29 maio, 2014

Falta de emprego é travão ao desenvolvimento regional

Semana da Tecnologia e Gestão, na ESTiG, trouxe para análise as oportunidades e desafios para alavancar o desenvolvimento da região

O grande problema de Trás-os-Montes “é a falta de emprego”, afirmou João Braga da Cruz, antigo ministro da Economia e ex-presidente da Comissão de Coordenação Regional do Norte (CCDRN), no Instituto Politécnico de Bragança (IPB), à margem da abertura da Semana da Tecnologia e Gestão, na passada segunda-feira. “Porque haveria mais gente que induziria mais actividade económica”, disse. Perante isto, defende que “face à pressão demográfica e à desertificação são necessárias políticas, porque não se podem deixar morrer os problemas como se o mercado se encarregasse de os resolver”, acrescentou.
Braga da Cruz salientou que as políticas públicas não podem deixar de “ter um olhar especial” para como criar as condições objetivas para estas regiões se desenvolverem. “Também se deve lançar mão para que possa haver emprego e competências, apostando na formação empresarial. A inovação é decisiva. As instituições de ensino superior têm enorme responsabilidade e criar as condições para que isso aconteça”, referiu.
O desenvolvimento regional foi um dos assuntos em destaque naquela actividade. Mas afinal do que se fala quando o assunto é o desenvolvimento regional? Luís Braga da Cruz acredita que é uma conciliação entre duas coisas indispensáveis: “política pública, isto é iniciativa por parte do governo que tem de ser sensível às áreas mais deprimidas do país, pois têm tendência a ficar sem pessoas, e, por outro lado, dar estímulo aos agentes económicos para poderem atuar. Ora para isto é necessário haver competências, equipamentos, infraestruturas e acima de tudo valorizar a função empresarial”, justificou.

Centro de valorização de frutos secos vem para Bragança
O IPB tem vindo a destacar- se no trabalho em prol da região. Nesta altura está a trabalhar com as outras instituições de ensino superior transmontanas, a UTAD e o Instituto Piaget, para que o Centro de Competências na área dos Frutos Secos de Trás-os-Montes seja instalado no Brigantia Ecoparque, em Bragança, um equipamento que já está na reta final de conclusão. A castanha, a amêndoa e outros frutos são considerados essenciais. Já existem várias empresas que de dedicam a este sector. “Vai ter um papel muito importante para valorizar os produtos endógenos. Terá ainda que haver uma aposta no sector secundário, uma vez que o interior começa a ter alguma atratividade para captar capital externo. Instalar sector secundário que possa introduzir mais mão de obra intensiva”, explicou o presidente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Sobrinho Teixeira.
A instituição de ensino é parceira da câmara de Bragança na criação do parque de ciência e tecnologia, onde ficarão alojadas várias empresas nacionais e internacionais de base tecnológica. O presidente do IPB acredita que o parque pode vir a ajudar a fixar população na região. “Pode ajudar a evolução da demografia. Estamos a trabalhar na forma como podemos captar investimento para a região e o EcoParque”, acrescentou. Para já não quis revelar quantas empresas estão certas para se instalarem no parque de ciência e tecnologia. A Semana da Tecnologia e Gestão serviu para discutir a forma como a ciência e a tecnologia podem contribuir para o desenvolvimento regional. “Em aspetos que pode ser filosófica e prática”, referiu Sobrinho Teixeira.
Mariano Gago, ex-ministro da Ciência e Tecnologia, deu como exemplo da ciência aliada ao desenvolvimento regional a instalação do IPB em Bragança. “Há umas décadas era uma esperança e hoje é um centro muito importante de competências científicas que acabaram por atrair um número muito inesperado de estudantes que vêm de outras regiões”, destacou. Salientou ainda o facto de a instituição ter várias centenas de funcionários e de docentes. “Estabeleceu uma rede de contactos privilegiados na região Norte, no país e no estrangeiro. A internacionalização acentuou-se muito nos últimos anos. É um dos principais capitais para o desenvolvimento da região”, afirmou Mariano Gago, que acredita o IPB enquanto instituição, reuniu capacidades profissionais em quantidade e qualidade suficientes. “Estou muito optimista relativamente ao futuro que pode vir deste capital aqui investido”, realçou.

Publicado em 'Mensageiro'.

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