06 novembro, 2015

Produtores de lúpulo querem apostar em variedades mais rentáveis

Produtora de cerveja artesanal no Porto lançou cerveja e campanha para apoiar os produtores de lúpulo de Bragança. IPB e Direcção Regional de Agricultura também querem apoiar a introdução de novas variedades desta cultura
 A empresa “Os Três Cervejeiros”, com sede no Porto, está a levar a cabo uma campanha de apoio à produção de lúpulo em Portugal, que resiste apenas no distrito de Bragança com um produtor em Pinela e outro em Vinhas.
A empresa, que produz a cerveja artesanal da marca “Sovina”, esteve presente na última edição das Jornadas de Lúpulo e Cerveja, organizadas pelo Instituto Politécnico de Bragança no verão passado, e decidiu produzir uma cerveja com lúpulo fresco, colhido em Bragança.
No entanto, os ingredientes da cerveja artesanal são normalmente importados, pois em Portugal não existe produção de lúpulo aromático, o mais apreciado para esta cerveja. “Praticamente todos os ingredientes vêm de fora. O lúpulo que eles produzem é um lúpulo de amargor que não tem muito interesse para as cervejas artesanais. Estamos mais interessados em lúpulos aromáticos, que são lúpulos com muito mais valor acrescentado no mercado”, referiu ao Jornal Nordeste Arménio Martins, mestre cervejeiro desta empresa.
Para produzir a cerveja de lúpulo fresco, os empresários portuenses foram a Pinela colher o lúpulo no final do verão passado. Dias depois, o campo foi atingido por um mini tornado, que destruiu parte da estrutura do campo, totalizando um prejuízo de cerca de 50 mil euros. Uma situação que levou a “Os Três Cervejeiros” a lançarem a campanha “Apoio á produção de lúpulo em Portugal”, através da plataforma crowdfunding, disponível na internet. “Ficámos sensibilizados com a tragédia e decidimos lançar uma campanha para tentar dar uma pequena ajuda ao produtor. Uma parte das vendas das garrafas de cerveja de lúpulo fresco reverte também a favor da campanha”, conta Arménio Martins. A campanha decorre até ao dia 14 deste mês e tem como objectivo angariar, pelo menos 2500 euros. O objectivo é apoiar o produtor de Pinela, António Rodrigues, a recuperar a plantação perdida com a tempestade, com a oferta das primeiras plantas para o seu viveiro no valor de 1500 euros. A empresa quer ainda ajudar o produtor de Vinhas, Humberto Sá Morais a introduzir espécies mais rentáveis, com uma oferta no valor de mil euros. “Sabemos que a região de Trás-os-Montes tem as condições ideias para a plantação de lúpulo e estamos a tentar com o IPB e os produtores revitalizar a produção de lúpulo no distrito de Bragança, acrescentou Arménio Martins.
O produtor de Pinela, explica que além da empresa de cerveja artesanal, o Instituto Politécnico de Bragança vai prestar apoio técnico para ensaiar a plantação de novos tipos de lúpulo. “Os lúpulos aromáticos nunca foram ensaiados em Portugal. Vamos testar novas variedades para ver se podem ser rentáveis nesta região. As plantas têm um custo um pouco elevado, uma vez que terão de vir de viveiristas alemães”.
O Direcção Regional de Agricultura do Norte também já se mostrou disponível para apoiar os produtores de lúpulo. Além de estar a acompanhar o caso da destruição parcial do campo de lúpulo em Pinela, este organismo está empenhado em encontrar formas de apoiar especificamente esta produção, através de fundos comunitários. “O acompanhamento desse caso é um assunto e outra coisa é estarmos a pensar fazer com que, em relação ao lúpulo, haja um incentivo para haverem mais projectos. Mas isso depende muito dos preços de mercado do lúpulo que, neste momento, não são internacionalmente vantajosos e, portanto, estamos a estudar até quando será estratégico ou não avançar nessa linha”, referiu o director regional, Manuel Cardoso.

Publicado em 'Jornal Nordeste'.

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