12 setembro, 2014

IPB foi a quarta instituição de ensino superior que mais cresceu na primeira fase do concurso nacional

Mais alunos procuram o Interior transmontano
Num ano em que, a nível nacional, entrou mais um por cento de alunos no Ensino Superior na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso, o Instituto Politécnico de .Bragança foi a quarta instituição, a nível nacional, que mais cresceu. Recebeu este ano mais de 470 alunos, o que equivale a um aumento de 12,5 por cento.
Ainda assim, Sobrinho Teixeira, o presidente da instituição, acredita que ainda serão preenchidas muitas mais vagas.
Aliás, o próprio instituto aumentou, este ano, as vagas lançadas a concurso (mais 30) de forma a poder acomodar todos os candidatos que surgem numa fase posterior, provenientes do estrangeiro e dos Cursos de Especialização Tecnológica. “Se olharmos para o panorama das entradas, vão ver alguns cursos que tiveram muito poucas entradas. Menos do que no ano passado mas queria deixar uma mensagem de conforto porque em 2013 aconteceu o mesmo mas, depois, tivemos os cursos cheios através das formas pró-ativas e menos ortodoxas de captação de alunos”, explicou.
O presidente do IPB refere-se, nomeadamente, aos cursos de especialização tecnológica, aos cursos de ensino profissional ou alunos internacionais. “Para isso muito ajudou a posição que o IPB conseguiu no ranking da União Europeia, que se situou entre as dez melhores instituições de ensino superior a nível nacional – melhor politécnico do país – e um aluno internacional quando decide vir estudar para Portugal e escolhe a instituição, olha para dois fatores: um, a qualidade da própria instituição. Outro, a qualidade e o custo de vida da região para onde vai. Este ranking deixa o instituto muito bem colocado mas o custo e a qualidade de vida tem uma relação de custo benefício muito boa”, explica o responsável do IPB.
De facto, apesar dos indicadores mostrarem a confiança crescente dos alunos que se candidatam ao Ensino Superior na oferta disponível no Nordeste Transmontano, o grosso dos alunos que, todos os anos chegam ao IPB, vem noutras fases. “No ano passado, estas entradas representaram cerca de 60 por cento das que o Politécnico de Bragança teve. Aquilo que vem do Gabinete Nacional de Acesso representa apenas cerca de 40 por cento do total de entradas”, nota Sobrinho Teixeira, que espera “ um crescimento na segunda fase”. “Mas estamos à espera de crescer ainda mais é no público estrangeiro”, sublinha. “No ano passado tivemos cerca de 550 alunos através do sistema nacional de acesso e, no total, ultrapassámos os 1200. Representa muito mais este tipo de público e a sua importância para o instituto”, revela.
Vagas por preencher são estratégicas 
O IPB tem muitas vagas por preencher mas há uma razão para isso, explica Sobrinho Teixeira.. “Quando oferecemos as vagas para o sistema de acesso ao Ensino Superior, temos de oferecer o conjunto total de vagas, quer para os alunos do sistema nacional de acesso, quer para os que vêm dos novos públicos e os alunos internacionais. Se diminuíssemos o número de vagas para termos, aparentemente, em termos de imagem, uma taxa de ocupação maior, pareceríamos melhor mas iríamos perder alunos porque, depois, não teríamos vagas suficientes para acomodar esses alunos, que se matriculam tendo em conta as vagas sobrantes do sistema nacional de acesso. E se não tivéssemos vagas sobrantes do sistema nacional de acesso, não poderíamos matricular esses alunos. Seria uma perda global para o instituto e para a região”, frisa.
Apesar de tudo, o número absoluto de alunos entrados (cerca de 470) é maior do que a maioria das instituições. É das maiores a nível do ensino politécnico do interior. “Este ano temos 1100 alunos de CETs. Seria muito mau que os que querem seguir para licenciatura não tivessem essa oportunidade e, por isso, precisamos deste conjunto de vagas”, sublinha. Por isso, não se mostra preocupado com o facto de haver cursos com poucas vagas preenchidas, até porque a situação altera-se rapidamente, como aconteceu em 2013. “Por exemplo, Engenharia Agronómica teve, nesta fase, zero alunos entrados. O número de alunos a frequentar é de 39. Tivemos de fazer uma reconversão interna de vagas para dar cobertura a tudo isso. Engenharia Eletrotécnica, teve zero alunos através do sistema nacional de acesso mas teve 26 a frequentar o curso. Felizmente preparámo-nos com alguma antecedência para esta realidade porque prevíamos que esta situação acontecesse. Vimos as portarias que estavam a ser publicadas e que iriam condicionar muito as entradas dos alunos e, portanto, preparámos a instituição para ter uma capacidade reativa e antecipada relativamente a esta situação”, conclui.
O estranho caso das ciências agrárias 
Tal como no resto do país, este ano os cursos de engenharia foram os mais atingidos pela quebra de procura. “Até as instituições de referência foram atingidas. O instituto Superior Técnico teve cinco cursos em que não completou as vagas”, nota Sobrinho Teixeira.
Mas no IPB, os alunos percebem a motivação e a necessidade de haver gente qualificada nas áreas tecnológicas. “O ano passado foi um ano pior em termos de entradas. Existe um limiar mínimo para o funcionamento dos cursos e o IPB não perdeu nenhum”, refere. O maior aumento este ano foi na área da gestão e da área do turismo. “Há a perceção de que Portugal está a apostar cada vez mais no turismo”, diz o presidente do IPB. “Ao contrário, e que me parece que é um estigma, é no ensino agrário. Estando Portugal a fazer uma nova revolução agrícola, grande parte do crescimento económico e do retorno vem da área agrícola, o próximo Quadro Comunitário de Apoio vai ser muito expressivo na área agrícola, e os alunos têm um estigma relativamente a esta área, não querendo frequentar esses cursos. E isso é transversal a nível nacional. Mas o IPB depois esgota as vagas todas com os alunos dos CETs porque, estando cá há um ano, percebem a empregabilidade, a qualificação que vão obter e o retorno dessa qualificação relativamente à produtividade obtida e acabam por escolher esses cursos.
É extraordinário que os alunos, quando estão informados, escolhem, mas o estigma das perceções, é terrível em Portugal. Estamos muito pouco informados e fazemos juízos de valor com falta de informação”, lamenta o presidente da instituição.

Publicado em 'Mensageiro'.

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