24 novembro, 2006

Agricultura subsidiada ao abandono

Teresa Batista
Director regional de Agricultura critica excesso de tractores existentes em Trás-os-Montes
“A região de Trás-os-Montes foi a que registou o maior número de jovens agricultores por ano, mas muitas das explorações ficaram ao abandono e o resultado final foi um apartamento na zona do Porto e um carro”.

Quem o diz é o próprio director regional de Agricultura de Trás-os-Montes, Carlos Guerra, que interveio no colóquio “Políticas para o Interior Norte – Horizonte 2015”, que decorreu na passada quinta-feira, em Bragança.
Outro exemplo da má aplicação dos fundos comunitários no sector agrícola é o número de tractores que foram financiados pelo programa Agris.

“Na região há 35 mil tractores, o que corresponde a uma máquina por duas explorações agrícolas. Nalgumas aldeias há mais tractores do que explorações, pois parte do Agris foi uma distribuição de tractores. Esta foi uma boa maneira de gastar o dinheiro?”, questionou o director regional de Agricultura, acrescentando que “há tractores a mais”.
Atendendo às circunstâncias, Carlos Guerra considera necessário repensar a agricultura, pelo que o apoio a projectos agrícolas no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) vai obedecer a novas regras.

Autarcas transmontanos defendem apoios prioritários para os sectores do vinho e do azeite
A partir do próximo ano, só os planos para o desenvolvimento da agricultura que demonstrarem sustentabilidade vão receber a totalidade das ajudas.
Por isso, no plano agrícola, o QREN vai dar prioridade às micro-empresas, como por exemplo as cozinhas tradicionais, para aumentarem a competitividade no mercado.
Carlos Guerra salientou, ainda, que, a partir do próximo ano, os projectos para o desenvolvimento do Mundo Rural vão ter uma decisão a nível regional. Por isso, considera fundamental ouvir os agricultores para definir o que é importante para manter o Mundo Rural vivo.
Durante o debate, organizado pela CoraNE, em parceria com a Comissão de Coordenação da Região Norte, Instituto Politécnico de Bragança e Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes, também foi manifestada alguma apreensão relativamente às prioridades que são apresentadas no Plano de Desenvolvimento para a zona Norte. No que toca ao reforço da competitividade, o documento destaca as indústrias tradicionais ligadas ao sector têxtil e ao calçado.
Para contrariar os anteriores mecanismos de apoio, em que a maioria dos fundos ficaram no litoral, os autarcas transmontanos salientam que é fundamental apoiar os sectores que contribuem para o desenvolvimento da região, nomeadamente o vinho e o azeite.
Publicado no jornal 'Jornal Nordeste' de 21 de Novembro.

Sem comentários:

Enviar um comentário