24 maio, 2012

Quando a Terra treme

Ciênci@Bragança
O mundo vê-se periodicamente confrontado com um dos tipos de catástrofes naturais mais temidas: os terramotos, tremores de terra ou sismos. Especialmente mortíferos quando ocorrem em regiões muito populosas, sobretudo naquelas onde existem construções pouco ou nada preparadas para lhes resistir, os sismos são fenómenos geológicos muito frequentes, estreitamente relacionados com a constituição interna do nosso planeta.
O interior da terra é quente e constituído por várias camadas, umas líquidas, outras sólidas. A camada mais externa e que portanto está mais perto da superfície - a que chamamos crosta - é constituída por várias placas tectónicas. Os locais onde estas placas se encontram são as chamadas falhas e é sobre estas regiões que ocorrem, com muita frequência, episódios de libertação de energia. Esta energia é libertada em consequência de movimentos de gases nas camadas profundas da Terra, que leva a que as placas se movimentem, podendo chocar entre si, afastar-se ou simplesmente deslizar umas pelas outras.
O tremor de terra é a manifestação de libertação de energia: um fenómeno de vibração brusca e transitória da superfície terrestre. Há abalos sísmicos diariamente em todo o planeta, a grande maioria demasiado pequenos para serem detetados por nós, sem instrumentação apropriada.
O ponto onde se dá a libertação de energia pode situar-se a uma profundidade maior ou menor, consoante o local da Terra onde se dá a rutura. Chamamos a este ponto o epicentro. Quando o epicentro se situa muito próximo da superfície e se dá o infortúnio de este se encontrar junto a zonas habitadas, as consequências podem ser particularmente catastróficas. Foi o que sucedeu no Haiti, em janeiro de 2010, com o epicentro a localizar-se a baixa profundidade e muito próximo da capital do país. O facto de se tratar de um país muito pobre, onde a construção não incorpora técnicas que possibilitam alguma resistência aos sismos, tornou os efeitos ainda mais devastadores. No terramoto que ocorreu ao largo do Japão, em 2011, e de que a nossa memória ainda está bem fresca, sobretudo pelos efeitos indiretos da onda gigante que se formou (tsunami), uma das razões pelas quais o impacto nos edifícios se revelou menor, foi o facto de neste país os edifícios já serem construídos de modo a resistir aos sismos.
Há essencialmente dois modos de medir a intensidade de um sismo: através da escala de Richter e da escala de Mercalli. A primeira traduz a energia libertada no terramoto, medindo concretamente a amplitude das ondas sísmicas, com base em registos sismográficos. A escala de Mercalli, por seu lado, qualitativa e menos científica, mede de alguma forma os efeitos (danos) nas estruturas das construções e as sensações percebidas pelas pessoas.
No Centro de Ciência Viva de Bragança é possível compreender o que acontece durante um sismo e fazemo-lo com as nossas próprias mãos. O sismo é simulado através de um impacto num saco de boxe. Podemos então compreender, através de gráficos muito simples, a natureza das várias ondas sísmicas que são geradas e ainda estimar a intensidade do terramoto de acordo com as escalas de Richter e de Mercalli.
João Paulo Matias
Publicado em 'Jornal Nordeste'.

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