14 novembro, 2012

Ministro anuncia que as fusões de universidades e politécnicos avançam ainda neste ano lectivo

Nuno Crato quer reorganizar a rede de ensino superior já este ano lectivo e os institutos politécnicos serão os mais afectados. De acordo com o ministro, em 2013 vão encerrar mais cursos e mais instituições terão de avançar para a fusão de serviços, podendo mesmo acontecer que algumas escolas venham a encerrar.
"Temos insistido muito numa real cooperação e coordenação de cursos e serviços nas instituições de ensino superior por todo o País, em particular nos institutos politécnicos", afirmou ontem o ministro da Educação e Ciência durante o debate do OE/2013 para a Educação.
Nuno Crato garantiu ainda que a reorganização da rede de ensino superior - que conta com cerca de 121 instituições públicas e privadas - "não é algo para ser feito daqui a dez anos, é para ser feito este ano lectivo".
Esta pode ser uma das soluções que vai permitir ao Ministério da Educação e Ciência avançar com a reforma do Estado no sector e que vai contribuir para atingir a meta de quatro mil milhões de euros de cortes até 2014, acordada com a ‘troika'.
Nuno Crato salientou a fusão da Universidade Técnica de Lisboa com a Universidade de Lisboa, que está em curso, como "um exemplo do que deve ser a racionalização da rede". Isto porque, disse, esta é uma fusão "que é muito mais do que a junção de duas universidades" e deve ser esta "coordenação da oferta que deve ser feita em todas as instituições".
Uma medida defendida também pelos partidos da maioria que dizem que a reorganização do superior "já vem tarde" e deveria ter sido feita "de forma a evitar os constrangimentos financeiros que atravessamos", como considera o deputado do CDS, Michael Seufert. Também a deputada social-democrata Nilza de Sema defende que "o encerramento de cursos é um primeiro passo para a reorganização da rede, mas não chega e é preciso ir mais além".
Recorde-se que decorre ainda o processo de avaliação e acreditação dos cursos de ensino superior, que já resultou na ordem de encerramento de 107 cursos entre as 420 licenciaturas, mestrados e doutoramentos analisadas pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Além desses, nos últimos três anos foram encerrados outros 1.221 ciclos de estudo. São licenciaturas, mestrados e doutoramentos que foram descontinuados depois de as próprias instituições terem decidido não os submeter à avaliação da A3ES, resultando no seu encerramento. No final de 2008, ano em que arrancou este processo, existiam em Portugal 5.262 cursos registados na Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES).
O presidente da A3ES, Alberto Amaral, diz ao Diário Económico que "ainda há muito por fazer" na racionalização da oferta dos cursos, mas aponta este como o caminho certo da reorganização da rede, alertando para a cautela na hora do encerramento da instituições no interior. Isto porque, defende, "há uma crescente tendência de deslocação dos alunos do interior para o litoral", e o interior, conclui Alberto Amaral, "corre o sério risco de ficar desertificado".
Publicado em 'Económico'.

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