29 outubro, 2015

Estratégia de combate à fome na CPLP começou a ser delineada no IPB


O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) vai participar na definição de uma estratégia para o combate à fome e a manutenção da segurança alimentar nos países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), adiantou Hélder Muteia, representante da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura) em Portugal, à margem da primeira Reunião do Comité de Coordenação do Mecanismo de Facilitação da Participação das Universidades no CONSAN- CPLP, que teve lugar na Escola Superior Agrária na quinta e sexta-feira.
Este primeiro encontro teve como objectivo “refletir sobre o problema”, referiu aquele responsável, bem como sobre a participação dos diferentes atores da academia, sociedade civil e comunidade empresarial nos sistemas agro-alimentares e de segurança alimentar para “garantir a governança participativa em que possamos pôr em consideração todos os factores importantes”, acrescentou. A complexidade dos sistemas agro-alimentares requer a participação de multi-actores para definir prioridades e um plano de acção.
Sobrinho Teixeira, presidente do IPB, considera importante a união dos países da CPLP para combater a fome, que já constituíram um comité para aconselhar sobre a estratégia a seguir, no qual as instituições de ensino superior têm uma palavra a dizer. “A escolha de Bragança para a primeira reunião é simbólica e tem que ver com o facto de o IPB ser uma referência nos países da comunidade da lusofonia. Temos vários mestrados de referência na área, como o da Qualidade e Segurança Alimentar, que já foi lecionado em São Tomé e será ministrado em Moçambique, e temos cá diversos alunos e docentes de Angola, Cabo Verde e Timor”, referiu. O IPB disponibiliza ainda outros mestrados, com Agroecologia e Agricultura Tropical, este último é único no país. “Temos capacidade instalada para dar formação e apoio”, acrescentou.
Em causa está a garantia de disponibilidade e o acesso aos alimentos em vários países onde ainda há carências, mas também do posto de vista social para garantir dignidade e possibilitar o desenvolvimento económico. “Os pequenos produtores e agricultores são fundamentais neste processo para ajudar a aumentar a disponibilidade dos alimentos e ajudando a encontrar as melhores soluções sustentáveis”, explicou Hélder Muteia. Cerca de 70% dos alimentos que são consumidos nestes países provêm da pequena agricultura, pelo que o representante da FAO defende um aumento dos apoios e políticas públicas adequadas ao sector, bem como a existência de mercado “pois muitas vezes são relegados para segundo plano e negligenciados”.
No universo total da população dos países da CPLP, cerca de 200 milhões de habitantes, 22 milhões passam fome. “Um número inaceitável”, afirmou Hélder Muteia que considera que a comunidade tem que fazer alguma coisa e materializar a estratégia em acções concretas que passam pela cooperação, partilha de tecnologias e de informação sobre o mercado. “Temos de avançar de forma mais decisiva e mostrar que não pactuamos com esta situação que não dignifica a humanidade”, destacou. A próxima reunião vai decorrer em Timor Leste.

Publicado em 'Mensageiro'.

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