficaz contra a Staphylococcus aureus meticilino-resistente - nome científico da MRSA - que, em 2005, registou uma taxa de mortalidade mais alta do que o vírus da Sida.
"A equipa demonstrou a eficácia de alguns compostos fúngicos contra infeções graves que frequentemente ocorrem em ambiente hospitalar e podem resultar em septicemia, pneumonia ou pericardite", explica a Universidade Católica em comunicado ao Boas Notícias.
A eficácia da terapia foi testada em bactérias de pacientes de um hospital português e os cientistas conseguiram observar que os fungos possuem "propriedades antimicrobianas" que permitem inibir "com sucesso o crescimento destas bactérias".

Projeção internacional
A universidade portuense revela que esta descoberta ganha "especial projeção" a nível internacional tendo em conta "a falta de antibióticos eficazes contra as resistências múltiplas atualmente detetáveis em hospitais".
Este estudo é fundamental para o combate à propagação da bactéria MRSA e para evitar que "as pessoas possam morrer de uma simples infeção". "A busca de novos antibióticos atinge assim um novo nível de urgência", realça a Católica do Porto.
A investigação das duas instituições de ensino portuguesas foi publicada este mês na revista britânica "Journal of Applied Microbiology". Para além da hipótese de tratamento da MRSA, os cientistas acreditam que as potencialidades dos cogumelos podem também ajudar no tratamento de outros vírus e bactérias existentes.

Publicado em 'Boas Notícias'.

6 comentários:

  1. Portugueses identificam nos cogumelos compostos letais para temível bactéria
    O estafilococo áureo multirresistente é insensível à maioria dos antibióticos e pode tornar-se uma ameaça para a saúde pública. Mas os cogumelos poderão estar na base de novos fármacos capazes de o neutralizar

    Uma equipa portuguesa mostrou, pela primeira vez, que certos compostos presentes nos cogumelos são eficazes contra o estafilococo áureo multirresistente (MRSA) - e já começou também a desvendar o mecanismo de acção desses compostos. Os resultados, que poderão permitir desenvolver novos medicamentos contra esta (quase) invulnerável bactéria, são hoje publicados na revista Journal of Applied Microbiology.

    O MRSA é a principal causa de infecções hospitalares no mundo. Já em 2005, a mortalidade anual associada a esta "superbactéria" ultrapassava a do vírus da sida. Mais: estes perigosos microorganismos também começam a aparecer "na rua", em pessoas saudáveis. "A maioria das infecções é hospitalar, mas a dispersão ao nível da comunidade tem aumentado muito", disse ao PÚBLICO Manuela Pintado, da Universidade Católica do Porto (UCP), que dirigiu o trabalho agora publicado.

    Aliás, Sally Davies, directora-geral da Saúde do Reino Unido, também alertava recentemente para o facto de que, daqui por 20 anos, a crescente ubiquidade das bactérias multirresistentes aos antibióticos poderia configurar um "cenário apocalíptico", com as pessoas a morrerem por causa de uma simples infecção devido à falta de qualquer tratamento que as consiga salvar. E por cá, o Ministério da Saúde revelou há uns meses que "Portugal é um dos países da União Europeia com maior taxa de prevalência de infecções" adquiridas em meio hospitalar (ver Governo vai dar prioridade ao controlo das infecções, PÚBLICO de 17/03/2013). E também é um dos países onde a resistência aos antibióticos mais tem aumentado.

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  2. (continuação)
    Acção antibacteriana

    Era sabido, com base em estudos anteriores, que os extractos de algumas espécies de cogumelos silvestres podem agir contra as bactérias. Mas agora, a equipa de Manuela Pintado, da Escola Superior de Biotecnologia da UCP, que se interessa pela identificação de fontes naturais de compostos com acção antimicrobiana, foi mais longe. Em colaboração com colegas do Instituto Politécnico de Bragança, especializados no estudo dos cogumelos ("Trás-os-Montes é uma região muito rica em cogumelos", comenta Manuela Pintado), estes cientistas realizaram, pela primeira vez, a análise sistemática de uma série de substâncias contidas nesses extractos. "Os extractos são misturas e nós quisemos avaliar a actividade composto a composto", salienta a cientista.

    Mais precisamente, avaliaram a actividade contra o MRSA e outras bactérias multirresistentes de 16 compostos presentes em diversas espécies de cogumelos, vindas de países como Portugal, Espanha, Finlândia, Turquia, Índia, Coreia do Sul - e algumas das quais comestíveis.

    Como? Introduzindo esses compostos em amostras biológicas colhidas junto de doentes infectados que se encontravam internados na Unidade de Chaves do Hospital de Trás-os-Montes e Alto Douro. Resultado: seis dos 16 compostos revelaram ser "bastante activos" contra a bactéria MRSA em particular, diz-nos ainda Manuela Pintado. Pergunta seguinte: por que é que esses compostos eram mais activos do que outros?

    Mas antes de mais, é preciso dizer que os antibióticos mais utilizados (do grupo da penicilina) actuam destruindo as bactérias ao ligarem-se (inibindo a sua função) a uma proteína bacteriana chamada PBP (penicillin-binding protein). Esta proteína é crucial para as células bacterianas manterem a integridade física da sua membrana. Ao serem atacadas pelos antibióticos, as bactérias não conseguem portanto reconstruir o seu invólucro e rebentam.

    Já no caso do MRSA, isso não acontece porque esta bactéria multirresistente conseguiu "adquirir" um gene que altera a proteína PBP (para uma variante designada PBP2a), fazendo com que os antibióticos não se consigam ligar a ela para surtir o seu efeito destruidor. Há algumas alternativas aos antibióticos convencionais, mas a sua utilização é mais delicada. "A vancomicina, que é hoje usada como alternativa [nestes casos], exige a hospitalização do doente e muitos cuidados médicos", explica Manuela Pintado. Donde a importância - e a urgência - de "descobrir novas alternativas tão eficazes como a penicilina".
    (cont2)

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  3. (continuação2)
    Tendo identificado os compostos mais activos, os investigadores determinaram a estrutura química de base - "nuclear" - comum a todos eles para tentarem perceber o mecanismo de acção ao nível molecular. E descobriram então que, ao que tudo indica, o efeito anti-MRSA se deverá, justamente, à capacidade de esses compostos se ligarem à PBP2a, impedindo o seu correcto funcionamento. Uma explicação ainda especulativa, mas que é reforçada por outra descoberta dos mesmos cientistas: o facto de os ditos compostos não terem qualquer efeito sobre as bactérias que possuem uma proteína PBP normal. "Isso comprova o mecanismo de acção que nos propomos", frisa Manuela Pintado.

    Porém, mesmo depois de confirmados os resultados agora anunciados, a sua aplicação clínica remete para um futuro mais ou menos distante: "Os nossos resultados podem servir como modelo, mas um novo fármaco leva dez a 15 anos" a entrar na clínica, explica ainda a cientista. Mas não duvida de que a descoberta constitui "uma abertura muito grande em termos da possibilidade de desenvolver novos fármacos".

    Seja como for, a procura de inéditas substâncias antibacterianas não vai parar aqui: "As bactérias vão sempre encontrando novas soluções contra os medicamentos e a escassez de moléculas activas é cada vez maior", constata a cientista.

    em Público

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  4. Investigadores portugueses identificam cogumelos letais para bactérias resistentes

    Um grupo de investigadores portugueses concluiu que o extracto de alguns cogumelos pode ajudar no combate a bactérias multirresistentes e são mesmo eficazes contra infeções graves. A pesquisa, publicada numa revista científica estrangeira, envolve investigadores da Universidade Católica, do Instituto Politécnico de Bragança e do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes.

    A Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Universidade Católica Porto descobriu uma nova forma de combater o Staphylococcus aureus meticilino-resistente (também conhecido como MRSA), uma bactéria particularmente difícil de tratar por ser resistente à penicilina e a todos os antibióticos do mesmo grupo. A equipa de investigação da ESB demonstrou “a eficácia de alguns compostos fúngicos contra infeções graves que frequentemente ocorrem em ambiente hospitalar e podem resultar em septicemia, pneumonia ou pericardite”, explica a ESB numa nota à comunicação social.

    Os investigadores utilizaram cogumelos originários de vários países e testaram diferentes compostos obtidos desses produtos, em bactérias patogénicas isoladas de pacientes de um hospital português. “Os resultados revelam que a solução extraída deste tipo de fungos possui propriedades antimicrobianas e por isso inibe com sucesso o crescimento dessas bactérias”, lê-se na nota.

    Esta descoberta da Escola Superior ganha maior destaque tendo em conta a falta de antibióticos eficazes contra as resistências múltiplas atualmente detetáveis em hospitais - “o que pode levar a que, em apenas 20 anos, as pessoas possam morrer de uma simples infeção”, acrescenta a nota. A descoberta abre caminho ao desenvolvimento de novas moléculas para combate às multirresistências.

    Os resultados do trabalho realizado pelos investigadors portugueses foi publicado no dia 8 deste mês na revista científica «Journal of Applied Microbiology».

    A Escola Superior de Biotecnologia (www.esb.ucp.pt) integra a Universidade Católica no Porto e foi pioneira no lançamento da formação em Engenharia Alimentar em Portugal, há já 25 anos, oferecendo ainda a única licenciatura em Microbiologia existente no país. O suporte científico aos vários cursos é garantido pela investigação desenvolvida no seu Centro de Biotecnologia e Química Fina, que detém actualmente o estatuto de Laboratório Associado do Estado.

    em Mundo Português

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