15 março, 2010

IPB aposta na investigação na área da bioenergia

Parque de demonstração de tecnologias de energias renováveis quase concluído
Tornar um espaço de uma das escolas energeticamente independente da rede eléctrica, apostar na produção de biocombustíveis, produzir energia eólica para injectar na rede, tornar os espaço físico das escolas em edifícios energeticamente eficientes, instalar painéis fotovoltaicos são alguns dos objectivos do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e do seu programa que visa a criação de um parque de demonstração de bioenergias. A aposta visa, sobretudo, a investigação numa área tecnológica em desenvolvimento. Recorde-se que este Instituto tem uma licenciatura em Energias Renováveis, criada recentemente. Nesse âmbito foi realizado, no passado dia 12, um seminário sobre biocombustíveis, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTIG). Biachi de Aguiar um dos directores da Unidade de Desenvolvimento de Biocombusteiveis da GALP Energia, orador convidado, referiu que a grande aposta, actualmente, deverá ser na produção de biocombustíveis de segunda geração, ou seja, combustíveis criados a partir biomassa. Ainda sem essa segunda geração, mediante a qual se poderia transformar resíduos vegetais diversos, ou matéria orgânica, num combustível, o IPB investiu, este ano produção de um biocombustível a partir de óleo de colza, uma oleaginosa que, ao contrário da maioria, se adapta bem a climas frios e continentais. Arlindo Almeida, da Escola Superior Agrária, explicou que esse projecto que está ainda numa fase muito inicial. A sementeira da planta foi feita em Setembro e só no próximo Verão se colherá a semente a partir da qual é possível fazer biocombustível. No entanto, Bianchi de Aguiar, referiu que em termos de quantidade, o óleo de girassol, cuja produção deverá avançar para abastecer a GALP na zona do Alqueva, poderá ser mais viável. Na região, considera que só será viável a produção de biocombustíveis de segunda geração.
IPB produz energia

Entretanto, o Instituto continua a apostar fortemente na investigação, através da criação de um parque de demonstração de energias renováveis. Segundo Vicente Leite, vice-director ESTIG, as unidades fotovoltaicas das escolas estão já instaladas ( com capacidade de produção de 15 instalados 15 kWh). Neste momento apenas a da ESTIG está em funcionamento. As restantes deverão começar a produzir nas próximas semanas. Também a curto prazo deverão ser instaladas duas turbinas eólicas nos silos e está em construção uma mini-hídrica junto das instalações da Escola Agrária. O IPB aguarda o equipamento para a criação de uma unidade de biocombustíveis para produzir energia a partir de óleos usados. O espaço para receber esse equipamento já está preparado. No âmbito das experiências tecnológicas em bioenergias, a ESTIG está a montar dois veículos monolugares, um eficiente e outro que funcionará a energia solar. Está ainda a ser electrificado um outro veículo. Durante os próximos dois anos, deverá ser implantado um projecto para alimentar o edifício da biblioteca da ESTIG autonomamente, sem qualquer alimentação externa da rede eléctrica, ou de outra forma de energia. Isso será feito através de energia fotovoltaica. Nesse âmbito, os vidros da biblioteca vão ser substituídos por vidros fotovoltaicos, cuja a instalação deverá ser concluída nos próximos três meses. “Esta unidade vai começar a ser testada ainda este ano em laboratório, com um conjunto de cabos, criando condições similares às da biblioteca, para podermos validar e para evitar problemas de funcionamento”, explicou Vicente Leite. A alimentação energética da biblioteca de modo autónomo irá requerer um sistema de controlo interno para garantir a estabilidade da corrente. Deste modo, e como as energias alternativas podem ser intermitentes, vai também instalar-se um gerador a diesel, para quando tudo falhar. Provavelmente funcionará a bio-combustível produzido na unidade de produção local. A par de tudo isto, está em execução um programa de eficiência energética, nas escolas do campus do IPB. Esta é o programa que absorve mais investimento, cerca de 1,5 milhões de euros. No parque de demonstração de energias renováveis está a ser investido cerca de um milhão de euros. Entretanto foi já instalada energia solar térmica para a produção de água quente nas residências de estudantes, nas cantinas e nos bares. No âmbito deste parque, apenas a energia produzida nos silos, energia eólica, deverá ser injectada na rede. No caso das escolas Agrária, ESTIG e Escola Superior de Educação a energia será para injectar na rede das escolas e será completamente absorvida.
Publicado no 'Mensageiro Notícias'.

1 comentário:

  1. Bragança poderá vir a produzir biodiesel dentro de alguns anos. Nesta altura o Instituto Politécnico está a desenvolver um projecto-piloto para testar a possibilidade de utilizar uma planta na produção de biocombustível.



    “Neste momento há pequenos ensaios de plantas energéticas, como a colza, que pode vir a ter interesse na produção de biodiesel”, diz Arlindo Almeida, professor da Escola Superior Agrária de Bragança. O docente revela que neste projecto está a ser testada uma planta importada de França.

    “O aspecto é semelhante a uma couve mas não é. A maior parte das pessoas não conhece, é muito cultivada na França, Alemanha e Polónia.”

    No entanto, as empresas do sector estão pouco convencidas da possibilidade de Trás-os-Montes poder vir a produzir biodiesel.

    Bianchi de Aguiar, assessor da Galp para os biocombustíveis, defende que o país não tem capacidade de produzir matéria-prima em grande escala.

    “Era muito agradável para mim dizer que sim mas, neste momento, as fontes de óleo vegetal não são produzidos em Portugal. A Galp compra biodiesel para incorporar no gasóleo rodoviário. Todas as empresas compram a matéria prima lá fora”, explica.

    No entanto, este docente da UTAD acredita que, no futuro, Trás-os-Montes poderá ter uma palavra a dizer nos biocombustíveis de segunda geração.

    “Sim, mas estamos a falar de biocombustíveis da primeira geração. Os da segunda geração surgem pela transformação de biomassa em líquido combustível. E o norte tem os próprios detritos de limpeza das florestas e pensamos que será possível transformar isso num líquido. E estamos interessados em ajudar a investigação”, sublinhou.

    Para já, o IPB está a desenvolver um teste com uma planta importada do centro da Europa para tentar produzir biodiesel dentro de alguns anos.

    fonte:Brigantia

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