25 novembro, 2006

Cientistas portugueses estudam potencialidades das plantas aromáticas e medicinais


Helena Geraldes

Encontro em Beja reuniu investigadores que trabalham em torno da flora portuguesa
Consideradas autênticas fábricas químicas ou a mais natural panaceia para os males do mundo, as plantas aromáticas e medicinais passaram a ombreira da ruralidade e entraram nos laboratórios à conquista da ciência. Ontem, em Beja, os cientistas portugueses que as estudam reuniram-se para falaram de coisas como testes dos efeitos de plantas tradicionais contra doenças como a sida ou a malária.
Quem trabalha com plantas aromáticas e medicinais garante que o interesse é crescente. "Hoje as pessoas vivem mais e tentam ser saudáveis durante mais tempo", diz Luís Carvalho, do Museu Botânico da Escola Superior Agrária de Beja e organizador do seminário Plantas aromáticas e medicinais - sua utilização e conservação.
A iniciativa, que contou com 220 pessoas, viu-se limitada pela capacidade do auditório do Instituto Politécnico de Beja. "Há pessoas que têm algo para contar e há muitas que querem ouvir."
Murta, coentro, oregão, hortelã, tomilho, lavandula, louro, junipero, dedaleira são algumas das 600 plantas aromáticas e medicinais da flora portuguesa, uma das mais ricas da Europa. "Servem para tudo", diz Luís Carvalho. Talvez por isso, muitas vezes são colhidas descontroladamente. "Qualquer pessoa pode ir ao campo apanhar plantas e vendê-las."

Aposta no cultivo
Ana Maria Barata trabalha no Banco Português de Germoplasma Vegetal, em Braga, e foi uma das convidadas a ir a Beja contar o que sabe. Para evitar a erosão genética, defende uma maior aposta no cultivo. "Nos próximos anos, os colectores (pessoas que vão buscar as plantas à natureza) deveriam passar a colher cada vez menos plantas silvestres e a produzir mais. É um processo de domesticação das espécies que queremos trazer para a agricultura."
A procura não é recente. Da alimentação, como condimento ou meio de conservação, até à cosmética, a utilização destas plantas foi tentando novos campos e hoje mergulhou nos spa, pela mão da aromaterapia.
São autênticas fábricas químicas, especializadas pela evolução natural. "As plantas não podem fugir dos animais. A sua única defesa é a guerra química", evidencia Luís Carvalho.

Medicamentos de origem vegetal
Mas as mesmas propriedades químicas que afastam predadores são bem vindas na medicina. "Entre 70 a 80 por cento da população mundial só utiliza plantas medicinais nos cuidados de saúde primários", salienta Olga Silva, professora auxiliar da Faculdade de Farmácia de Lisboa, citando a ONU. "E 28 por cento dos medicamentos no mercado são produzidos a partir de fonte vegetal".
Olga Silva fala da actividade de espécies da flora europeia nos sistemas cardiovascular, digestivo, imunitário e nervoso. "Existem plantas medicinais quase para tudo", comenta a investigadora, que tem a aguardar luz verde um projecto para estudar a actividade das plantas no HIV. Em Moçambique, deverá ser estudado o seu contributo no tratamento da malária e tuberculose.
"As plantas usadas para fins comerciais não são espontâneas. A matéria-prima tem de ser padronizada, para garantir qualidade, segurança e eficácia", explica Olga Silva. Há laboratórios farmacêuticos que têm os seus campos de cultivo; outros compram a produtores licenciados. "As Nações Unidas e a União Europeia têm normas claras de cultivo e de utilização de pesticidas."
A transposição destas plantas para medicamentos "exige a definição de critérios de qualidade botânica, química e de segurança." No entanto, lembra, ainda há quem consuma tisanas de plantas recolhidas na natureza, de forma descontrolada. Há muita investigação, mas lamenta que a indústria não esteja motivada: "Tem receio de investir em algo que não se sabe se vai ter resultados. Mas nós, investigadores, podemos ir ao encontro da indústria e das suas necessidades."
No Banco de Germoplasma Vegetal, a primeira investigação sobre plantas aromáticas e medicinais começou em 1993, com o alho, para problemas de imunidade ou cardiovasculares. Em 2001, foi a vez das plantas aromáticas.
Mas ainda há muito espaço para descobrir do que são capazes. Luís Carvalho diz que são uma espécie de "eterno retorno: umas caixinhas que, de cada vez que regressamos a elas, mostram coisas maravilhosas".

Publicado no jornal 'Público' de hoje.

3 comentários:

  1. Aos 'postadores' de serviço:
    Se querem ter alguma visibilidade na 'blogosfera', tirem também alguma coisa da cabeça, e não se limitem a transcrever artigos publicados na imprensa ou na 'net' sem acrescentar a mais mínima opinião ou comentário da vossa parte como têm vindo a fazer!
    Para isso mais vale consultar directamente a fonte das notícias, que qualquer 'blogger' tem devidamente 'linkadas' no seu próprio 'blog'!
    Para além disso, parece-me [a mim] essencial que estabeleçam níveis mínimos relativamente ao interesse, qualidade e oportunidade dos assuntos focados em cada um dos 'posts' publicados.
    Como [muito MAU] exemplo, o facto de a recente transcrição [sem qualquer comentário vosso] do artigo publicado no 'Jornal Nordeste' da autoria de um Cepeda qualquer, para além do interesse mais que duvidoso para ser incluído no 'blog' de uma entidade como o IPB [de quem seria de esperar bem mais do que isso], estar já há vários dias no dito jornal à disposição de qualquer um!
    Assim não vão lá...

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  2. O post sobre a Aveleda parece a redacção de um puto da escola primária! Tanta asneira!
    Tem razão a 'víbora'! Não são merdas que se espere ver publicadas num blog ligado ao IPB.

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  3. o que eu estava procurando, obrigado

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