05 novembro, 2015

SOS para recuperar os rios repovoando-os com espécies autóctones


Salvar os rios do Nordeste Transmontano e as suas espécies autóctones, que estão em risco de desaparecer, é a missão principal do “SOS- Save our spicies”, um projeto desenvolvido em parceria entre o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e várias associações locais para proteger os peixes e valorizar os cursos de água para o turismo e a pesca desportiva.
Este assunto foi o tema central do Dia Aberto do Parque Natural de Montesinho, área protegida que já conta com 36 anos, no passado sábado, assinalado no Posto Aquícola de Castrelos, em Bragança. Este ano passaram 600 visitantes por este fluviário.
Espécies como o bordalo, a panjorca e os bivalves (mexilhões do rio) estão a ser criados em laboratório, fora do seu local de origem, mas podem ser usadas para repovoar os rios da região. “A ideia passa por recuperar os habitats naturais e voltar a reintroduzir as espécies que sempre viveram lá”, explicou Amílcar Teixeira, docente do IPB. Tratam- se de espécies cujo interesse em termos de conservação da natureza “é enorme”, apesar de não terem relevância em termos da gastronomia típica que atrai muitos turistas, por exemplo à Foz do Sabor.
Identificaram-se os problemas e foram propostas medidas de mitigação e reabilitação dos locais. É preciso manter os ecossistemas. Insiste-se numa mensagem específica direcionada aos pescadores para que pratiquem a pesca sem morte: “não é preciso levarem 40 trutas para casa, o melhor é levar uma ou duas para consumir e colocar no rio as restantes 38”.
Dois dos maiores rios da região, o Sabor e o Tua, sofreram mudanças profundas graças à construção de barragens que reduziram “substancialmente” os habitas naturais de várias espécies, referiu o docente que defende que “é preciso salvaguardar os troços acima das albufeiras para recuperar as espécies que sempre existiram e que têm um elevado valor em termos de conservação”.
A Educação Ambiental é outra vertente do projeto, bem patente no Posto Aquícola de Castrelos, onde existe uma truticultura que fornece espécies para a industria, e vários aquários com outros peixes, como a panjorca e bordalo “únicas, pois são endemismos ibéricos”, destacou. Para Amílcar Teixeira o desafio passa por projetar economicamente os sistemas “fabulosos da região” para o turismo, um benefício indireto que pode ser associado à pesca desportiva e à gastronomia.
O diretor do Departamento de Conservação da Natureza do Norte, Rogério Rodrigues, adiantou que estes recursos são geradores importantes para a promoção económica, turística e das economias locais. A truta tem um peso considerável na economia. Só a espécie fario, que existe no Nordeste, chama muitos pescadores. O ICNF entrega por ano mais de 16 mil trutas para aquacultura industrial.

Publicado em 'Mensageiro'.

Sem comentários:

Enviar um comentário