20 julho, 2009

Desenho de videojogos chega este ano ao superior

Pela primeira vez, duas instituições do ensino superior público, os politécnicos de Bragança e de Barcelos, lançam licenciaturas na área dos videojogos. O DN foi saber o que é preciso para treinar criativos na área que é negócio de milhões
As candidaturas só começam hoje a entrar. Mas o professor Rui Pedro, da Escola Superior de Mirandela, do Politécnico de Bragança, já não tem muitas dúvidas de que as cerca de 40 vagas criadas na 1.ª fase de acesso, para o novo curso Design de Jogos Digitais, serão integralmente preenchidas.

"Confesso que não tinha certezas sobre a receptividade que iríamos ter", admite o director desta escola transmontana. "Mas a avaliar pelos contactos que temos recebido, vai correr tudo bem". Nos últimos tempos, conta, chegaram chamadas desde "Barcelona ao Alentejo". Há estudantes do extremo oposto do País "à procura de casa" em Mirandela. E um aluno que acaba de terminar o mestrado noutro curso do Politécnico já avisou que se vai inscrever.

O motivo para tanto entusiasmo é compreensível: durante muito tempo, Portugal não teve qualquer formação de nível superior orientada especificamente para os videojogos. Mesmo perante o interesse de muitos estudantes - e algumas empresas mais ousadas.

Este ano, no entanto, o sector parece ter definitivamente acordado. Além do curso de Mirandela, o Politécnico do Cávado e do Ave (Barcelos) lançou a Engenharia de Jogos Digitais, com 35 vagas. E consta que o Instituto Superior Técnico e algumas escolas profissionais estão também a preparar ofertas de menor duração.

Parte da explicação para a demora vem dos custos e da logística envolvidos. A escola superior de Mirandela, onde a ideia, lançada por uma professora, começou a amadurecer "há cerca de 10 meses", tem a vantagem de já oferecer formações nas áreas da comunicação e dos multimedia. Mesmo assim, segundo o professor Rui Pedro, só a felicidade de encontrar parceiros experientes dispostos a ajudar a lançar o projecto permitiu reunir as condições - nomeadamente ao nível dos docentes qualificados - para convencer o Ministério do Ensino Superior a aprovar o curso.

"Nesses 10 meses, estivemos em vários países: na Finlândia, em Espanha, no Brasil", conta. "Em Espanha visitámos os Estúdios da Disney. Disseram-nos que não tinham esta vertente dos videojogos, mas como gostaram do nosso projecto acabámos por fazer uma parceria para oferecer estágios curriculares e não curriculares aos alunos deste curso".

Ao nível dos equipamentos, foi feito um investimento em 16 servidores que aceleram o processamento de imagens. Falta "um dispositivo de 'motion capture', que será usado a partir do 2.º ano, que tentaremos entretanto adquirir".

Por se tratar de um primeiro ano, não é possível antecipar quais serão as medias de entrada. No entanto, atendendo à procura, não será certamente uma brincadeira pertencer á primeira fornada de designers de videojogos formados em Portugal.

Publicado em 'DN'.

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