15 junho, 2010

Boas ideias de negócios também surgem em Bragança

Ter uma ideia em Lisboa é bonito mas não funciona em Bragança. É precisamente para combater esse mito que uma empresa de Lisboa, a Ideiateca, juntamente com o núcleo de alunos de Gestão do Instituto Politécnico de Bragança, quer lançar um concurso de ideias.

Aproveitar os recursos da região de Bragança e a mão-de-obra qualificada que todos os anos sai do Instituto Politécnico de Bragança para criar empresas inovadoras que possam ajudar a desencravar a região.

Uma ideia para um concurso que nasceu de uma conversa entre o director da Ideiateca e alguns alunos do IPB.

“Os alunos todos têm medo, não sabem se funciona. Mas numa escola como esta, aparecem negócios possíveis e impossíveis. E alguns a partir dos produtos endógenos, como o castelo, o lago, o vinho, a castanha, os desportos radicais. Há seguramente dez mil ideias de negócios que são potencialmente interessantes”, garante.

Manuel Forjaz até deixa algumas pistas para ideias de possíveis negócios.

“Um dos alunos falava-me da castanha. Mas é boa para quê? Ninguém sabia. Se calhar é boa para o colesterol, para a glicemia. Se calhar é preciso pensar em derivados químicos, farmacêuticos, doce de castanha, arroz de castanha… Não sei, mas só com a castanha, que aqui se faz muito e bem, há-de haver 500 ideias de negócios”, sublinha. “É claro que vamos ouvir sempre que isso já existe, que não funciona. São as abordagens típicas de quem quer que tudo fique na mesma.”

Manuel Forjaz falava à margem das jornadas de Gestão do IPB.

E apesar de esta região estar afastada dos grandes centros de decisão, há ideias que só dão resultado em Bragança.

“Lisboa não tem castanhas. Há um conjunto de activos que podem vir a produzir riqueza porque só estão cá. Por outro lado, há um conjunto de negócios, neste mundo da internet. O que Bragança tem que Lisboa não tem? Um custo de horário mais baixo, facilidade de recrutamento. Aqui temos 200 ou 300 licenciados em Gestão ou engenharia biomédica que em Lisboa não há, porque são recrutados pelas grandes empresas. Há-de ter uma parte patrimonial não usada. E a desertificação há-de estar a deixar aldeias vazias que poderão ser centros de inovação, ou artísticos. É preciso é encontrar a diferença, a oportunidade. Quais são as potenciais ideias geradoras de emprego.”

Apesar da crise actual, Manuel Forjaz considera que o maior problema para as boas ideias avançarem no Interior do país é a falta de união.

À margem de uma conferência sobre as dificuldades de as boas ideias vingarem no Nordeste Transmontano, Manuel Forjaz diz que se as pessoas quiserem, podem fazer desta região um pólo de atracção de empresas.

“Se fizer o que tiver para fazer muito bem feito, é indiferente o sítio onde o faça. Os Bill Gates, os Carlos Slims, não nasceram nas grandes cidades. O que fez deles grandes homens de negócio não foi o facto de nascerem em Lisboa ou no Porto. Foi a qualidade da ideia, a solução e diferenciação. Aonde há vontade há poder. E a região fará dela o que quiser. Se quiserem fazer de Bragança a Sillicon Valley, conseguem. Se quiserem fazer de Bragança a nova Champanhe, conseguem. Eu acredito nas pessoas. A ideia de regionalização, a desertificação, a lamúria permanente, é que é preciso acabar.”

As boas ideias a poderem florescer também no Nordeste Transmontano.

Publicado em 'Rádio Brigantia'.

3 comentários:

  1. Como há cinquenta anos, continua-se deslumbrado por aquilo que se gosta de ouvir.

    ResponderEliminar
  2. «...o maior problema para as boas ideias avançarem no Interior do país é a falta de união»

    foi esta a questão + honesta que li e poderia ser mais completa, porque o problema não acaba ai, é a falta de apoio das instituições competentes para o assunto, é a total desconexão entre as diferentes instituições, e acho melhor não continuar, porq como diz o comentario anterior «continua-se deslumbrado por aquilo que se gosta de ouvir» e talvez essa ilusão seja desejável....
    emilia

    ResponderEliminar
  3. fico contente de saber que nao sou so eu a pensar assim
    nasci en Bragança et desde à 22 ans que resido en França
    desde algun tempo que deséjo montar un negocio na minha terra natal ,se nao o fiz é pour falta de informaçao de uniao,o que me provoca uma grande esitaçao pois nunca encontrei a boa pessoa para me ajudar ou apoiar a concretizar esse projeto.

    ResponderEliminar