14 junho, 2013

O sétimo Congresso Florestal Nacional juntou em Bragança e Vila Real mais de 300 participantes

É preciso criar condições para evitar fogos de grande dimensão
A floresta portuguesa tem ainda muito que melhorar, nomeadamente no controlo sanitário e das pragas que nos últimos anos têm expandido a área da sua influência. Os fogos florestais, as dificuldades de intervenção e os obstáculos de financiamento para o sector estão também à cabeça das grandes preocupações dos que estão ligados à floresta.
Estes assuntos estiveram em destaque nas cidades de Bragança e Vila Real, que receberam o sétimo Congresso Nacional Florestal, de 5 a 8 de junho, um evento só realizado de quatro em quatro anos.
A questão da organização do sector e do ordenamento do território para responder às necessidades da sociedade e dos proprietários (ligação estreita entre Estado – Populações e Privados) estiveram em debate. Foram discutidos aspectos do cadastro e da titularidade dos terrenos e os problemas de ordenamento associados, assim como a importância de assegurar os interesses das comunidades locais com particular ênfase nas áreas baldias, tema sobre o qual existe a necessidade de uma profunda discussão pública, deu conta Maria do Loreto Monteiro, presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências Florestais e docente da Escola Superior Agrária de Bragança. Este responsável reconheceu o trabalho que se tem feito ao nível da deteção, do combate e da primeira intervenção aos incêndios florestais, mas apesar do muito que se evoluiu “não pode satisfazer a ninguém o que está feito”. Admitindo que há muito a fazer ao nível da prevenção, João Bento, vice-presidente da sociedade e docente na UTAD, deu conta que as operações de limpeza “são extremamente caras”, o que muitas vezes desmotiva os proprietários florestais. “Antigamente com os trabalhos rurais e com os animais garantia-se a custo zero a manutenção, esse esforço actualmente tem contrapartidas financeiras e energéticas brutais”, acrescentou. A floresta portuguesa “está longe de ser o apanágio de uma floresta limpa tal como é divulgado”, sublinhou e defendeu que “boa parte das disponibilidades financeiras para o setor deviam estar bem mais voltadas para as iniciativas de prevenção do que aquilo que são”. Há alguns apoios aos proprietários integrados nas zonas de intervenção florestal. “Agora é ilusório pensar que de Vila Real de Santo António a Caminha toda a nossa floresta pode ser árvores e mais nada, não é isso que se pretende. Pretende-se que existam áreas seguras em termos de acidente para evitar incêndios de grandes dimensões e incontroláveis, mas o fogo está presente em verões com temperaturas elevadas e deficiências de água. Não se pode é criar situações de queima incontrolada e expansão demesurada e falar de fogos de milhares de hectares”, descreveu o docente.
O congresso demonstrou “que existe vitalidade no setor e capacidade de crescer nos vários segmentos”, referiu Maria do Loreto Monteiro. A necessidade de explorar novos produtos traduz-se ao longo da fileira na necessidade de inovar, desenvolver e aplicar técnicas e conhecimentos que possam potenciar os produtos da floresta. “Vimos exemplos na área de utilização da madeira na construção, os avanços nas novas aplicações de cortiça e o potencial associado à utilização da nanotecnologia na indústria papeleira”, enumerou a presidente.

Publicado em 'Mensageiro de Bragança' de 13 junho 2013.

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