21 novembro, 2013

“Os politécnicos e universidades são âncoras de esperança no Interior”

O peso das instituições de ensino superior no PIB das regiões onde estão instalados varia entre os 5 e os 11%. Segundo Joaquim Mourato, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos, o impacto direito destas instituições varia entre os 27 e os 171 milhões de euros.
30% dos 4689 cursos estão concentrados em 3% do território nacional (distrito de Lisboa). E metade estão nos distritos de Lisboa e Porto.
 
O presidente do conselho geral do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), ex-presidente desta instituição e um dos seus fundadores, comparou as instituições de ensino superior do interior aos antigos quartéis militares no que respeita à coesão do país, “pois contribuem para o desenvolvimento das regiões onde estão localizadas”.
Dionísio Gonçalves disse durante a abertura do I Congresso do Ensino Superior do Interior, que decorreu em Bragança nos dias 14 e 15, que é preciso sensibilizar o Governo e a opinião pública para o erro que seria fechar instituições de ensino no interior, bem como exigir ao Estado as condições mínimas para que este ensino superior mantenha a competitividade.
A iniciativa juntou em Bragança as associações de estudantes e responsáveis dos institutos politécnicos de Beja, Castelo Branco, Portalegre, Guarda, Tomar, Viseu e das universidades da Beira Interior, Évora e Trás os Montes e Alto Douro. Juntos numa só voz as instituições de ensino do interior querem “mostrar ao país o papel que desempenha o ensino superior na coesão e desenvolvimento regional”, realçou Sobrinho Teixeira, presidente do IPB.
Este papel passa por uma questão económica, o número de alunos que existem nas cidades do interior são importantes também pelo dinheiro que lá deixam, bem como tudo o que induzem a nível social e cultural. “Por cada euro investido pelo Estado há um retorno de oito euros”, acrescentou o responsável. Por outro lado, há também a ligação às regiões em termos de investigação aplicada, geração de novas empresas e criação de inovação no interior.
Se o país tem que conhecer o que impulsiona o ensino superior, também precisa de conhecer os custos. O ensino politécnico representa menos de 9% no bolo total do orçamento do ensino superior. Somando as três universidades do interior passa a representar 16% desse orçamento. “Se virmos o retorno que o próprio orçamento representa em função da realidade e das sinergias criadas, eu penso que é dos euros mais investidos pelo Estado”, referiu Sobrinho Teixeira.
O presidente do politécnico brigantino refuta a ideia, que considera “errada”, que as instituições de ensino superior do interior captaram menos alunos este ano. “Infelizmente, hoje as pessoas que geram opinião (opinonmakers) não têm tempo para analisar a informação de forma devida. O que hoje é a realidade do politécnico de Bragança é a da maior parte do interior, e nada tem a ver com essas opiniões”, sublinhou.
Na primeira fase de candidatura o IPB contou com 600 alunos, mas no final entraram mais de dois mil novos estudantes, através de outras formas de candidatura, como os CET e os Maiores de 23. A UTAD também manteve o número de entradas de anos interiores relativamente ao 1º e 2º ciclo. “O problema que existe é saber se queremos ter um país mais inclusivo. Um país tem que ter uma política diferenciadora”, realçou Fontainhas Fernandes, reitor da UTAD. Para este responsável “os politécnicos e universidades são âncoras de esperança para quem vive no interior”, porque fixam pessoas e emprego. Na NUT2 apenas duas áreas conseguem fixar pessoas, Bragança e Vila Real.

Fusão entre IPB e UTAD não agrada aos seus presidentes

Quer Sobrinho Teixeira quer Fontainhas Fernandes, reitor da UTAD, não defendem a fusão entre as duas instituições da região transmontana. Os responsáveis comungam da ideia de que “é essencial manter a autonomia das instituições”. Ainda assim, consideram “essencial” uma maior interrelação entre as várias valências de ambas.
“Juntos em defesa da região, mas com duas instituições. Porém com uma forma de pensar similar ou igual em defesa da região”, sublinhou o presidente brigantino.
Também Fontainhas Fernandes opina que a região ficará mais forte se tiver “duas instituições fortes e autónomas”, com articulação no plano do ensino, da investigação e da transferência de tecnologia. “Ambas as instituições têm uma forte ligação ao território e esta ligação é fundamental, sob pena de perdermos o país”, afirmou.
Um dos exemplos de cooperação mais bem sucedidos entre o IPB e a UTAD é o Parque de Ciência e Tecnologia, com dois pólos, um em Bragança e outro em Vila Real.

Publicado em 'Mensageiro de Bragança'.

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